Page 9 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1979
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— aparelhos domésticos diversos, co- dial, ele agrediu o meio ambiente e ge países do primeiro, segundo ou terceiro
~mo fornos de microondas e robô rou conflitos, como a perda de alegria mundos. Apoiando sua tese, o Clube
doméstico; no trabalho ou os cruéis problemas ur de Roma propõe um modelo mais di
— seleção e restabelecimentô de infor banos. nâmico, de quatro mundos, como está
mações; no diagrama (Q-3), o qual indica a po
— novos sistemas de transporte e de 5 — Pouca atenção tem sido dada às tencialidade de alguns países para se
controle de tráfego; consequências sociais, culturais e desenvolverem e cruzarem a fronteira,
— projetos e desenhos assistidos por políticas da tecnologia. Daí nossas so em virtude de suas riquezas naturais e
computador; ciedades materialistas e mal- da capacidade de seus povos.
— automatização de escritórios e equilibradas.
fábricas;
— controle de processo industrial; 6 — O desenvolvimento tecnológico é
— controle do meio ambiente; como uma avalanche. Primeiro, por
— diagnóstico médico e prótese; que segue sua marcha em um crescendo
— tradução e interpretação automáti incontrolável. Segundo, porque há um
cas; retardo entre a causa (descoberta
— sistemas educacionais com a ajuda científica) e o efeito (produtos indus
de computador; triais). Assim, o impacto da tecnologia
— correio eletrônico e outros meios de na década de 80 não pode ser avaliada
_comunicações. nem mesmo pelo que aconteceu na
atual década.
Tudo isso está levando a sociedade e os
governantes a um quadro inesperado 7 — “ Vislumbram-se novos e
que configura uma nova revolução, dramáticos desenvolvimentos tec
com perspectivas econômicas e huma nológicos, os quais poderão acabar
nas tão ou mais profundas que a Revo com muitos dos conceitos tradicionais
lução Industrial. que se relacionam com trabalho e so
ciedade, e que virão a exigir, para sua
A microeletrônica, as telecomuni exploração, uma mudança fundamen
cações, a informática, enfim, a te tal nas instituições c nas atitudes” .
lemática, ou, Como dizem os japone
ses, os 3 C’s (comunicações, compu 8 —* A não ser que haja um entendi
tação e componentes) estão na primei mento entre as nações, estabelecendo
ra linha de preocupação e atuação dos uma Nova Ordem Internacional, se
governantes dos paises desenvolvidos. aprofundarão as disparidades entre os
Esta é a razão porque com tanta fre países, ocupando a tecnologia a pq-
quência tenho me referido à revolução sição chave neste problema. Quanto ao modelo proposto, convém
da telemática.* notar que:
9 — A explosão demográfica conti
Esta também é a razão que leva o Clu- nuará. Já na próxima década seus efei 1 — O cruzamento de fronteira se dá
ybe de Roma a afirmar as seguintes ver- tos serão dramáticos, produzindo forte no sentido vertical. Por exemplo, o
^dades: pressão na demanda de alimentos, ma Brasil tende a ingressar no primeiro
teriais e energia. mundo, como bem assinalou o Minis
1 — O desenvolvimento tecnológico, tro Delfim, ao assumir a Pasta do Pla
em sua maior parte, só tem beneficiado 10 — É quase certo um déficit de ener nejamento, quando disse que o proble
os países desenvolvidos e uma pequena gia ainda neste século. ma do Brasil não é de energia, de
parcela da população urbana dos petróleo ou de balança de pagamento,
países em desenvolvimento. 11 — Os problemas contemporâneos e sim, de crescimento. O importante é
são horizontais e universais. Nossas produzir, criar empregos e progredir,
2 — Boa parte do esforço em pesquisa instituições, verticais e elitistas, são pois nossa posição é quase singular no
e desenvolvimento visa o desenvolvi inadequadas para resolvê-los. mundo: somos uns dos poucos países
mento econômico de certos grupos, em realmente viáveis agora e no futuro.
detrimento da melhoria da condição 12 — A inovação tecnológica e o de
humana em geral. senvolvimento fazem parte de um com 2 — O cruzamento no sentido horizon-
plexo processo sócio-econômico. As tal é difícil ou mesmo impossível; na
3 — Bem mais de 90% do esforço sim, a ciência e a tecnologia devem ter Europa, por exemplo, somente através
mundial no campo da ciência e tecno uma política horizontalmente articula de uma Confederação dos Países da
logia está nos países industrializados, da com as demais áreas. Europa Ocidental seria possível o in
os quais abrigam menos de um quarto gresso no primeiro mundo. Assim, a si-
da população mundial. Com base nessas e em outras verdades, tuaçãQ futura desses países e do Japão
o Dr. King se insurge contra as atuais é delicada. A propósito, lembro-me de
4 — Embora o desenvolvimento tec classificações dadas aos países, tais co uma afirmativa que me fez o já citado
nológico tenha melhorado, de maneira mo países do Hemisfério Norte ou Sul, Dr. Kobayashi. Disse-me ele que, há
^impressionante, o nível de vida de uma países desenvolvidos, em desenvolvi muitos anos, o Japão entendeu que sua
faixa considerável da população mun mento ou subdesenvolvidos, ou, ainda, única saída era vender inteligência, em-