Page 24 - Telebrasil - Julho/Agosto 1965
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tiva privada, ao mesmo passò due a          ros ainda nâo se deram conta de que

rigidez da ordem militar gera uma           n tempo da estrada de ferro de bitola
mentalidade pouco adaptável à im a­
ginação, à flexibilidade e ao engenho,     estreita.0 com curvas de 100 metros e

indispensáveis ao sucesso dos empreen­     ram pas de 2% já passou; foram subs-
dimentos.
                                           tttufdas pelas rodovias. D a mesma for­
    De um lado com a ditadura, que          ma que o bonde elétrico foi substituí­

procurava escorar-se nas Forças A r­       do pelo ônibus diesel.
madas, e, de outro, com as repetidas           No plano das telecomunicações aca­

intervenções dessas Fórças no campo        ba o Govérno de decidir, sob a pres-
do Poder Político, em 1945, 1954, 1955,    cão da influência militar, nacionalis­
1961 e 1964, e mais, com a investidu­      ta e retrógrada, reservar ao Estado a
ra de grande número de militares nos       construção e adm inistração da rêde
postos de comando das autarquias e         orincipal de telecomunicações do Pais,
empresas do Estado, acentuou-se a hi­      divorciando-se da orientação recomen­
                                           dada pelo eminente Alm irante Beltrão,
pertrofia da influencia da mentalida­      presidente demissionário do CONTEL,
de militar na orientação dos negócios
                                           que se batia inteligentemente pela so­
públicos.                                  lução da emprésa privada, que ele vi­
    Quase não há problema de interesse     r a ’ funcionar com m aior eficiência nos
                                           Estados Unidos, onde as possibilidades
nacional que não tenha de passar pelo      de guerra são “um pouco” maiores do
cadinho do Conselho de Segurança. A        que as nossas. Tudo em nome da in­
segurança nacional passou a constituir     defectível "Segurança Nacional” .
o aspecto principal dos problemas n a ­
                                              O que os militares responsáveis por
cionais. Quem de fora apreciasse esse      essa orientação não vêem é que assim
                                           agindo èles estão-se distanciando dos
panorama teria a impressão de que          próprios objetivos que visam a atin­
o Brasil é um país, como o Estado de       gir Porque o que im porta a uma na­
Israel, cercado de inimigos por todos
os lados, em que a constante ameaça        ção. em caso de guerra, não é que essa
de guerra explica a preponderância         óu aquela atividade essencial seja exer­
                                           cida por empresas privadas ou por fun­
militar na orientação de todos os pro­     cionários do Estado e sim que a tare­
blemas,                                    fa seja executada com eficiência, tra­

   O resultado tem sido e está sendo       te-se de ferrovias, de navegação, de
o de um açambarcamento avassalador         petróleo ou de aço.
pelo Estado das atividades industriais
                                              Eu fiz parte durante quase 20 anos
do País.                                   da administração de uma empresa te­
   Para tirar do subsolo uma terça p a r­  legráfica estrangeira, a Western Te-
                                           legraph, inclusive no período da úl­
te do petróleo bruto que o Pais con­       tima guerra. Não houve nessa oca­
some, cria-se uma empresa tão “ into­      sião, como não houve em toda a his­
cável” quanto ineficiente, que abran­      toria, quase centenária, dessa emprê-
ge também, e com a mesma ineficiên­        sa a menor suspeita de deslealdade à
cia, tòdas as atividades derivadas do      segurança nacional e aos interesses do
aproveitamento do óleo bruto. O atual
Governo, apesar de ter ousado mais            A guerra é. felizmente para nosso
de uma vez manifestar-se oralmente
em favor da iniciativa privada, levou      Pais, uma eventualidade por demais
mais de um ano para revogar um de­         longínqua para que os nossos proble­
creto, imoral e demagógico, de encam­      mas precisem ser encarados predomi­
pação das refinarias privadas, assina­     nantemente sob o ângulo dessa hipó­
do por João Goulart na praça pública,      tese. Quando o fossem, o essencial se­
em plena orgia de agitação comu­           ria que na hora da luta a m áquina da
                                           produção nacional funcionasse com
nista .                                    eficiência. E sob èsse aspecto, a ex­
   Para atender à hipótese do supri­       periência aí está para demonstrar à
                                           saciedade -que essa eficiência está lon-
mento de álcalis “em caso de guerra”,      ge de ser apanágio de administração
criou-se uma empresa do Estado, cujo       coíâíiii. .
principal resultado económico é tripli­
car o preço de uma matéria-prima, a
barrilha, essencial a um grande nú­
mero de indústrias nacionais.

   No campo ferroviário, alguns milita-
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