Page 4 - Telebrasil - Abril/Maio 2002
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Acharia justo que a Oi começasse a ope­  coisas  muito  interessantes. A primeira   TB — Falando  agora  do  setor como  um
          rar logo, até pelo esforço que foi feito.  foi  conhecer  um  mercado  totalmente   todo, como você enxerga a crise a tu a l?
                                               privado, onde tudo acontece mais rápi­  Foigel -  Além da crise mundial, tivemos
          TB — Sobre a fab ricação  lo cal de term i­  do, ainda por cima no boom de dois anos   no Brasil a diminuição brusca das enco­
          n ais, h á algum a chance d aA lcatel retom ar   atrás; era difícil atender a demanda por   mendas das operadoras, após o esforço
          seus p lan o s?                      produtos e serviços no prazo esperado.   para cumprir as metas de universaliza­
          Foigel  -   Começamos  muito  animados.   O outro lado  interessante foi  ter con­  ção  da Anatei. Dessa  forma,  o  tombo
          Contudo, depois reduzimos o entusiasmo.   tato com a tecnologia em si, que se re­  acabou sendo mais feio do que era espe­
          Isto não aconteceu por causa do Brasil es-   nova muito  rapidamente.    rado. Muitas empresas tiveram de parar
          pecificamente,  mas  porque  houve  uma                                  para  se  reorganizar  e  este  processo  de
          desaceleração  mundial bastante  forte  no                               digestão ainda não terminou. Os forne­
          final do ano passado, o que fez com que as                               cedores, entre eles a Aicatel, não se pre­
          empresas do setor, nós inclusive, repensas­  "Até  que  ponto            pararam para um freio tão violento como
          sem  sua  estratégia. A Aicatel  procurou   empresas  que                o  que  aconteceu.  Então, o processo de
          equilibrar o business em termos mundiais,                                adequação também teve de ser acelera­
          decidindo  terceirizar algumas  de suas fá­  não  façam  2,5G            do,  e  não  gradual  como  esperávamos.
          bricas de handsets. O importante é conse­                                Tivemos de suspender nossa fabricação
          guir ganhos de escala que permitam à em­      perderão                   de comutação para  telefonia fixa, onde
          presa se desenvolver de maneira rápida.                                  há estoques para um ano.
                                                      mercado?"

          TB -  Como você vê a questão da demo­                                    T B - O 3G  decola?
          ra   na  m igração  das  operadoras  a tu a is                           Foigel -  Acho que o 3G sofreu forte atra­
          p a ra  o S M P ?                    TB -  Como você vê a relação entre sua   so na Europa. As licenças foram pagas a
      TELEBRASIL/abril maio  si, mas as complexas regras que estão por   fo rm a  de atuação   e  o  momento  a tu a l   tindo  grande  dificuldade  para justificar
                                                                                   peso de ouro e as operadoras estão sen­
          Foigel -  O problema não é o processo em
      -
                                               da em presa?
          detrás.  Em  tempos  de  crise,  não  é  fácil
                                                                                   o  investimento  feito. Assim, estão bus­
                                               Foigel -   Quando  me  convidaram, vi­
          abrir mão  de  alguma  coisa,  mesmo se o
                                                                                   cando  novas  alternativas. Acredito  que
                                               ram no meu trabalho um perfil que se
          que vem em seguida possa trazer um re­
                                               adequava  a  alguma  mudança.  E,  com
          torno  mais  atraente.  Sabemos,  entretan­
                                                                                   mos  as  primeiras  operadoras  européias
          to, que são os ousados que acabam saindo   certeza, a Aicatel no Brasil e no mun­  no final de 2002 ou início de 2003 tere­
                                                                                   trabalhando  com  terceira  geração.  Há
          na frente dos  outros. Dessa  forma, acre­  do  passava por uma grande  modifica­  também a experiência japonesa feita pela
          dito  que vamos  ter  algumas  operadoras   ção:  deixar de ser um fabricante  mun­  DoCoMo, que é em parte uma terceira
          mais ousadas que vão partir para o SMP e   dial de  “caixas”,  de  produtos, para  ser   geração mais voltada para o público jo­
          evoluir  suas  redes para  o padrão  GSM/   um fornecedor  de  soluções  com  uma   vem, e que deu certo. A Aicatel está indo
          GPRS o mais rápido possível, para sair na   parte pesada  de  serviços  de  engenha­  muito bem neste sentido. Temos 40 uni­
          frente  na  conquista  de  novos  mercados   ria. Esta era a grande mudança de ges­  dades sendo testadas por diferentes cli­
          sem esperar que a economia reaja e que o   tão: focar cada vez mais o cliente e en­  entes no mundo, o que é uma coisa bas­
          mercado volte a crescer, para somente en­  tender o que ele precisa. Vim com a res­  tante  importante.  Outra  coisa  que  for­
          tão fazer a migração de redes.       ponsabilidade  de  mudar  essa  cultura   talece nossa posição é a associação com
                                               aqui na Aicatel do Brasil, como estava   a Fujitsu na Europa.
          TB — Como fo i a experiência de lid erar a   mudando  no  mundo inteiro.
          A icatel, vindo de um setor diferente?                                   T B -E  no B rasil?
          Foigel -   Quando  entrei  para  a  Aicatel,   TB —Isso im plica em modificações estru­  Foigel -  O momento ainda é de conso­
          conhecia muito pouco de telecomunica­  tu rais na em presa?              lidar o 2,5G. A não ser que volte a haver
          ções. Fazia parte do Conselho de Admi­  Foigel -  A Aicatel é uma estrutura tre­  um crescimento econômico de mais de
          nistração da empresa e acompanhava inú­  mendamente viva e em constante mo­  5% ao ano, não acho que haja espaço para
          meras  discussões.  Porém,  tinha  pouco   dificação. A  empresa  procura  se  ade­  3G  antes de 2004. Não por problemas
          contato  com  a  tecnologia  específica  do   quar o mais rapidamente possível à re­  tecnológicos, mas sim por capacidade de
          setor. Em compensação, conhecia bem a   alidade  do  cliente,  o que faz com  que   investimento das operadoras. Além dis­
          parte de contratos e softwares.      você  esteja  mudando  freqüentemente   so, temos de aguardar com atenção o que
                                               sua  estrutura.  E  comum  que,  uma  ou   acontece  na  Europa para  saber exata­
          T B - 0  que m ais o motivou nesta mudança?  duas vezes por ano, haja mudanças em   mente quem será o  usuário  de terceira
          Foigel -   O  cargo  atual  me  trouxe  duas  relação a unidade de negócio.  geração.  Sabemos  que  provavelmente
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