Page 36 - Telebrasil - Julho/Agosto 1981

A importância do
s o f t w a r e nacional
A Assespro-RJ — Associação de Em­
presas de Serviços de Processamento
de Dados do Rio de Janeiro deseja es­
tender o modelo adotado no Brasil
(reserva de mercado) para a área de
computadores (hardw are) ao setor de
prestação de serviços e softw are (siste­
mas e programas).
O presidente da entidade explicou que
"o primeiro passo é não permitir a en­
trada de novas multinacionais".
O presidente da Assespro argumenta
que a política nacional de informática
deve tratar harmonicamente os três
segmentos básicos da Informática —
pessoal, softw are (programas, siste­
mas, serviços) e hardw are — o que não
acontece. A fabricação de computa­
dores (hardware) tem tido, até aqui, a
primazia.
O Jornal do Brasil, no entanto, co­
menta em editorial que "O softw are
nada mais é do que a livre criação, exer­
cida até em escala individual, porque
fepresenta o programa de trabalho dos
computadores. A criação do preten­
dido "registro nacional" é uma abu­
siva, desnecessária e contraproducente
intervenção governamental na própria
liberdade de trabalho..."
O pinião da SEI
— Hoje, diz Gennari, todo softw are éf do tipo "usuário final", que permitem a
comercializado livremente no país.
Aparentemente, há uma vantagem,
como o comércio livre do softw are, mas
o que se nota é que a grande maioria do
softw are importado não está legali­
zado, isto é, a remessa de divisas que
certamente deve haver; No entender
de técnicos da SEI — órgão ligado ao
Conselho de Segurança Nacional — é
preciso regulamentar a matéria, o que
Vservirá não só para legalizar a entrada
de softw are, com a saída de divisas,
como também para proteger o mercado
de trabalho brasileiro, uma vez que o
Brasil já dispõe de técnicos que podem
desenvolver programas no país.
Segurança nacional pode
alterar prioridade
do setor eletrônico
Em geral, os economistas, segundo o
presidente da Digibrás, Paulo Cotrim
Neto, analisam a informática num qua­
dro conceituai, e com instrumentos de
análise que levam em conta somente o
aspecto de curto prazo. "Nem por isso,
devemos desanimar, pois devemos di­
fundir as idéias do seu papel estraté­
gico, prioritário e fundamental para o
desenvolvim ento da econom ia do
país", afirmou.
Chamou a atenção para o fato de que, de
um modo geral, os economistas no país
ainda consideram a tecnologia de infor­
mação um fator exógeno. E por aí se
explica a inexistência ainda de uma
consciência mais profunda e consoli­
dada sobre a sua inadiável prioridade.
Já para o diretor industrial da Sharp,
Paulo Aratangy, o setor deve ser visto
também do ponto de vista estratégico:
"No caso da indústria eletrônica, a im­
portância que vêm assumindo as tele­
comunicações e a informática, afetando
inclusive o conceito de soberania e de
segurança nacionais, pode alterar ex­
pressivamente a prioridade do setor.
Além disso, tudo indica que, no futuro
próximo, a eletrônica estará infiltrada
em praticamente todas as atividades do
homem".
(Fonte: Digibrás Noticias)
IBM expõe
teleprocessamento
Durante o 111 Congresso Regional de
Informática de Fortaleza, a IBM expôs
um sistema de teleprocessamento com
conexão, via Embratel, a um computa­
dor IBM/130 instalado no centro de
computação do Rio de Janeiro. A em­
presa mostrou, ainda, equipamentos
utilização do computador por pessoal
não especializado.
Surge a Telematic
A SEI aprovou o projeto de computa­
dores de grande porte a serem fabrica­
dos pela Telematic S.A., empresa com
controle nacional e constituída por Uni-
pec S.A. e Honeywell Buli do Brasil
S.A.
A Unipec — União de Indústria de Pro­
dutos Eletrônicos e de Comunicações
— é formada pela associação do Bra-
silinvest e do Grupo Pereira Lopes, e
deterá 60% do capital social da empresa
Telematic S.A. A Unipec também con­
trola a Standard Eléctrica S.A.
A Honeywell Bull do Brasil, que deterá
40% do capital social da empresa Tele­
matic S.A ., opera no país há mais de 21
anos e incorporará ao projeto os recur­
sos operacionais e a estrutura de distri­
buição já existentes no Brasil.
As primeiras unidades centrais de com­
putadores a serem fabricados em Ita-
jubá pela empresa Telematic S.A. —
modelo TI — que serão comercializa­
das a partir deste ano, dispõem atual­
mente de memória central de 2 a 4 me­
gabytes. Esse modelo poderá suportar
aplicações em larga escala que incluam
processamentos simultâneos de trata­
mento por lotes, interativo, tempo
compartilhado, administração de rede
de minicomputadores satélites e pro­
cessamento distribuído. Os modelos
T2 e T3 apresentam performance e me­
mória central superiores ao TI e serão
lançados no mercado a partir de 1983.
Indústria nacional
tem 16,9% do mercado
de computadores
A Secretaria Especial de Informática di­
vulgou recentemente o resultado da
pesquisa do setor de informática que
comprovou o crescimento da indústria
nacional, agora responsável por uma
parcela de 16,9% do mercado (que in­
clui computadores de todos os portes,
num total de 8.844 máquinas). No perío­
do de três anos, entre a criação de uma
reserva de mercado,para minicompu­
tadores e a pesquisa, essa participação
saiu de zero para a posição atual, e sua
presença já chega a ser dominante na
classe de minicomputadores, onde
apenas uma empresa, a Cobra, res­
ponde por 54,8 por cento do mercado.
Os dados divulgados assumem maior
significação ao serem comparados com
a pesquisa realizada em 1978 pela ex­
tinta Comissão de Coordenação de Ati­
vidades de Processamento de Dados
(Capre). Nela, a Cobra tinha 249 má­
quinas instaladas, passando hoje para
958. O único fabricante a aparecer ao
seu lado, a Sisco, não obteve cresci­
mento significativo (passou de 14 para
21 máquinas). Os demais fabricantes,
no entanto, se não chegaram a obter a
mesma performance da Cobra, têm
participação significativa no mercado
de minis: Sid (163), Labo (119), Edisa
(95).