Page 12 - Telebrasil - Março/Abril 1970
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BRASIL  TEM  2  TELEFONES  POR  100  HABITANTES  E
             PRECISA  MAIS  1  MILHÃO  DE  APARELHOS  POR  ANO


           —  -A  EMBRATEL  vai  transformar  a    “Em  1969,  o  Brasil  possuia  o  índice  de
        Companhia  Telefônica  Brasileira'’  —  disse  o   2  telefones  por  100  habitantes,  estando  bas­
        eng.  Delson  Siffert,  nõvo  diretor  de  opera­  tante  distante  do  índice  de  10  telefones  para
        ções  da  CTB,  por  ocasião  da  posse  do  sr.   cem  habitantes,  recomendados  como  limiar
        Bertoldo  Salun,  no  cargo  de  superintenden­  a  ser  atingido  nara  se  considerar  o  País
        te  de  Administração  e  Relações  Públicas  da   com  boas  comunicações  urbanas.  Para  que
        empresa.  Explicou  o  nõvo  caráter  dinâmico   o  Brasil  alcance  êste  índice  em  1980,  será
        de  mentalidade  empresarial  que  vem  sendc   necessário  instalar  cêrca  de  1  milhão  de
        imprimido  às  atividades  da  emprêsa  para   telefones  por  ano,  sendo  na  área  de  ação
        que  o  Brasil  possa  atingir,  até  1980,  o  Índi­  da  CTB  e  subsidiárias, cêrca  de  500  mil  tele­
        ce  ideal  de  telefones:  dez  para  cada  cem   fones  por  ano".
        habitantes,  superando  o  déficit  atual  de  oito   “No  atual  plano  de  expansão,  iniciado
        telefones.                             em  1966/67,  estão  sendo  instalados  cêrca  de
           Há  dois  meses  e  meio,  uma  nova  e  jo­  80  mil  telefones  por  ano  —  6  vêzes  menos
        vem  equipe  formada  pela  EMBRATEL,  ini­  que  aquela  necessidade.  O investimento  nesta
        ciou  o  trabalho,  pensando  as  falhas  e  as.   expansão  entre  1966/69  foi  à  média  de  170
        dificuldades  e  propondo  quatro  pontos  bá­  milhões  de  cruzeiros  novos  por  ano  e  seria
        sicos  para  a  solução  do  problema  telefônico   necessário,  portanto,  aumentá-lo  para  cêrca
        de  São  Paulo,  em  particular,  e  em  tôda  sua   de  1  bilhão  de  cruzeiros  novos  por  ano  —
        área  de  operação  que  abrange  cinco  Esta­  correspondendo  a  8%  do  orçamento  anual
        dos.                                   do  Brasil.  Vemos  que  o  problema  telefônico
                   PLANO  BÁSICO               é  de  infra-estrutura  e  exige  grande  parce­
                                               la  de  investimento  da  ordem  de  um  orça­
           A  exposição  dos  problemas  e  o  plano   mento  federal  neste  plano  hipotético  de  10
        básico  foram  analisados  e  explicados  pelo   anos.  Há  portanto  necess dade  do  conven­
        engenheiro  Delson  Siffert:           cimento  pleno  das  elites  divisentes  do  País
           “Iniciamos  há  três  meses  uma  nova  di­  de  q|ue  o  problema  da  telefonia  deve  ser
        reção  na  CTB  cuja  missão  recebemos  do   enfocado  como  de  vulto,  necessitando  re­
        Govêrno  da  Revolução,  atendendo  ao  cha­  formulação  geral  de  base".
        mamento  formulado  pelo  nõvo  presidente
        da  Companhia,  gen.  José  Siqueira  Meneses   AUTOFINANCIAMENTO
        Filho.  Para  apresentar  a  posição  inicial  da
        diretoria  de  São  Paulo,  optamos  pela  forma   “O  auto  financiamento  rendeu  para  a
        singela,  separando  didàticamente  os  assun­  CTB,  entre  66/69,  somente  460  milhões  de
        tos  em  quatro  capítulos,  a  fim  de  atingir­  cruzeiros  novos.  A  diferença  de^220  milhões
        mos  uma  maior  parcela  dos  paulistas  do   para  o  investimento  feito  de  680  milhões  foi
        que  seria  obtida  com  outra  opção  possível   coberta  pela  companhia  com  seus  próprios
        formalmente  mais  acadêmica  e  sofisticada,   recursos.  Foi  portanto,  uma  medida  provi­
        porém  de  menor  alcance".            sória,  que  não  é  satisfatória  a  longo  prazo.
           “Mantendo  a  independência  gerencial   O  quadro  orçamentário  pode  ser  alterado
        de  uma  companhia  autônoma  temos  a  res­  com  maiores  receitas  de  operação,  resultantes
        ponsabilidade  de  fazer  a  nossa  parte,  exe­  da  entrada  em  serviço  de  novas  linhas,  cujos
        cutando  os  programas  urbanos  e  estaduais,   equipamentos  das  centrais  já  foram  insta­
        integrando-os  operacionalmente  à  EMBRA­  lados,  e  com  maior  remuneração  tarifária
        TEL.  Atuamos  em  11%  do  território  nacio­  decorrente  da  incorporação  ao  capital  de
        nal  onde  vivem  45%  dos  brasileiros,  atingin­  investimentos  correspondentes.  Enquanto  o
        do  com  tráfego  mútuo  2.200  localidades.  Te­  circuito  não  é  operado,  por  motivo  na  gran­
        mos  80%  dos  telefones  desta  área  (1  milhão   de  maioria  das  vêzes  fora  do  domínio  da
        e  cem  mil  telefones,  com  400  centros,  abran­  companhia,  êstes  investimentos  não  são  ca­
        gendo  cinco  Estados:  São  Paulo,  Minas  Ge­  pitalizados,  retardando  a  remuneração  ne­
        rais,  Guanabara,  Rio  de  Janeiro  e  Espírito   cessária  ao  próprio   desenvolvimento   dos
        Santo).  Temos  na  CTB  e  subsidiárias  sete   projetos".
        mil  circuitos  interurbanos,  numa  extensão
        de  750  mil  kms.  Completamos  17  milhões  “ e   --  MAO-DE-OBRA
        chamadas  locais  e  300  mil  interurbanas,
        diariamente.  Somos  no  Estado  de  São  Paulo   A  CTB  com  suas  deficiências  adminis­
        12  mil,  e  no  total  a  CTB  e  subsidiárias  2S   trativas  apresenta  resultados  insatisfatórios
        mil  funcionários".                    na  operação  do  serviço  público.  Por  quê?
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