Page 3 - Telebrasil - Maio/Junho 1970
P. 3

condições  necessárias  de  se  valerem  da  no­  rédes  urbanas  e  interurbanas  já  aprovado
      tável  obra  de  avanço  técnico  realizada  pelo   pelo  Ministério  das  Comunicações  —  na
      Govêrno,  no  setor  das  telecomunicações  na­  formação  do  sistema  auxiliar  de  telecomu-
      cionais.                                nioações  indispensável  à  complementação  do
                                              esforço  que  vem  sendo  desenvolvido,  no  sen­
         À  CTB  e  suas  subsidiárias  compete,  ago­  tido  de  colocar  o  nosso  País  em  lugar  de
      ra,  acelerar  a  execução  do  Plano  Trienal  —   destaque  no  conceito  internacional,  no  se­
      arrojado  programa  de  ampliação  de  suas  tor  das  telecomunicações.

                      HOMENAGEM  À P.  R.  CASTANHEIRA
                Papel  do  telefone  no  desenvolvimento  econômico

                                                       LUIS  CARLOS  DE  PORTILHO

                                                            Estado  de  Minas  —  26-5-76
          •Era  a  doçura  e  o  sofrimento  aceitos,  a
      ternura  desarmada,  a  resignação  plena  e   tanheira.  A  atenção  contudo,  por  vêzes,  de­
      via  tudo  o  que pode  dizer  a  música  quando  a   sertava,  deseducada,  da  palavra  do  orador
       pessoa  já  não  tem  o  que  diga",  —  foi  assim   para ir buscar lances curiosos da vida do dile­
       que,  há  poucos  dias,  Hugo  Pinheiro  Soares,   to  amigo  que  partira  sem  um  adeus.  Um
       emergindo  da  leitura  dos  suaves  pensamen­  homem  solitário,  que  pensava,  sem  cessar,
       tos  de  André  Frossard,  em  *vDeus  existe:  eu   na sua  amada — a Companhia  Telefônica  de
       o  encontrei",  sensibilizou  cinco  dezenas  de   Minas  Gerais  —  aquela  que  êle  fizera  sur­
       fiéis  amigos  e  umedeceu  os  olhos  de  alguns   gir,  em  junho  de  1953,  após  um  paciente  e
       dêles,  ao  traçar  o  perfil  póstumo  de  Pedro   laborioso  trabalho  de  catequese  dos  com­
       Victor  Durães  Renault  Castanheira:  êle  dei­  preensivos  canadenses,  ao  tempo,  detentores
       xara  o  nosso  convívio,  discretamente,  na   do  controle  acionário  da  Companhia  Tele­
       madrugada  de  29  de  agosto  de  1968.  fônica  Brasileira  e  e6ta,  a  seu  turno,  e,  des­
                                              de  então,  controladora  daquela.
          Inaugurava-se  uma  placa  com  o  saudoso
       nome.  Na  tarde  que  ainda  expirava  e  na   Fundar  a  CTMG  fôra  menos  difícil,  a
       noite  que  mal  começava,  os  que  se  reuniram   despeito  das  demoradas  negociações  com  os
       em  tôrno  da  fotografia  e  um  homem  sor­  detentores  de  uma  concessão regional  do  que
       ridente,  como  sempre  êle  o  fôra,  empresta­  posteriormente,  torná-la  querida  dos  pró­
       vam  seu  concurso  pessoal  a  um  ato  cuja   prios  mineiros  encarnados  nas  autoridades
       realização  melhor  fôra  tivesse  sido  verifica­  do  seu  Estado.  Queriam  mais,  muito  mais
       da  ainda  em  vida  do  homenageado.  Êle  de­  alguns  nacionalistas  botocudos.  Não  que­
       veria  ter  sentido,  precisaria  ter  assistido,   riam  só,  exigiam  êles  que  a  emprêsa,  além
       seria  justo  que  tivesse  ouvido  —  êle  mesmo   de  sua  conversão  à  nacionalidade  brasileira
                                              e  à  naturalidade  mineira,  fizesse  o  milagre
       e  não  a  sua  memória  —  além  das  palavras,   de  -nascer"  telefones  sem  dinheiro,  sem  ta­
       a  emoção  sincera  de  cada  um  dos  circuns­  rifas,  sem  possibilidade  de  obter  capital,
       tantes,  to^os  seu  admiradores,  quando,  um   num  após-guerra  que  transcorridos  25  anos.
       pouco  antes,  a  inscrição  surgira  aos  olhos   ainda  atormenta  o  Brasil.  Ao  mesmo  tempo,
       de  todos  proclamando  sua  colaboração,  a
       heróica  cooperação  ^e  um  mago  à  obra  do   negavam-se  condições  mínimas  de  vida  à
       progresso  das  telecomunicações  neste  País.  hostilizada  concessão.  O  empenho  era  levar
                                               a  emprêsa  a  uma  situação  f-Uimentar  e  a
          Pedro  Renault  Castanheira,  o  mineiro   uma  total  incompatibilidade  com  o  público-
       de  Barbacena,  obstinado  na  sua  crença  do   -usuário,  e  isto  foi  lealmente  confessado  por
       papel  do  telefone  no  desenvolvimento  eco­  um  dos  mais  arraigados  ativistas  que  a
       nômico  de  seu  Estado  e  na  aproximação  so­  combatiam  e  êstes  não  somavam  duas  de­
       cial  dos  seus  coestaduanos,  embora  ainda   zenas.  O  que  os  impelia  era  uma  determi­
       precária  a  sua  participação  na  escalada  do   nação  ideológica.
       progresso,  dedicara  à  sua  difícil  profissão   Quando  a  CTMG,  tentar "o  executar  a
       cinquenta  e  dois  anos.  Morreria  por  ela,   doutrina  de  Pedro  Renault  Castanheira.
       traumatizado  por  uma  paixão  que  lhe  roeu   anuíra  em  praticar  o  auto-financiamento,  o
       as  entranhas,  quando  as  circunstâncias  o   mal  necessário  como  êle mesmo  a  classifica­
       afastaram  da  cena  e  lhe  subtraíram  a  opor­  ra  —  única  fórmula,  porém,  nas  circunstân­
       tunidade  de  continuar  a  servir  ao  seu  ideal.  cias,  como  hoje  ainda,  capaz  de  operar  o
           Hugo  Soares,  na  sua  medida  oração,   desejado  milagre  de  uma  eclosão  de  tele­
       continuava  rememorando  o  trabalho  de  Cas­  fones  —  o  mundo  belo-horizontino,  mal  li­
       tanheira,  o  perseverante  seminário  de  Cas-  derado,  quase  viera  abaixo.  Sob  a  expecta-
   1   2   3   4   5   6   7   8