Page 15 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983

J.C. Fonseca

0 engenheiro Nicholas Lionel Brooking,

Para centenas de m otoristas do Cepel, explicou que, desde 78, as cida­

cariocas, que diariam ente transi­ des paulistas de Americana e São José do

tam pela Ladeira do Leme em di­ Rio Preto experimentaram nos seus siste­
mas de energia elétrica as primeiras fibras
reção à Copacabana, no Rio de do tipo degrau desenvolvidas pela Telebrás,

Janeiro, nada terá m udado, m as mas que “estão lá prestando serviço até o

por baixo do solo um pequeno dia de hoje”. Mais recentemente, em julho

cabo verde, am arelo? branco e deste ano, a Cia. Elétrica de Furnas insta­

azul (as cores de nossa bandeira) lou, em Jacarépaguá, um sistema de fibras

estará conduzindo um pincel de que está operando em paralelo com o sis­

luz e dando uma contribuição si­ tema tradicional.

lenciosa para que o tradicional Uma boa oportunidade foi perdida na

bairro tenha um sistem a de ener­ concorrência de sistema de corrente contí­
nua de Itaipu, ocasião em que as fibras óp­
gia elétrica ainda m ais confiável. ticas brasileiras não conseguiram se quali­

ficar, um fato hoje considerado superado.

Cedric D’ Sá Mas as vantagens da nova tecnologia

Numa experiência pioneira, a Light Ser­ são tão evidentes que seu futuro está ga­

viços de Eletricidade, em adição ao cabo pi­ rantido. Como disse Brooking, “a capaci­

loto tradicional que corre paralelo com os dade de comunicação da fibra é tão gran­

alimentadores de alta tensão de 138 mil de que seu emprego equivale a matar uma

volts entre as subestações do Leme e Bo­ mosca com um tiro de canhão.

tafogo, instalou um conjunto de quatro fi­ Como se fabrica

bras ópticas desenvolvidas pelo CPqD da

Telebrás. 0 engenheiro Cedric D’Sá, da Francisco Smolka, do CPqD, deu na oca­

Light, demonstrou-se entusiasmado com a sião uma verdadeira aula aos participantes

aplicação das fibras em sistemas de comu­ sobre fibras ópticas, explicando que estas

nicação para energia elétrica, onde irão são fabricadas partindo de um cilindro ôco

substituir numa solução elegante os cabos de silício de cerca de um metro e meio por

pilotos tradicionais. Estes cabos com arma­ 20 centimentros de diâmetro. O silício é um

ção de aço servem para comunicações e si­ material abundante na natureza, bem mais

nalização entre subestações e costumam do que o cobre, sendo seu maior problema

apresentar ruídos induzidos pela proximi­ a obtenção do denominado silício dc grau

dade da alta tensão, o que já não acontece eletrônico, que é de extrema pureza Os tra­

com as comunicações ópticas. dicionais produtores de quartzo são o Bra­

Nicholas Lionel Brooking sil e mais recentemente Moçambique e Ma­

Cooperação entre setores dagascar. No entanto, o insumo para a fa­

bricação da fibra, no processo em uso pelo
A instalação efetuada pela Light com a

presença do CPqD da Telebrás foi acompa­ CPqD, é adquirido da Alemanha, num dos

nhada por representantes da Eletrobrás, poucos fabricantes, senão o único existen­
te, desse material.
Eletropaulo, Fumas, Hidroservice, Telerj e O processo de fabricação consiste em in­

da Telebrasil entre outros, como parte da jetar gases com dopantes (Germânio e Bo­

reunião coordenada por Jorge Leal Frias, ro) num cilindro que é aquecido a mais de

da Light, da Comissão n.° 35 - Seção Brasi­ mil graus centígrados, o que irá formar um

leira, do Cigré, que é um organismo inter­ núcleo de vidro com índice de refração di­

nacional, com sede em Paris, especializa­ ferente daquele da periferia, condição es­

do em redes de alta tensão. sencial da fibra óptica. Posteriormente o ci­

A experiência, que bem demonstra a lindro é comprimido e tem-se a fibra. Sa­

cooperação existente entre os setores de ber fazer fibras, disse Smolka, “é entender

energia e das telecomunicações, é fruto de de tudo sobre vidro e de sua fabricação -

um convênio nascido, em 76, entre Telebrás o que poucos no mundo sabem fazer”.

e Eletrobrás, representadas pelo CPqD de Outro dispositivo importado é o contro­

Campinas - que desenvolveu as fibras - e lador para a injeção dos gases e que pos­

o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica suem sensores sofisticados, mas quanto ao

da Eletrobrás - Cepel, que gerou os trans­ Francisco Smolka resto tudo é brasileiro. O CPqD já mostrou t

dutores eletro-ópticos.