Page 62 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1978

presas, observa-se que a grande maioria
destes estabelecimentos, notadamente os
de pequeno porte, é incapaz de oferecer as
garantias reais exigidas pelo sistema finan­
ceiro e tampouco possui informações ade­
quadas sobre seu funcionamento. Este fato
acarreta o afastamento destes estabeleci­
mentos dos circuitos de acesso aos recur­
sos proporcionados pelo sistema financei­
ro, sendo indispensável a realização de
uma revisão das garantias atualmente em
vigor, e simplificação dos roteiros vigentes
de enquadramento das empresas
Na área fiscal, observaram-se algumas alte­
rações na legislação correspondente, em
favor destes estabelecimentos. De fato a
promulgação, em 1974, do decreto-leí n.°
1350 simplificou o sistema de tributação de
lucros. Neste sentido, o anteprojeto de
aperfeiçoamento do decreto-lei n.° 1350/74
visa ampliar o número de empresas abran­
gidas pela tributação simplificada e ali­
viar as incidências do imposto. No entanto,
acreditamos que estas medidas ainda são
insuficientes, tornando-se necessária a
aplicação de novos mecanismos de simpli­
ficação, notadamente no aspecto de incen­
tivos fiscais, pois a grande maioria das pe­
quenas e médias empresas não dispõe de
condições para se beneficiar integralmente
destes benefícios.
A plêiade de problemas internos e externos,
detectados como fatores de dificuldades
para as pequenas e médias empresas, varia
de intensidade na comparação dos ramos
empresariais existentes na economia brasi­
leira. A solução de cada tipo de problema
requer medidas específicas precedidas de
estudos detalhados de cada um do seus as­
pectos. Neste sentido, as tradicionais asso­
ciações empresariais assumem papel es­
sencial. Somente através de entidades se­
toriais, estreitamente
blemática diária de seus associados,
poder-se-á efetuar inúmeros diagnósticos
sobre os segmentos por ela abrangidos,
fornecendo, assim , importantes subsídios
à política governamental de apoio às pe­
quenas e médias empresas.
6. As Pequenas e Médias Empresas
na Industria Elétrica e Eletrónica
Atualmente, o setor eletroeletrônico ocupa
mais de 180.000 empregados, com cerca de
3.000 empresas, atuando na fabricação de
uma diversificada gama de produtos que
abrange bens de consumo durável, bens de
capital e componentes. Dentre os vários
segmentos industriais
indústria elétrica e eletrônica constata-se
participação majoritária das empresas pri­
vadas nacionais, notadamente de empre­
sas de pequeno e médio porte.
De fato, no levantamento efetuado em 301
empresas elétricas e eletrônicas, enquadra­
das pelos critérios governamentais na clas­
sificação de pequenas
evidenciou-se a projeção de sua importân­
cia no contexto do nosso setor. Na análise
destes dados, referente a 1976, constatou-
se um montante de capital de aproximada
mente Crt 1.797,4 milhões, com estas em­
presas absorvendo em seu conjunto cerca
de 46 000 trabalhadores, atingindo se um
faturamento anual em torno de Cr$ 10.477
milhões.
Por outro lado, da totalidade das empresas
constantes no levantamento, observou-se
concentração de cerca de 68% dos estabe­
lecimentos na faixa de capital de até Cr$
5,0 milhões, conforme a seguinte discrimi­
nação:
N.° de
Empresas
102
102
45
17
14
6 De CrS 20,0 a CrS 25,0
4 De Cr$ 25,0 a CrS 30,0
11
Entretanto, para um contínuo desenvolvi­
mento das empresas de pequeno e médio
porte, torna-se necessário encontrar so­
luções compatíveis com as dimensões de
suas dificuldades. Neste sentido, deve-se
ressaltar que a ABINEE, dando continuida­
de ao seu objetivo de atender os pequenos
e mé.dios empresários eletroeletrônicos,
tem colocado à disposição de seus asso­
ciados um setor especifico para esta finali­
dade, situado no seu Departamento de Eco­
nomia e Estatística.
Os objetivos básicos deste setor compreen­
dem os seguintes tópicos principais:
1. Programa Especial de Análise, através
de levantamentos técnicos e económico-
financeiros além de outros estudos volta­
dos para um diagnóstico da Pequena e
Média empresa do setor eletroeletrônico,
para a criação das condições Indís-
ponsávols a seu fortalecimento;
ligadas à pro­ 2. Acompanhamento em caráter perma­
nente da situação conjuntural que as afeta,
objetivando manter sempre atualizado o
quadro real de suas dificuldades;
Inform e econôm ico
As perspectivas inflacionárias para o se­
gundo semestre de 1978 são preocupantes.
Os índices de preços registrados no mês de
junho são bastante desfavoráveis. Em São
Paulo registrou-se um aumento de 5% no
custo de vida, o maior índice observado
desde fevereiro de 1976. No Rio, o aumento
alcançou 4.1% . Em termos nacionais,
pertencentes à calcula-se que a inflação acumulada no pri­
meiro semestre tenha atingido 21.2%.
As autoridades monetárias admitem que te­
rão que ser revistas as previsões apresenta­
das no principio do ano, segundo as quais a
inflação em 1978 seria contida em torno de
35% , ou no máximo atingiriam o patamar
de 38%. Acredita-se agora que a inflação
ao final do ano chegue a cerca de 40%.
e m édias,
A perspectiva inflacionária já vem provo­
cando uma tendência para o aumento das
taxas de juros. Os custos da captação de
recursos através de letras de câmbio e cer­
tificados de depósitos bancários, elevou-se
ligeiramente na última quinzena de julho.
Os títulos de primeira linha — dos conglo­
merados bancários e instituições ligadas a
multinacionais — passaram a oferecer
3. Programa de Assessorla e Promoção
Empresarial, visando fornecer subsídios às
empresas de pequeno e médio porte na ela­
boração de estudos de viabilidade, de pro­
jetos de solicitação de financiamento e
apoio de capital de risco, solicitação de in­
centivos fiscais, encaminhamento de regis­
tro de novas patentes e na elaboração de
Capital contratos no caso de compra e aquisição
Em Cr$ milhões de tecnologia estrangeira, etc.;
Até Cr$ 1,0 4. Realização de estudos para desenvolvi­
DeCrS 1,0 a CrS 5,0 mento de sistemas e procedimentos, com o
DeCrS 5,0 a CrS 10,0 intuito de melhorar a eficácia dos serviços
DeCrS 10,0a CrS 15,0 compreendidos no setor terciário, como co­
De CrS 15,0 a Cr$ 20,0 mercialização, transporte, etc., através de
pool de empresas, especialmente no caso
de exportação;
Acima de CrS 30,0
5. Realização de cursos de treinamento de
executivos, através de convénios com enti­
dades especializadas;
6. Realização de convênios com universi­
dades, institutos e laboratórios técnico-
científicos;
7. Formação de biblioteca técnica para uso
comum pelos pequenos e médios em­
presários do setor eletroeletrônico.
Tais objetivos se tornam indispensáveis pa­
ra se obter uma estrutura empresarial que
permita o equilíbrio entre grande, média e
pequena empresa e, simultaneamente, te­
nha mobilidade vertical suficiente para que
os estabelecimentos de pequeno e médio
porte venham a converter-se progressiva­
mente em grandes empresas, ou, até mes­
mo, em conglomerados, pois em qualquer
economia, mesmo as mais desenvolvidas,
os pequenos e médios estabelecimentos
constituem, e continuarão constituindo, a
grande maioria.
Departamento de Economia e Estatística.
Setor de Apoio às Pequenas e Médias Em­
presas.
48% ao ano para operações de 180 dias. Al­
guns títulos de segunda linha — pequenos
bancos e instituições independentes —
chegaram a elevar seu custo de captação a
49% ao ano.
A demanda existente por empréstimos con­
tinua bastante acentuada, o que justifica
portanto a tendência de alta. Por outro la­
do, nada indica que a reabertura da carteira
de descontos do Banco do Brasil seja moti­
vação suficiente para equilibrar o mercado.
Tal medida faz parte da nova orientação go­
vernamental de liberar recursos que já esta­
vam previstos no orçamento do banco, e
que permaneciam ainda estocados. No fi­
nal de junho, segundo informações divulga­
das pelo próprio Banco do Brasil, o total de
aplicações da instituição havia alcançado
a cifra de Cr$ 383 bilhões, e havia uma folga
no orçamento de quase Cr$ 9,5 bilhões. A
maior disponibilidade do Banco do Brasil é
realçada, também, pelo grande aumento de
depósitos registrados ao final do primeiro
semestre, que fechou com um saldo de
mais de Cr$ 60 bilhões.
(ACI— Informe Econômico Mensal; julho78) *