Page 13 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1977

P e r t u r b a ç õ e s c a u s a d a s p o r l i n h a s
t r a n s m i s s ã o d e e x t r a a l t a t e n s ã o , e x a m e
d a r á d i o - i n t e r f e r ê n c i a
I — Introdução
0 crescimento dos níveis de tensão
das linhas de transmissão, em parti­
cular após a 2a. Guerra Mundial, veio
permitir que se atendesse, de modo
econômico, ao crescimento acelerado
do mercado de energia elétrica.
Efeitos ambientais adversos, até então
pouco importantes, começaram porém
a se fazer sentir. Pode-se citar: rádio-
ruldo (na faixa AM), ruído audível, in­
terferência em transmissão de TV e na
faixa de rádios FM. Os dois últimos
tipos de perturbações (em frequência
acima de 30 MHZ), são de ocorrência
esporádica e localização restrita a al­
guns pontos e de certa maneira, de
fácil correção. O ruído na faixa de AM
e o áudio-ruído, este principalmente
em tempo chuvoso, são fenômenos
que ocorrem ao longo de todo o per­
curso da faixa, devendo então ser
verificados para as configurações de
linhas estudadas, ao mesmo tempo em
que uma pesquisa de campo identifica
os trechos críticos
populacional, intensidade dos sinais de
rádio-emissoras, clima, resistividade do
solo, etc.).
II — Descrição do fenômeno de
formação de corona
0 rádio e áudio-ruídos resultam da for­
mação do corona, que ê o fenômeno
de ionização do ar em torno de um
condutor de alta tensão. Escapa aos
objetivos deste trabalho uma expli­
d e
e e f e i t o c o r o n a
EDNARDO SOUZA d'AVILA MELO.
Form ado em Engenharia E letrotécnica •e te m b ro /6 9 a junho/1970. am T ro y —
pela Escola P olitécnica da P ontifícia USA. te n d o o b tid o o títu lo de "M a s te r in
U niversidade C atólica do Rio de Janeiro, E lectrical E ngineering” .
em ja n e iro de 1964
Trabalhou em firm a s de p ro je to e c o n s u l­
C urso de Pôs G raduaçáo em S istem a* to ria e concessionárias de energia elé­
E lé trico * de P otência, no Rensselaer P o ly­ trica . Presta serviços a tu a lm e n te á Ita ip ú
te c h n ic In s titu te , durante o período de Blnacional.
cação detalhada do corona, bastando, Embora haja diferenças fundamentais
no caso, mencionar que o processo se entre os fenômenos de ionização
inicia com a acelaração dos elétrons positiva e negativa, o valor do gradien­
livres existentes no meio ambiente te crítico de superfície é praticamente
(resultado da radiação cósmica e da o mesmo para ambas. A formação
rádio atividade natural) pelo campo brusca e o rápido deslocamento de
elétrico criado pelo condutor ener- cargas elétricas nas proximidades de
gizado. Caso o campo elétrico seja um condutor têm como consequência
suficientemente elevado estabelece-se a indução de pulsos de corrente no
o seguinte processo: os elétrons livres mesmo. De acordo com observações
se aceleram o bastante para ionizar, experimentais são os pulsos positivos
por colisão, moléculas. Novos elétrons os causadores de rádio interferência na
são liberados, os quais submetidos ao faixa de frequência até 3 MHZ. Acima
campo elétrico vão ionizar outras molé­ de 10 MHZ os pulsos negativos pas­
culas levando a uma multiplicação pro­ sam a ser os mais importantes, sendo
gressiva do fenômeno, efeito este de­ os responsáveis pelas perturbações
nominado "Avalanche de Townsend". nas faixas de FM e TV.
Para que se tenha como resultado uma
descarga de intensidade suficiente
de modo a causar interferência sig­ III — Métodos de
nificativa, ela deverá atingir um certo pré-determinação do nfvel
valor crítico, cujo critério de deter­ de rédio-ruido de linhas
minação depende da polaridade do de transmissão
condutor:
O estudo da rádio-interferência iniciou-
Condutor com polaridade negativa —
se, na década de 50, pela pesquisa do
neste caso a avalanche dos elétrons
nível de rádio-ruído dos condutores in­
ocorre a uma certa distância do con­
(concentração dividualmente, de modo a permitir uma
dutor e cessa quando o campo elétrico
seleção correta dos mesmos. Devido à
não é mais suficiente para manter o
complexidade do fenômeno, os pri­
processo.
meiros métodos estabelecidos foram
Condutor com polaridade positiva — a de caráter semi-empírico. Eram ba­
avalanche se estabelece na região seados não apenas em resultados ex­
próxima ao condutor, pela "absorção" perimentais, levavam em conta, tam­
dos elétrons, tendo como conseqüên- bém, aspectos tèoricos do efeito
cia a formação de uma nuvem de íons corona. No entanto, apresentavam a
positivos, e tudo se passa como se o desvantagem de serem meramente
condutor apresentasse um "dardo" comparativos, fornecendo apenas a
constituído pelos íons positivos o que variação da RI entre um condutor
irá provocar uma nova avalanche mais tomado como referência e o condutor
adiante. em exame, mantendo-se constantes as