Page 10 - Telebrasil - Março/Abril 2001
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Brasil 2001  pode ter boas perspectivas




           João  Carlos  Pinheiro  da  Fonseca

           Apesar das  quedas verificadas  nos índices  Nasdaq,  dos  rumores  de

           desaceleração  na  economia  dos  EUA,  dos  problemas  na  Argentina  e  da
           estiagem  prolongada,  os  bons  resultados  de  nossa  economia,  em  2000,

           marcaram  o  otimismo  oficial no início  do  ano.


               egundo  o  ministro  da  Fazenda,  Pedro   propósito da exportação da carne brasileira.  garantir crescimento sustentável da economia,
           S   Malan,  em  pronunciamento  na  Câma­  mico se mesclam numa democracia pluralista   especialistas calculam que deveriam se gerados
                                                Para M alan, o político, o social e o econô­
                                                                                  saldos  anuais  positivos  entre  US$  8  e  10  bi­
               ra de Comércio Americana -  RJ e ES
           em dia de posse da diretoria para o biênio 2001/   como o Brasil e nunca um Governo brasileiro   lhões na balança comercial.
          2, a economia brasileira deve crescer este ano a   investiu  tanto  no  social  -   mais  de  60%  do   Energia
           um ritmo de 4,5%.                  orçamento em custeio e investimento de 2001   O   Brasil  deve,  em  2005,  ficar  auto-sufici­
            O  desemprego caiu,  a agricultura teve sa­  -  quanto o de Fernando Henrique Cardoso.  ente  em  petróleo.  Cerca  de  60%  do  petróleo
           fra recorde  de  grãos,  o investimento estran­  O início de 2001 se mostra alvissareiro. Se­  brasileiro vêm do mar, com exploração em águas
           geiro cresceu -  “mostrando crença no Brasil”   gundo a AC RJ, vai haver crescimento econô­  profundas  iniciada  em  1974.  O poço  Marlin
          -  e a importação aumentou, o que é “natural”   mico.  Inflação (4%?), juros (15,25% aa)  e de­  (de  1992)  alcança  781  m  e  o  Roncador  (de
           numa economia dinâmica, disse Pedro Malan.  semprego estão em queda,  mas haverá possí­  1996) fica a 1.877 m. Já se pensa em chegar a
            O  ministro  da  Fazenda  aproveitou  a  pla­  veis  pressões  na área cambial. No exterior, os   3  mil metros.
           téia para  criticar  a  forma “não-correta” com   EUA reduziram  sua  taxa  de juros  (4,75%), o   A matriz energética do Brasil se reparte em
           que  o Canadá  se comportou com o Brasil,  a  Euro valorizou  (apesar  de  problemas  agríco­  hidráulica (38%), petróleo (34%), cana (10%),
                                                  las),  os  preços  do  petróleo  caíram  (mas   lenha (8%),  carvão  mineral  (5%), gás  natural
                                                  podem voltar  a  subir)  e  houve  melhoria
                   Economia  brasileira                                           (3%) e fontes outras (2%). Nossa energia elé­
                                                  na economia da Argentina.       trica é 93% de origem hidráulica -  vulnerável
           PIB  2000              R$  1,2  trilhão             PIB                ao clima —, seguindo-se carvão, óleo combus­
           Crescimento  do  PIB  2000  4%           Depois de três anos em queda, o Pro­  tível, diesel e urânio (1,3%).
           Crescimento  do  PIB  2001  4,5% (previsão)  duto Interno Bruto brasileiro voltou (en­  Firmino Sampaio Neto, então presidente da
                                                  fim)  a  crescer. A  economia  do  País,  ex­  Eletrobrás, disse que não houve década perdida.
           Crescimento  do  PIB  2002  4,5% (previsão)
                                                  pressa pela variação acumulada do PIB a   Em 30 anos, a oferta de energia elétrica cresceu
           Inflação em  2000  (IPCA-IBGE)  5,97%  preços de mercado -  incluindo os impos­  mais que a economia. A usina de Fumas equiva­
           Indústria (receita média)  Cresceu  6,5%  tos  da  produção —,  aumentou  4,2%  no   le  a 25% da produção.  Em  2003,  abrir-se-á a
                                                  ano 2000 em relação a  1999.    competição no setor de energia, com as empre­
           Bens  de capital       Cresceu 12,4%
                                                    O  bom resultado do PIB, no ano que   sas tendo que adquirir (garantir) 85 a 90%, com
           Bens de consumo  duráveis  Cresceu 20,5%
                                                  passou,  decorreu  do  crescim ento  da   contratos de longo prazo e o restante no merca­
           Toneladas  de  grãos  em  2001  91  milhões  agropecuária  (2,9% ),  da  in d ú stria   do spoty para evitar o efeito Califórnia.
           Toneladas  de  grãos  anos  90  60  milhões  (4,79%) e dos serviços (3,61%). Desde o   Possível problema  de  energia  elétrica  será
                                                  quarto  trimestre de  1999, o  PIB  rever­  uma estiagem prolongada.
           Investimento           20%  do  PIB
                                                  teu sua queda relativa, apresentando va­  A indústria consome  43%  de  toda energia
           Desemprego  em  2000   4,8%
                                                  riação positiva.                 elétrica,  seguindo-se  residências  (27%)  e co­
           Desemprego  em  1999   6,3%              O  valor do PIB brasileiro está estimado   mércio (16%). Nosso consumo per capita é de
           Inflação               4,2 %           em  R$  1,07 trilhão, com uma  renda per   2,988  kwh/habitante e ainda há 2  milhões de
                                                  capita  anual em tom o de  R$  6,4 mil  ou   residências sem luz.
           Novos  empregos urbanos  1,5  milhão
                                                  R$ 530 mensais. A renda per capita (mé­      Indústria
           Crescimento das exportações  14,7%
                                                  dia) não reflete a pirâmide distributiva da   Segundo o IBGE, a produção industrial do Brasil
           Exportações de  manufaturados  19%     renda pelo conjunto da população. O seg­  -  acumulada  de janeiro  a dezembro  de  2000 -
                                                  mento de serviços apresentou, em 2000,
           Déficit  comercial  (2000)  R$  600  bi  ?                              cresceu em 6,5%, representando um sucesso fren­
                                                  uma  taxa de  crescimento  de  3,61%  (em   te aos anos de 1999 e 1998 em que houve quedas,
           Exportação (média diária)  Cresceu 25,4%
                                                  1999 cresceu  apenas  1,89%).  O  setor de   respectivas, de 0,7% e 2%, desse índice.
           Importação (média diária)  Cresceu 34%  comunicações, como esperado, foi um dos   Contribuíram para formar a boa média, em
           Superávit estados e  municípios  > que  R$  16  bi  que  mais  cresceu  no  ano  passado,  com   2000, o aumento de 12,7% nos bens de capital,
                                                  uma taxa de  16,85%.
           Investimento externo  (médio)  US$  29  bilhões                         de  6,9% nos bens  intermediários -  petroquí­
                                                    As  exportações brasileiras,  no  entanto   mica, têxteis, combustíveis básicos, autopeças
           Fonte:  P.  Malan,  ministro  da  Fazenda,  em  9 fevereiro  de
                                                  -   em  termos  de  percentagem  do  PIB  -,   -  e  de  3% nos  bens  de  consumo  (duráveis  e
           2001;  IPCA  =  índice  de  Preços  ao  Consumidor Amplo.
                                                  não aumentam na mesma proporção. Para  não-duráveis).
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