Page 2 - Telebrasil - Abril/Maio de 1964
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HUGO PINHEIRO SOARES

                          O COMUNISMO E O CONTINUISMO

          Comentamos a seguir, em poucas linhas, o magnífico e substancioso trabalho
 que o economista e sociólogo da nossa época, D r. Glycon de Paiva, vem de publicar
 na edição de m arço-abril do “Digesto Econômico” editado pela Associação Comer­
 cial de São Paulo, sob o títu ’o “O comunismo e o continuismo”, e que vai transcrito
 nas páginas dêsta edição em forma de “Suplemento” :

          No tópico “A simbiose comuno-continuista” do magnífico trabalho — escrito e
 publicado antes do dia 81 de março, isto é, ainda na adm inistração passada — diz
o Dr. Glycon de Paiva, ao descrever os processos de comunização empregados pelos
 “comuno-continuistas” :

          “A nteriorm ente explicamos a associação simbiótica do continuismo e do co­
munismo no Brasil dos nossos dias. Nessa associação, o comunismo é o animal hos­
pedeiro e o continuismo o parasito. Ã associação, o hospedeiro fornece os seguintes
elementos para o sucesso da vida em comum:

          a) organização e devotamento;
          b) técnicos de conflito;
          c) táticas de conquista do Poder;
          d) apôio externo no setor da guerra política e econômica;
          e) plano para a tom ada do Poder.

          O parasito, isto é, o grupo dos interêsses continuistas, coopera p ara a asso­
 ciação com os seguintes valiosos elementos:

          a) ampla base adm inistrativa com acesso e com autoridade aos últimos rin­
              cões do país;

          b) comando monetário e creditíeio capaz de desregular todo o funcionamento
              do sistem a de livre emprêsa;

          c) sistem a de comunicação;”

          A Telebrasil, que esteve sempre presente nos debates e nos trabalhos das co­
 missões legislativas, em Brasília, por ocasião da tram itação nas duas Casas de Con­
 gresso da Lei nQ 4.117 (Código Brasileiro de Telecomunicações), ocasião em que
fêz uma campanha de esclarecimentos entre Deputados e Senadores para que não
 fôssem consumados dois grandes atentados à democracia, viu todo seu esforço per­
 dido quando em meio da peleja veio a falecer o saudoso e bravo Senador Cunha
Melo que, com denodo e bravura, defendia patriòticam ente a livre iniciativa. Nessa
ocasião, a D iretoria da Telebrasil procurou provar que a estatização do serviço te­
lefônico era um passo na direção da im plantação do comunismo no Brasil.

          Dali por diante, a situação foi, todavia, dominada por um grupo de Deputados
com unistas — entre os quais alguns se acham hoje com seus direitos políticos cas­
sados — e o Código de Telecomunicações foi, afinal, aprovado e sancionado com
dois dispositivos altam ente contrários aos interêsses do povo e da iniciativa pri­
vada, a saber:

         a) o estabelecimento do monopólio estçital para os troncos interurbanos;
         b) o confisco do dinheiro do assinante em operações de autofinanciamento, a

              favor de mais uma emprêsa governamental, confisco êsse da ordem de
              30% do valor da tarifa.

         Aos custos de hoje, a assinatura adequada de um telefone deve situar-se
entre 6 a 7 mil cruzeiros por mês, com tendência a aum entar, o que im porta em
dizer que o assinante será espoliado em cêrca de Cr$ 25.000,00 por ano, se o Go-
vêrno de hoje perm itir que êsse dispositivo, ainda não adotado, seja pôsto em vigor.
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