Page 32 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1982
P. 32
al” , à base de microprocessadores, com a Para contornar tais dificuldades, foram
intenção de oferecer ao público, basica desenvolvidas expressões "taquigráfi-
mente, um instrumento de lazer e di cas”, as quais, de forma ainda que gros
versão. seira, traduziam as instruções numéri
Na realidade, o público não respon cas, uma a uma. Estes "montadores”
deu como esperado e a venda de "perso- (assemblers) não passavam de substi
nal computers” ficou muito aquém das tutos nonemônicos dos longos códigos
previsões; o preço era, para um simples numéricos da linguagem própria da má
brinquedo, demasiado alto. quina. Infelizmente, cada tipo de com
Paralelamente, a potência dos micro putador exigia seu próprio assembler,
processadores cresceu, sua programa construído sob medida.
ção se tornou mais acessível e o preço No final da década de 50, com o ad
prosseguiu em sua tendência de baixa. vento de computadores mais velozes e
Subitamente, os "computadores pesso mais potentes, tornou-se possível o de
ais" passaram a ser adquiridos em senvolvimento de linguagens de progra
quantidades inesperadas, não mais por mação de uso mais fácil.
pais de família voltados para a posse de Três das assim chamadas "lingua
um instrumento de lazer, mas por pro gens de alto nível” surgiram naquela
fissionais autónomos e pequenos comer época — Fortran, Cobol e Algol. Apren
ciantes, que passaram a utilizar as má der a programar, a partir daí, tornou-se
quinas como instrumentos de seu traba uma simples questão de dominar o sig
lho diário. nificado de cada uma das expressões em
Os pequenos equipam entos per língua inglesa (em número limitado) a
Os pequenos equipamentos perderam a fei deram, então, a feição de objetos de lazer que correspondiam as operações lógicas
ção de objetos de lazer para assumirem a fei inconseqüente para assumirem confi e m atem áticas do computador. Ade
ção de auxiliares da vida profissional e do
m éstica: acima sistem a 700 produzido no guração mais robusta, em software e mais, pelo menos em teoria, um progra
Brasil. hardware, para o atendimento das exi ma escrito em linguagem de alto nível
gências deste mercado surgente. poderia ser aceito e executado por outra
pelos terminais de vídeo-teclado, unida
des ao mesmo tempo de entrada e de saí
da. Entre as unidades de saída, a im AS CINCO ÁREAS DE APLICAÇÃO DO COMPUTADOR
pressora é o equipamento mais usual,
Computação Numérica:
geralmente associada a terminais re
— executa algoritm os utilizando estruturas de dados transientes.
motos. Gerenciamento de Dados:
Ao mesmo tempo em que a tecnologia
— estrutura de dados não transientes com organização que evoluí no tem po.
permitia a construção de computadores
Aplicações "Embutidas":
cada vez maiores, surgia toda uma fa — operação de um sistem a hospedeiro; requer resposta em tem po real e gerenciamento
mília de sistemas de pequeno porte, os de dados coletados.
minicomputadores, cuja potência, no Inteligência Artificial:
entanto, em breve ascendia a níveis que — processo autom ático de decisão com representação, m anipulação e resolução de pro
os confundiam com os computadores de blemas relativos a universo de discurso específico.
grande porte. No extremo inferior da es Programação de Sistemas:
cala. os microprocessadores, de início li — aplicações básicas ou operacionais que provèem à infra-estrutura para o desenvolvi
m ento das dem ais aplicações.
mitados e despretenciosos, logo inva
diam a área de domínio dos minicompu Fig. 2 — Ainda que a computação numérica seja a mais conhecida por suas aplicações geren
tadores, assumindo aplicações e tarefas ciais, existem outras áreas em que o computador pode ser empregado.
inicia4mente privativas destes últimos.
Hoje, as distinções são difíceis, não ha
vendo fronteiras nítidas entre as três Os progressos em hardware sur máquina, diversa daquela para a qual
concepções. giram mais rapidamente que em soft fora escrito. Para tanto, os computa
Avanços tecnológicos como o proces ware (hardware é a "ferragem” do dores deveriam contar com tradutores
sador contido em um úriico "chip”, as computador; software, em contraposi internos, denominados "compiladores”,
memórias exclusivamente destinadas à ção, é o componente intangível, formado para gerar os correspondentes códigos
leitura e não à gravação (ROM), as me pelos sistemas operacionais e os progra em linguagem de máquina, a partir das
mórias de acesso aleatório (RAM), ba mas de aplicação). Quase que se poderia palavras e expressões inglesas utiliza
seadas em procedimentos de integração dizer que uma geração de computadores das pelo programador.
em larga escala, a microprogramaçáo, é substituída por outra, mais avançada, A partir do início da década de 60, os
pequenas unidades periféricas, como o antes que se tenha podido utilizar ple peritos em softw are porfiam em desen
disco flexível e a fita "cassete”, etc., le namente suas potencialidades, precisa volver linguagens de nível sempre mais
vam à redução progressiva nos custos do mente pela falta de software capaz de elevado, tendo como objetivo último a
equipamento e trazem consigo o vigoro explorá-las até o limite. possibilidade de comunicação com o
so estímulo ao uso de minicomputadores Há cerca de 25 anos, o programador computador através da linguagem co
e microprocessadores. era forçado a utilizar codificação nu mum, o que facultaria ao leigo progra
A indústria de computadores, há al mérica para se comunicar com o compu mar sem necessidade de treinamento
guns anos, lançou o "computador pesso- tador, num processo lento e tedioso prévio. TT