Page 12 - Telebrasil - Julho/Agosto 1980

Octávio G ennari Net to, m atemático, de 42 anos, foi escolhido pelo Governo para dirigir a
im portante Secretaria Especial de Inform ática, subordinada ao Conselho de Segurança Na­
cional, Os prim eiros atos norm ativos da SEI alteram
Brasil.
Os cinco primeiros atos normativos da SEI, vin­
culada ao Conselho de Segurança Nacional, po­
dem ser considerados de grande importância es­
tratégica. O Ato 01/80 basicamente disciplina
os pedidos de importação de equipamentos de
processamento eletrônico e atribui as priorida­
des para importação. O Ato 02/80 torna obriga­
tório o registro de industrialização no país de
uma série de máquinas que vão desde as máqui­
nas automáticas de tratamento da informação e
suas unidades, ou seja. os computadores e peri­
féricos, até máquinas de autenticar cheques,
quadros dc comando desde que incorpore má­
quinas de tratamento da informação.
O Ato 05/80 diz que a aquisição ou locação de
computadores por órgãos da Administração Pú­
blica Federal, Direto e Indireto, fica condicio­
nada à prévia anuência da Secretaria Especial
de Informática. O Ato 04/80 dispõe sobre as
condições prévias para a análise dc novos proje
tos destinados à fabricação de computadores de
porte pequeno c seus periféricos, inclusive mo­
dems c terminais de vídeo. Será necessária a ti
tularídadc por brasileiros, residentes no país, dc
ações nominativas ou quotas representativas de
totalidade do capital social da empresa, além de
utilizar tecnologia comprovadamentc desenvol­
vida no país. O Ato 05/80 dispõe que nas licita
ções das entidades de Administração Eedcrul,
Direta c Indireta, deve-se assegurar a preíerên
cia a alternativas nacionais para a confrontação
de bens e serviços de informática
Por outro lado, a Secretaria Especial dc Infor
mática (SEI) está examinando, com o Minis
tério das Comunicações, a criação dc tarifas so
bre o fluxo internacional de dados. O objetivo
da medida é impedir que as empresas multina­
cionais cambiem informações com suas matri
zcs no exterior, além das que lhes são autoriza­
das no contrato dc concessão dc canal para a
transmissão de dados de serviço.
A implantação de canais para o fluxo interna­
cional de dados entre empresas e entidades mul­
tinacionais já está cm andamento — a SEI já
aprovou 19 pedidos dos 20 que entraram em
análise na Secretaria (a maior parte é dc empre­
sas de transporte aéreo).
As tarifas “ serão medidas em função do peso
das informações ou dos serviços realizados que
serão cobrados de maneira progressiva, até que
se torne proibitivo o tráfego de informações que
não sejam do interesse do país. O controle será
feito pelos próprios equipamentos da EMBRA-
IH a p ro v e ita n d o - se as antenas dc Itaboraí,
pelo sistema dc gate-way A ('omissão Especial
de Teleinformática da SEI definirá os critérios
para medir o peso das informações.
cessadores e com a indústria de compona^
além da área sensível do controle de prócer
o panoram a da inform ática no na qual o Brasil é incipiente* V
Quanto à educação, esta é considerada a irg
O país não pode impedir o fluxo de dados, mais triste de todas e a chave de tudo. eopr>
“ mas tem que qualificá-lo. Quando se coleta prio entrevistado fez uma pergunta-chave sofr-
dados em um país, por meios eletromagnéticos, “ quais os cursos existentes no país, ou emç«
c em seguida os processa para outro país, existe vias de criação, destinados w designer át cus
a possibilidade de se estar trafegando informa­ putadores, quer digitais quer analógicos1^',
ções sobre todo o sistema produtivo, sobre a os cursos, em nível de graduação, que estão»
disponibilidade e localização de m atérias- pacitando recursos humanos no sentido de de
primas no país de origem. As empresas multi­ senvolver um software aplicativo para áreâsde
nacionais, por exemplo, podem transmitir uma controle de processos Quais os cursos que ev
série de informações para as suas matrizes". táo capacitando recursos humanos para a ara
de microeletrôniea? Eu não sei responder
Os cuidados da SEI se estendem, inclusive, à
introdução de culturas alienígenas nos países Seu ponto de vista sobre a indústria naciona &
em desenvolvimento, que podem vir embutidas setor é o dc que “ agora, em termos de tecnok-
nas transmissões de dados. gia, a grande dificuldade que as empresa &
cionais encontram é quanto à atualização k
‘ ‘O fluxo nacional de dados nológica dos produtos que estão fabnear.de
je, pois elas negociaram umeontratodetrr
deve ser disciplinado. ” ferência no passado, apanharam o produto a
um momento determinado, num momento a
que o produto era avançado para a época, ®
E quem é que está dirigindo a S E I7 Octávio
que depois foi se deteriorando velozmeate
Gennari Netto, 42 anos, foi a pessoa escolhida
pelo Governo para dirigir a rcccnvoriada Secre­
O segundo problema dessas empresas é apa
taria Especial de Informática (SEI). Formado
de sua migração para atender à faixa imedu--
em matemática pela Universidade de São Pau­
lo, Gennari iniciou sua carreira como funcio mente superior aos minis, que lhes esta rr^
nano da IBM em 1961. deonde se retirou em vada, porque nós vamos protegera índústrafr
1966 para fundar a empresa Systems S/A Dm cional. Isso envolve custos e investimentosá
giu o ('entro de C'omputaçáo Eletrônica da lJSP vadíssimos, tanto na áreadeengenhanaà?
até o linal de 1971. quando veio para Brasília. duto quanto na área de engenharia de prodíp
Aqui, mgressou no serviço de processamento e tenho absoluta certeza que elas náoconc.v
de dados do Senado c. por solicitação do então rão dar o salto setn um apoio maciço do f
Ministro Ney Braga, da Educação, passou a verno, como ocorreu e ainda ocorre no )a^1
chefiar a Coordenação dc Informática daquele na França, em outros países desenvolví
Ministério Gennari dirigiu, também, o Centro
dc Processamento de Dados do Estado de São Investim entos, financiamentos a fundepc'
Paulo. dido Caso contrário será inviável. Nósjá^
mos pensando na forma dc captar
Algumas dc suas idéias foram publicadas no su­ sos para um fundo destinado a aplicaçõesr
plemento Leitura, do Jornal de Brasília, dentre tor de informática ". 3
as quais cita-se que a informática, tal como o
problema judiciário e o de energia nuclear, foi
considerado estratégico Assim se expressa ‘ A informática será a inéot
Gennari Netto: “ A informática, até pelo cresci­
mento médio do uso de equipamentos — 30% industria do mundo até o
ao ano foi considerada estratégica. Não ape­ fin al do século. ”
nas pelo seu aspecto econômico, que a projeta
como a primeira indústria do mundo até o final
do século, mas em relação ao nosso extremo Sobre o problema de que os fabricantes®^
grau de dependência, porque praticamente não geiros não são candidatos à área de coa­
possuímos tecnologia, c muito menos fabrica­ dores médios, reservada aos fabricante^
mos qualquer produto. nais, Gennari é taxativo: é um ponto
pretensões das empresas multinacional *
Com a incorporação da inteligência artificial à sive o projeto da IBM. Sobre esse ^
rotina da sociedade e soberania nacional es­ aliás, é interessante a pergunta de
taria. dessa forma, cada vez mais vinculada às veira e José Negreiros:
grandes potências. E a essência da soberania
nacional é ser cada vez menos dependente." submete*^.'
i mo de tc^
Na opinião do secretario da SEI, "o verdadeiro nputadoí*1'
problema nasce com a fabricação dos micropro­ satélite.7
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