Page 24 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1981
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E a situação brasileira, qual será? Premida pelo
impacto da crise econômica, a sociedade deu-
se conta de que a informatização pode estar, a
curto prazo, no cerne do dilema entre emanci
pação e dependência. A problemática energé
tica tende, por outra vez, a pôr em destaque o
papel das telecomunicações, já não somente
como instrumento de regulação econômica,
mas também como substituto direto do trans
porte físico, cada vez mais caro.
i
Por outro lado, as próprias necessidades de in
vestimentos na infra-estrutura de telecomuni
cações são substancialmente superiores aos re
cursos efetivamente aplicados, situação que, a
progredir no sentido das tendências atuais,
ameaça trazer-nos de volta padrões de serviço
que todos julgávamos definitivamente su
perados .
Nesse ambiente, lançamo-nos ao “ negócio
Teleinformática” . Quais os pressupostos im
plícitos nessa decisão?
a) A aspiração do desenvolvimento de uma in
dústria de informática com tecnologia e poder
de decisão autenticamente nacionais conduziu
a uma estratégia governamental de reserva de
mercado, sobre a qual os senhores têm notícia
pelos jornais diários. Gostaria apenas de ressal
tar que, do ponto-de-vista do Setor Comunica
ções, o desenvolvimento acelerado da indústria O marketing da comunicação de dados foi o tema da palestra de Raul Colcher no IEncontro de
nacional de minicomputadores, conjuntamente
Marketing do Sistema Telebrás.
com as tendências tecnológicas internacionais
a arquiteturas computacionais de processa
mento distribuído, caracterizam, sem dúvida, Essa melhoria há de englobar o oferecimento Notem que isso não significa necessariamente
comunicação de dados como uma oportunidade dc facilidades de melhor qualidade técnica e em tarifas continuamente decrescentes. Quando
de negócio emergente. maior quantidade e o tratamento especializado nos referimos a soluções de preço mais baixo,
dos complexos problemas técnicos e operacio implicitamos as atuais tendências tecnológicas
I
b) Ao rememorarmos a história de problema da nais envolvidos, a nível de suporte no projeto, internacionais de absorver, nas novas redes es
instalação, depuração e manutenção das redes pecializadas para dados, funções que eram pre
teleinformática em nosso País, cujos primeiros
do cliente. viamente exercidas pela própria inteligência do
fatos remontam à segunda metade da década de
60, torna-se claro que, após um desenvolvi sistema computacional do usuário, tais como
c) No que diz respeito ao aspecto tarifário, ha detecção c correção de erros, conversões de có
mento pujante, embora desordenado, da utili
verá um permanente esforço no sentido de que digos e velocidades, compatibilização de pro
zação dessa ferramenta por praticamente todos
a melhoria de nossos produtos seja acompanha tocolos, etc. Nesse sentido, estaremos compe
os setores da atividade económica, chegamos
da dc um aumento de eficiência que resulte em tindo contra as soluções embutidas no hard
a um ponto em que se tornou imprescindível
soluções dc preço mais baixo para os nossos ware e no software que nossos clientes adqui
uma grande melhoria qualitativa do serviço que
clientes. rem de seus fornecedores de máquinas de pro
prestamos a nossos clientes de comunicação de
dados. cessamento de dados.
Quanto aos valores de tarifa propriamente di
tos, não poderia deixar passar a ocasião para
um esclarecimento: temos ouvido, ocasional
mente, a propósito do anúncio das tarifas para o
serviço especializado de comunicação de dados
ponto-a-ponto e multiponto (Portaria MINI-
COM 104/80), alusões aos preços pretensa
mente elevados desse novo serviço.
Em primeiro lugar é preciso dizer, desde logo,
que o ritmo atual dos pedidos à Embratel de cir
cuitos especializados desmente essas alega
ções. Além disso, se se pretender comparar
custos de comunicações com os de outros paí
ses, é preciso lembrar que, em muitos deles, a
tarifa final para o consumidor é subsidiada pelo
governo.
No Brasil, poder-se-ia falar num “ subsídio às
avessas” , em função da destinação a outras fi
nalidades, de recursos extremamente substan
ciais gerados pelo setor ’Fundo Nacional de
Telecomunicações). Para agravar mais ainda,