Page 18 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983
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n é g o c ie s
SEST
CABOS
P i r e l l i
M ais 50
Realismo interno bilhões para investir
e exportação
Um dos pontos que mais vem perturban
O mercado brasileiro de cabos está cober do a indústria de telecomunicações, princi
to por 8 fabricantes, detendo a Pirelli cerca palmente as denominadas PMEs (pequenas
de 40% do conjunto. A parcela de cabos pa e médias empresas), é o da limitação imposta
ra energia, telecomunicações e aplicações in aos investimentos das estatais pelo governo,
dustriais representam algo com 40% do fa como uma medida geral deflacionária da
turamento da Pirelli. O mercado para cabos economia.
de energia, nunca passou por uma fase tào Como disse Fernando Vieira de Souza, *
difícil quanto a deste ano, devido depender diretor para assuntos industriais da Tele
em grande parte do investimento estatal. Os brás". o problema da limitação nos investi
cabos para telecomunicações sofreram um
pouco menos visto que já vinham apresen mentos é generalizado e até que nosso setor
tando' um declínio e hoje constituem cerca foi um dos menos afetados em relação a ou
de 10% do faturamento da Pirelli. tros em situação semelhante. O tribunal de
"As somas do mercado interno e das ex Contas da Uniào-TCU vê estes limites como
portações dão um volume de saturação de intransponíveis, o que promove uma natural
cerca de 50% da capacidade fabril existen cautela dos dirigentes das operadoras e uma
te para cabos de telecomunicações”. Estas in Benjamim Zcckcr, da Pirelli retração das compras do sistema Telebrás”.
formações são de Renjamin Zecker, da Pirel Quase ao mesmo tempo em que Vieira de
li. por ocasião da realização do 7? I )ebate Te Supermagnetos Souza declarava à Telebrasil “que era mui
lebrasil realizado em S. André. Os cabos já to provável que o teto de investimentos, pa
estão bastante nacionalizados e poucos ma A Pirelli se preocupa inclusive com o de ra 83, seria elevado em CrS 80 bilhões”, o
teriais (como papel para isolamento) depen senvolvimento local de novos produtos, além presidente da Telebrás era informado, por
dem de importação. Esta, nas circunstâncias de fibra óptica. E o caso dos condutores de
atuais, apresenta uma certa dificuldade. nióbio-estanho (meio a meio) com periferia
Os componentes básicos para cabos: fi de cobre, que encontram aplicações onde se
ta de alumínio politenada, polietileno para a deseja altas correntes, com baixas perdas. CAPITAL
capa e cobre para os condutores são todos de Como explica José Chadad, gerente de En
fabricação local, ainda que o custo do cobre, genharia de Metais, o novo cabo imerso em
que varia entre 1 e 1.2 mil libras por tonela hélio líquido atinge, em condições criogéni-
das, seja um pouco mais alto quando adqui cas (isto é, a temperaturas extremamente I r a s i l i n v e s t
rido no país. "De certa maneira estamos pa baixas), o estadt > de supcrcondut ividade (re
gando um subsídio para a implantação da sistência elétrica próxima de zero). Sua apli
Caraíba Metais” - acrescentou Zecker. cação é em magnetos extremamente possan Presen te aonde
tes que possibilitam em medicina o apareci
Fibras Ópticas mento do equipamento MMR, que já subs há oportunidades
titui com vantagens os Raios-X, em hospitais
Para o executivo da Pirelli "a empresa es americanos. Até o fim do ano, a Pirelli deve
tá consciente que a fibra óptica passará a rá ter firmado um acordo técnico com a Uni- Jovial e bem disposto. Sebastião Alpha,
substituir os cabos telefónicos, a curto pra camp relativo ao estudo de supermagnetos. ex-presidente da Telebahia, em rápida entre
zo, e não poderia ficar fora do mercado”. 1 lá vista por ocasião do 7? Debate Telebrasil, vai
cinco anos foi tomada a decisão de instalar, Realism o revelando as suas mais novas responsabilida
no Brasil, uma linha de fibra óptica com tec des: presidente da Brasilinvest TCs e Infor
nologia desenvolvida na própria empresa. Na opinião de Renjamin Zecker, lamen mática e vice-presidente da NEC do Rrasil.
“Estamos preparados para fabricar a fibra tar-se pouco adianta. “O importante é encon Falou também sobre o empresário Mário
e nosso equipamento é 70% de fabricação trarmos juntos uma maneira de sustentação Garnero, que é presidente do Conselho de Ad-
nacional”, afirmou Zecker. no mercado interno com esforço razoável pa ministraçào da primeira e presidente da se
Quanto a divisão de mercado, a Pirelli es gunda empresa.
tá autorizada a produzir cabos empregando ra exportar de 20 a 25% da produção”. O so — O Brasilinvest é um banco de negócios:
a fibra desenvolvida pelo CPqD e já está in matório de ambas as coisas auxiliará a pas empresta dinheiro e participa dos riscos do?-
clusive produzindo os primeiros cabos para sar esta fase mais aguda da crise. empreendimentos de maneira temporária ou
O setor de telecomunicações é um dos
a própria Telebrás. Para o futuro, a empre a mais longo prazo. O banco vai aonde estão
sa utilizará a fibra produzida pelo grupo poucos que tem mais condições para suplan as oportunidades. No caso das TCs e da infor
ABC, que foi escolhido pela Telebrás, para tar esta fase "se houver compreensão” que mática — assegura Alpha — o investimento
durante 5 anos fornecer este insumo para a Telebrás atenderá a uma demanda compa será a longo prazo.
aplicações em cabos de telecomunicações. tível com a situação geral do país e que nos Na NEC do Brasil, Sebastião Alpha de
Observou Zecker que a aplicação da fibra resta “capacidade para colocar produtos no tém a responsabilidade da área comercial que
em telecomunicações representa cerca de mercado externo”. Em resumo: no momen cobre os mercados público e privado, a área
50% do mercado. Em cabos para aplicações to o melhor é encarar a situação com realis tecnológica e a parte de exportação. A NEC
outras que as do sistema Telebrás, a Pirelli mo, verificando as possibilidades da deman possui instalações em (marulhos, SP, e imo-
deverá lançar mão de fibras produzidas in da interna e procurar o resto do faturamen *
ternamente pela própria empresa. to no mercado externo.
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