Page 9 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1962
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o Governo, isto é, para o Poder Exe­       A SEREM PAGOS ADIANTADA
cutivo do país, porque, enquanto as       MENTE, dos quais 2 bilhões c 459
despesas propriamente orçamentárias,      milhões já pagos!
que passam pelo crivo do Congresso,
quase se equilibram com as receitas           Para o arroz está o Banco do Bnistil
orçamentárias, as despesas e receitas      (isto é, nós) sustentando um prejuízo
das autarquias que dependem direta        de 2 bilhões e 400 milhões de cruzei­
e unicamente do Executivo,sem cola­       ros, nos dois milhões de sacas distri­
boração do Congresso, estão levando       buídas a Rio e São Paulo.
o país à bancarrota. Como, nessas con­
dições, reclamar maiores poderes para        O Conselho de Ministros, reunido há
o Executivo?                              duas semanas, descarregou sôbre o
                                          BNDE a restauração financeira da Fá­
   Não menos grave é, também do pon­      brica Nacional de Motores, completa­
to de vista político, a circunstância de  mente falida. Estimativa: 10 bilhões.
ter o Govêrno de arrancar das popula­
ções urbanas e rurais de todo o país,        O Governador Carlos Lacerda ha­
de norte a sul, «por impostos ou, pior    via formulado um esquema para a
ainda, pela inflação», os recursos ne­    expansão da rede da Cia. Telefônica
cessários para pagar o déficit resul­     Brasileira, mediante subscrição de ca­
tante dos privilégios e favores injus­    pital pelo usuário. Mas o Govêrno de
tificados de que gozam pequenos gru­      V. Exa. abandonou essa solução, fa­
pos de usuários das estradas de ferro     zendo recair sôbre o BNDE não só o
e da navegação, e de operários das res­   encargo da expansão telefônica como
pectivas autarquias.                      da aquisição do acervo da atual com­
                                          panhia!
                      ***
                                             Junte V. Exa. os recursos exigidos
   Repare V. Exa., de outro lado, a si­   e prometidos â USIMINAS, à COSI-
tuação em que se acha o Banco Nacio­      PA, a FURNAS, â MAFE RSA, à MO-
nal de Desenvolvimento Econômico,         GIANA e «tutti quanti» e veja onde
chamado a suprir recursos (muito su­      irão parar as emissões de papel-moe­
periores a suas possibilidades) a todo    da para sustentar tudo isso?!
o setor, hoje considerável, dos investi­
mentos a cargo das autarquias fede­                                              fe fe fe
rais e empresas mistas.
                                             E os recursos para a prometida re­
   Escorraçado como foi o capital es­     forma agrária. Para uma só fazenda
trangeiro com a famigerada lei de Re­     «do Estado», em Minas, orçou o Sr.
messa de Lucros e com a encampação        Magalhães Pinto as despesas de equi­
de empresas estrangeiras, todo o ônus     pamento e organização em 4 bilhões.
de suprimento do capital necessário á     V. Exa. é bastante atilado para não
expansão da energia elétrica no país      encarar a reforma agrária como a sim­
recai sôbre o BNDE. O ilustre presi­      ples doação de um pedaço de terra a
dente da Eletrobrás declarou, há dois     quem não tem capacidade nem recur­
dias, que, para atender às necessida­     sos para trabalhá-la. Ainda há pou­
des inadiáveis de energia elétrica de     cos dias, falando em Belém do Pará,
1962 a 1965, são necessários 347 bi­      dizia o competente Embaixador Lin­
lhões, enquanto que a receita orçada      coln Gordon:
para o Fundo de Eletrificação é de
47 bilhões apenas!                                 «Maquinaria para agricultura,
                                                fornecimento de fertilizante, cons­
   Nesse meio-tempo, o Banco do Bra­            trução de armazéns, frigoríficos
sil com o BNDE supriram à Comissão              e sistemas de distribuição de ali­
Estadual de Energia Elétrica do Rio             mentos, tudo isso requer investi­
Grande do Sul 3 bilhões e 831 milhões,          mentos, sem os quais qualquer es­
                                                forço visando a uma reforma agrá-
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