Page 8 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1979
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demia de Galileu — em Roma, donde volvidos, permitiriam, em quarenta 80” , o cientista Alexander King,
seu nome. Em sua trajetória pode-se anos, a redução do desnível a uma re dos fundadores do Clube, preparou
destacar três enfoques: lação de 13 para 2 ou, mesmo, de 13 um trabalho, intitulado “O Papel da
para 4. Não acreditamos nesta solução, Tecnologia” , do qual me valerei a se-
—- o “ ecológico” , que vai de sua pois seria necessário que houvesse um guir
criação até meados de 1970; despreendimento dos países ricos em
— o “ social” , que vai até 1976; e favor dos pobres, coisa que a história Analisando os diversos segmentos da
— o da “ brecha” ou “ gap huma mostra ser inviável. evolução tecnológica, o Dr. King es
no” , atual. barra em nosso setor e, na maior parte
A terceira fase do Clube, caracterizada de seu trabalho, discorre sobre o im.
Na primeira fase, o Clube se preocu pelo informe denominado “ The Hu- pacto social do, para nós muito fami
pou com a acelerada evolução do mun man Gap” — A Brecha Humana —, é liar, chip de silício, o qual tornou
do e a explosão demográfica, das quais voltada para a relação do homem com possível os Cl, LSI, VLSI ou, em ou
decorrem a agressão à ecologia e o es a sociedade e para a questão dos recur tras palavras, o microprocessador. So
pectro da fome. sos próprios do ser humano. Nela se bre o mesmo, ele diz textualmente:
discute a condição do homem na socie Um desenvolvimento tão revolu- 4
Com relação à ecologia, foi mostrada a dade contemporânea e os requisitos pa cionário terá muitos impactos sociais e ,
depredação que o homem está fazendo ra um novo humanismo universal. humanos, por enquanto, apenas vaga- I
na natureza e chamado a atenção para mente vislumbrados. Haverá umaten- i
o consumo indiscriminado dos recur O informe trata do crescente intervalo dência a aumentar, em muito, a intei-l
sos naturais não renováveis, como o — a brecha humana — entre as modifi dependência dos indivíduos e das
petróleo. Hoje, mais do que nunca, cações feitas na natureza e na socieda nações.... Dificilmente terá havido ou- I
sentimos esse problema, pois estamos de pela atual tecnologia e o entendi tro assunto que exija tão urgentemente j
em plena crise do petróleo, o qual, mento, pelo homem, do sentido e do uma avaliação tecnológica de modo a J
afirma-se, dificilmente ultrapassará os alcance dessas transformações. prever as conseqüências não apenas j
primeiros anos do próximo século. Ou econômicas mas também culturais, so- >
tros minerais, como o cobre, estão no Assim, sem se despreocupar com a ciais e políticas de um desenvolvimento j
mesmo caminho. agressão à ecologia, exaustão dos re que é por demais significativo e perigo- j
cursos naturais, explosão demográfica so para ser deixado à discussão e aos
Com relação à fome, o Clube previu o e desnível entre os países, o Clube se interesses de grupos individuais ou até
agravamento do problema até atingir lança a outra ordem de preocupação, mesmo de nações isoladas” .
proporções catastróficas, pois, com o qual seja a posição do homem diante
ritmo atual de crescimento da popu da.tecnologia. Essa observação nos indica um cami-;
lação, a Terra breve não terá condições nho a tomar no Brasil: as decisões |
de produzir a quantidade necessária de É que a tecnologia está criando si quanto à telemática serão melhores se
alimentos. tuações irreversíveis na natureza e na tomadas pelo poder político — coirt
sociedade, sem que o homem se dê con base em pesquisas dos cientistas sociais
Para contornar esses problemas, o Clu ta do que está fazendo e sem avaliar até — do que se tomadas pelos tecnocra-
be sugeriu medidas visando conter o que grau tais situações são aceitáveis c tas.
crescimento demográfico e alterar o assimiláveis.
modelo industrial, tornando este me Comparando os primeiros computado
nos agressivo à natureza. Para enfrentar esses fatos, o informe res com os atuais, diz ele:
propõe o desenvolvimento de um
Na segunda fase de sua atuação, a fase aprendizado inovativo, de caráter ante- “ O modelo equivalente de hoje, basea
“ social” , o Clube se preocupou com as cipatório e participatório, através do do no chip de silício, é 300 mil vezes
desigualdades sociais existentes entre qual as mutações sócio-naturais produ menor, 10 mil vezes mais rápido, muitc
os países ricos e pobres, quando de zidas pela tecnologia possam ser sub mais eficiente e, ao mesmo tempo
monstrou que a relação média de renda metidas aos desejos da sociedade. muito mais preciso. Este desenvohi
entre os países dos Hemisférios Norte Porém, o sucesso desse aprendizado mento tem um significado muito maio:
e Sul, ou seja, desenvolvidos e subde depende de seu exercício por todos os que a simples miniaturização de peç*
senvolvidos, é de 13 para 1, o que é ina homens e da criação de uma consciên eletrônicas: representa um avanço <ft
ceitável. cia universal para a necessidade do terá enorme impacto em todos os seto
mesmo. res da economia e, posteriormente, ti
Demonstrou, ainda, o Clube, que é vida diária da maioria dos seres huifr
forte a tendência ao agravamento dessa Prosseguindo nos estudos iniciados nas nos 5 >
situação, em decorrência da evolução fases anteriores e avançando nos estu
tecnológica e de outros fatores. dos sobre o desenvolvimento do ho Este impacto decorre das aplicações £
tecnologia do chip de silício, entrei'
mem e sua capacidade de aprendizado
Para reduzir esse desequilíbrio, foi su e adaptação, em situações sócio-econô- quais destaco as seguintes que já ex
gerido um conjunto de medidas que micas diversas, o Clube de Roma se tern ou existirão muito breve:
conduzissem a taxas diferenciadas de reuniu, no Rio de Janeiro, nos primei — relógio e calculadora eletrônica;
crescimento per capita, favorecendo os ros dias do mês passado. — microcomputador pessoal;
países do Hemisfério Sul. Tais medi — melhor funcionamento do motor
das, que chegam a prever crescimento Para essa reunião, cujo denominador combustão interna, aumentando a
zero para a economia dos povos desen comum foi “ o desafio da década de ciência dos combustíveis;