Page 22 - Telebrasil - Julho/Agosto 1966

SUPLEMENTO DE JULHO E AGOSTO

ANO VII D ivulgado P ela X.° 77/7$

FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE EMPRÊSAS DE TELECOMUNICAÇÕES IX) BRASIL

RIO DE JANEIRO Julho e Agosto dc 1966 Distribuição Interna

I I

EM PRÓL DA NICIATIVA PRIVADA
I

EUGÊNIO GUDIN

O conhecido e quase secular semaná­ Os últimos governos que o Brasil tem

rio inglês Economist publicou em 1938, tido, sem excetuar inteiramente o atual

se não me falha a memória ,um artigo, parecem acreditar que o limite de elasti

que ficou célebre, sob o título “The Cor­ cidade da emprêsa privada neste pais é

roí and the Stick (A Cenoura e a Vari­ infinito. Num país, cujo Produto Nacio­

nha). A imagem era a de um jumento que nal é menor do que o faturamento de uma

para andar precisava ser estimulado por granae emprêsa americana (General Mo­

uma cenoura na frente que êle cob;çava, tors), as leis dão todos os direitos e to­

ou atrás, por uma varinha que combatia o das as vantagens a todo o mundo. Com

preguiça e outros desvios em que êle pu­ ônus de Previdência Social (cujas admi

desse incorrer. Tal era a imagem do sis nistrações oõem imenso dinheiro fera),

tema econômico cuja atividade se baseia as ferias, os domingos, o 13.° salário e

na iniciativa privada. tutti quanti, são as folhas de pagamento

sobrecarregadas d2 mais de 70rr, inclusi

Ora, acontece não só no nosso mas ve agora mais 3% para um “Fundo dc

também em outros países, — mas no nos­ indenização Trabalhista”, (o Brasil é n

so especialmente — que a necess;dade da único país onde há estabilidade aos 10

motivação económica pela cenoura ou a anos) que era uma obrigação apenas con­

varinha tem sido quase completamente finante e oue passou a ser efetiva e re

ignorada. “O culto da igualdade”, dizia o colhida às arcas do Tesouro! O que essa

Economist — por si muito louvável — lei da estabilidade do eniDregado. nos tèr-

fêz desaparecer a cenoura. A recompensa mes em que vigora, refreia a iniciativa

do sucesso do empreendedor tem sido não e o progresso econômico, sobretudo nas

só olvidada como até envenenada, pas­ pequenas e médias empresas, é incal­

sando o sucesso nos negócios a ser visto, culável.

aos olhos de várias classes da sociedade

como um ato pouco recomendável”. O O Governo diz que abre os braços ac

que aí dizia o Economist há quase 30 anos capital estrangeiro que aqui vier traba

verifica-se hoje no Brasil, onde tanta gen lhar. Mas a lei de Remessa de Lucros en­

te decente, da Política como das Forcas quadra-o uma disciplina de ferro desde o

Armadas, “voit rouge” quando se fala momento em que èle põe 0 pé nesta ter­

em lucro. ra acolhedora, fiscalizando-lhe os menores