Page 22 - Telebrasil Noticiário

B O B I N A S T É R M I C A S
Eng. L. M. Viana Camargo
Diretor Técnico e Comercial
da Cook Electric, formado em En>
genharia Eletrônica em 1961, pe-
lo ITA — Instituto Técnico da Ae­
ronáutica, mestrado em Engenha­
ria Elétrica pelo Instituto Politéc­
nico de Brooklin em 1963 — dou­
torado em Engenharia Elétrica pe­
la Universidade de New York em
1971._______________________
Com a recente introdução
de listões com pactos* na tele­
fonia brasileira, várias ques­
tões surgiram no que concer­
ne ao uso e tipo das bobinas
térmicas. Entre essas, a mais
freqüente tem sido, sem dúvi­
da alguma, a seguinte:
— "P or que os blocos prote­
tores ("listões") com pac­
tos, mais modernos usam
bobinas térmicas sem alar­
me audio-visual e nem se­
quer são engatilháveis? "
A resposta a essa questão
fica evidente se um esclareci­
mento é feito a um mal enten­
dido muito prevalente na in­
dústria telefônica em geral.
O fato é que existem con­
cepções errôneas com respeito
ao verdadeiro propósito de
uma bobina térmica, princi­
palmente quando em compa­
ração com o centelhador a
carvão e a pastilha fusível as­
sociada * *
A bobina térmica é usada
para proteção contra "cor­
rentes furtivas"
muito baixos, enquanto o cen­
telhador a carvão é usado pa­
ra proteger contra voltagens
excessivas e temporárias, tais
como as produzidas por des­
cargas atmosféricas, e a sua
pastilha fusível é usada para
proteção contra correntes nor­
mais resultantes de cruzamen­
to com as linhas de força.
A especificação para uma
bobina térmica é a seguinte:
"Ela deve ser capaz de supor­
tar 1/3 Am p por 3 horas pelo
S E M A L A R M E S E N Ã O
R E E N G A T I L H Á V E I S
menos, sem operar, mas de­
verá operar em menos de 3.5
minutos para uma corrente de
0,5A, e em menos de 10 se­
gundos para uma corrente de
1A". Para uma corrente de
aproximadamente 1.5A, a vol­
tagem por ela produzida terá
subido suficiente para dispa­
rar o centelhador a carvão, e
se o fenômeno é sustido, en­
tão a pastilha fusível derre­
ter-se-á e o centelhador será
permanentemente
(terra metálico). Deve-se lem­
brar aqui que mesmo em sis­
temas com lâmpadas de alar­
me no D.G. para as bobinas
térmicas, esses alarmes não
operam quando a voltagem é
alta o suficiente para disparar
o centelhador a carvão.
Conclui-se, portanto, que
as bobinas térmicas lidam co­
mo uma gama incomum de
baixos valores de corrente.
Não se julga que dentro de tal
gama de valores, a corrente
possa n r prejudicial aos equi­
pamentos de comutação que
têm sido fabricados durante
as últimas décadas, os quais
de valores têm relés de alta impedância.
Para o caso da Ericsson R FA—
A N A 10/11, a CE desenvolveu
uma bobina térmica especial,
a P/N 323-1132.
A R E A
S T A N D A R D S G ROUP não
tem permitido, desde 1962,
as suas companhias pagarem o
custo adicional para aquisição
de bobinas térmicas, sem por
isso terem sofrido quaisquer
danos. O raciocínio deles, co­
mo declarado pelo Eng. J. Ep-
pes, da REA, uma conhecida
autoridade no campo de pro­
teção telefônica, é o seguinte:
"O uso de bobinas térmi­
cas foi recomendado desde os
primeiros projetos de circui­
tos telefônicos, quando so­
mente fios nus eram usados
nas redes, a coordenação com
as companhias de força e luz
não existia, o material de iso-
iação nos equipamentos das
centrais e fiação em geral eram
altamente inflamáveis, e relés
aterrado de linha de baixa impedância
(50 ohms) eram usados. Nes­
tas condições, a bobina térmi­
ca, operando em cerca de
0,5A, servia para limitar a
energia enviada ao relé da li­
nha a um valor (cerca de 12
watts) que podia ser tolerado
sem perigo de incêndio na
central telefônica.
Contudo, nas condições
modernas, uma rede telefôni­
ca consiste, na maior parte, de
cabo com condutores que tem
uma suscetibilidade extrema­
mente baixa a contato perma­
nente com fios e sistemas de
força; provisões para coorde­
nação dos sistemas da força e
luz com os sistemas telefôni-
cosentão em vigor; os mate­
riais isoladores são muito me­
nos inflamáveis do que antes;
e, também, relés de linha da
ordem de 400 ohms, ou mes­
TELEPH O N E
mo maior resistência ôhmica
(impedância a 60 Hertz sendo
até mesmo de 1.200 ohms)
são universalmente usados".
Deve-se entender claramen­
te que de maneira alguma en­
dossamos a tese de que o uso
de bobinas térmicas é total­
mente desnecessário. Por ou-