Page 55 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983

Jean de Csiky
‘ ‘ S e m p r e s s ã o
Falando sobre o tema “Continuidade de
Produção das Pequenas e Médias Empre­
sas”, Jean de Csiky, da Fonemat, analisou a
situação das PMEs e ofereceu uma série de
sugestões, entre as quais uma ação polí tica no
âmbito do Governo Federal, Congresso e jun­
to à opinião pública, complementada com
ações práticas exequíveis a nível do Ministé­
rio das Comunicações, Telebrás e das pró­
prias indústrias.
"A situação é reconhecidamente grave —
alertou Jean de Csiky —, mas a melhoria e o
reerguimento não depende de nós empresá­
rios nem de nosso principal e virtualmente
único cliente, o Sistema Telebrás. Vou além:
não depende nem do Ministério das Comu­
nicações, mas sim de um órgão do Governo
Federal que tomou para si, na sua atitude cen­
tralizadora, autocrática, a responsabilidade
de legislar, julgar e impor decisões numa área
de importância vital do progresso da nação,
sem mesmo conhecer o assunto com suficien­
te profundidade”.
E mais adiante ressalvou o palestrante:
‘‘Por outro lado não podemos pôr 100% da
julpa de nossa situação nas ombros do Minis­
tro Delfim Neto. Há muito que se pode fazer
dos fornecedores frente às tarefas e reava­
liar a reserva por ocasião das mudanças tec­
nológicas.
Para ele, a competição é salutar desde que
traga como vantagens: baixos custos; inova­
ção tecnológica; atraia compradores e melho­
re a qualidade dos produtos.
Palha Neto acha que é inócuo discutir so­
bre o que é multinacional, empresa naciona­
lizada ou genuinamente nacional. O impor­
tante é a indústria ter aqui o seu parque e
manter a decisão sobre sua produção e sua
estratégia industrial.
Finalizando sua palestra, o Diretor de
Operações da Telemig disse que “existem di­
ficuldades em decorrência da crise que o país
atravessa, mas nós não acreditamos que pos­
samos resolver essas dificuldades através de
uma divisão de mercado que poderá bene­
ficiar umas e prejudicar outras empresas. Eu
acho que todos gostariam de uma divisão de
mercado mais justa”. E perguntou:
“Como garantir que vai haver justiça? De
que forma fazer essa divisão?”.
Para Palha Neto, as dificuldades que atra­
vessa todo o parque industrial do país, não
só o setor de TCs, é preocupante. E acres­
centou:
“Não gostaríamos de ver acontecer aqui
o que aconteceu em países vizinhos, princi­
palmente no setor de alta tecnologia, que é
o caso das telecomunicações, pois seria mui­
to difícil a recuperação, caso essa crise nos
levasse a situações mais difíceis do que es­
tas que hoje atravessamos”.
n ã o h á s o l u
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ca e de informação para lutar pela liberação
dos investimentos do setor; ação de emergên­
cia através do Minicom/Telebrás, com a libe­
ração de verbas destinadas às PM Es; progra­
mação eficiente de encomendas do Sistema
Telebrás; atualização semestral; defesa da
importação dos insumos essenciais (Segun­
do Csiky, a paralisação de apenas 1% de insu-
mo importado pode prejudicar 99% da pro­
dução nacional); usaroóeicom como instru­
mento de ajuda junto às autoridades compe­
tentes; evitar pulverizar o mercado e a concor­
rência predatória; não ampliar o número dos
participantes, além dos que já existem; fusão
de pequenas e médias empresas com o obje­
tivo de sobrevivência.
Por fim, disse o diretor da Fonemat que a
indústria se oferece para participar de um
grupo executivo de planejamento com a Te­
lebrás e suas concessionárias e que o setor de­
ve fazer pressão em diversos níveis da socie­
dade. E concluiu:
“Sei que minhas sugestões são incomple­
“ 1 situação é ivconhecidamcnte graie aler­ tas, mas mesmo assim espero que eu esteja
tou Jean de Csiky, da Fonemat. contribuindo para que o setor de telecomuni­
cações possa emergir breve do crítico estágio
em que se encontra”. t
para aumentar a eficiência da inter-relação
Telebrás-Indústrias e, através de medidas es­
pecíficas, e, às vezes, até extraordinárias, con­
seguirmos as verbas existentes, magras, nu­
ma distribuição mais equitativa, mais racio­ Continuidade de produção das
pequenas e médias empresas
nal e com antecipações onde for viável, con­
tribuindo, assim, para a meta de alcançar a
continuidade na produção das indústrias de Comportamento típico de uma empresa do segmento apare
telecomunicações”. telefônico/equipamentos para rede externa/componentes
Por diversos critérios, o diretor da Fone­
mat mostrou que as pequenas e médias em­
presas são da ordem de dois terço do total de
91 fornecedores do Sistema Telebrás (inclui
empresas de até 500 empregados, aproxima­
damente) e que seu faturamento e suas enco­
mendas vêm caindo assustadoramente.
Jean de Csiky disse que o principal obje­
tivo a alcançar é um mercado livre, saudável,
crescente e sem os artificialismos econômi­
cos governamentais. Para ele, as maiores di­
ficuldades das pequenas e médias empresas
de TCs, no momento, são causadas pelo limi­
te dos investimentos impostos às operadoras
pelo Governo; dificuldade de importação e
pouco apoio da Telebrás; programação inade-
* quada do STB; ampliação do quadro de for­
necedores em ocasião de demanda escassa;
lentidão do processo decisório: Minicom, Te­
lebrás e suas concessionárias; falta de apoio
polí tico coerente para as pequenas e médias
empresas; indefinição nas contratações de
longo e médio prazo, refletindo-se em fluta-
çòes nos fluxos financeiros das empresas; e
excesso de zelo na penalização dos fornece­
dores, quando estes atrasam as encomendas.
Para a solução dos problemas, Jean de
Csiky deu as seguintes sugestões:
— criação de um grupo de pressão políti­