Page 49 - Telebrasil - Agosto/Setembro 2002

RTIGO

A bolha furou a rechear seus balanços com novos

aportes de acionistas.
Das sete companhias analisadas por
Svdney A. Latini “Valor Pesquisa Econômica”, três fe­
charam o ano com patrimônio líquido
s em presas de telefonia de um grande iceberg-, sem venda, o bra­ negativo, ou seja, os ativos não cobrem
A instaladas no Brasil amar­ sileiro está com dificuldades até mesmo as dívidas com bancos, fornecedores,
governos e outros credores. Esta situa­
gam a dura realidade da
para pagar a assinatura básica, que não
inadimplência crescente em um mer­ ultrapassa a casa dos R$ 30.0 mercado ção é resultado do acúmulo de prejuízos,
cado onde a renda dos habitantes es­ enfrenta um problema de venda. Espe­ em grande parte causados também pelas
tagnou, ao contrário das projeções cialmente a telefonia da Banda B. E há despesas financeiras. Essas empresas
otim istas que sustentaram suas novas empresas chegando agora. A acumulavam prejuízos de R$ 7 bilhões
apostas de investimentos. pergunta é: haverá mercado para todas? ao fim de 2001. As dívidas das sete
O otimismo exagerado acerca do A crise da telefonia vai além das operadoras avaliadas somavam R$ 119
potencial do mercado brasileiro, re­ fronteiras do Brasil. bilhões, 13% maiores que as de 2000.
forçado pelo grande crescimento do se­ Estudo recente revela que a soma As vendas cresceram 17,4%, para
tor, gerou etTos no planejamento estra­ das dívidas das principais empresas de R$ 4,1 bilhões, e a geração de caixa
tégico desses investimentos. telefonia do mundo - como AT&T, mais que dobrou para R$ 1 bilhão. O
Analistas e executivos prevêem WorldCom e Bell South - é mais que o melhor desempenho operacional, no
uma temporada de chuvas e trovoa­ dobro do valor da dívida externa entanto, não cobre as despesas finan­
das até o fim do ano. Passou a fase brasileira. As empresas devem US$ 473 ceiras, que subiram 35% com a
do boom da venda de telefones após bilhões. O Brasil deve US$ 232 bilhões. desvalorização do real. Como con­
a privatização. A bolha furou. No Brasil, atualmente altamente sequência, o prejuízo líquido aumen­
Há cerca de 10 milhões de telefo­ endividadas e com o patrimônio cor­ tou 18%, para R$ 2,5 bilhões.
nes na vitrine, ou seja, sem comprado­ roído, as empresas da Banda B já co­
Sydney A. Latini é economista e colaborador
res. A telefonia, aliás, é apenas uma ponta meçaram a consolidar as operações e da TELEBRASIL. salf!s@homeshopping.com.br

Cada telhado uma pequena usina

Ronaldo Mourão telhados, pois quer que cada telhado funcione como uma usina
elétrica. Por estar produzindo, pode oferecer financiamento
com juros baixos, e os credores têm quatro anos para pagar
energia fotovoltaica resulta da transformação di­
A reta da luz em energia elétrica por meio de célu­ sua célula fotovoltaica, cuja garantia é de 25 anos. Depois dos
quatro anos, só há lucro; não há mais nada a pagar. Uma casa
las à base de silício. Para obter um potencial sufici­
ente, as células devem estai' associadas entre si para cons­ de dois quartos, com um telhado médio gera, mensalmente,
tituírem um painel solar. Como os painéis fotovoltaicos pro­ 400 marcos de energia solar. O gasto mensal da residência é
duzem correntes contínuas (como as pilhas), é necessário con­ de 100 marcos. Os 300 marcos que sobram são vendidos para
vertê-las, com ajuda de um conversor, em comente alternativa a rede. E esse tipo de cálculo que vem convencendo cada vez
(comparável àquela dos computadores, das geladeiras etc.). mais pessoas a transformar seu telhado numa usina solar. Isso
Esta tecnologia desenvolvida para os satélites artificiais tomou- é possível porque o Governo alemão acaba de obrigar as com­
se uma solução eficaz para alimentar com eletricidade as re­ panhias de energia a comprarem, por lei, durante os próximos
sidências. Tem uma grande utilidade em diversas aplicações, 20 anos, toda a energia solar produzida, pagando um preço
como nas telecomunicações, no bombeamento de água, na três vezes maior do que aquele que cobra dos seus clientes.
iluminação publica etc. Há alguns anos, certos países da Euro­ Há alguns anos já existe o “Programa dos 100 mil telhados”,
pa empenharam-se em políticas visando acelerar o acesso à que dá crédito barato a todos que querem investir em energia
rentabilidade dos sistemas fotovoltaicos. Assim, Friburgo, na solar. Se deu certo em Friburgo, por que não dará no Brasil?
Alemanha, já possui cerca de 10 mil telhados, todos com pai­
Ronaldo Mourão é pesquisador-titular do Museu de Astronomia e
néis solares. Não são painéis de aquecimento; são painéis fo­
Ciências Afins e candidato a deputado federal.
tovoltaicos. O Governo alemão está programando ter 100 mil www.ronaldomourao.com