Page 8 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 2000

I

Os Painéis Telebrasil

e a congregação do pessoal do setor

O próprio conceito de alguma parte do
Roberto Kresch
mundo tem outro significado agora: não é
mais uma questão de distância - alguns até já
N ã o é preciso repetir -
decretaram o fim da distância nas relações
tantas vezes já com en tado humanas. As universidades agora ministram
cursos para alunos de outras cidades e outros nel. Neste Painel serão debatidos temas de
- que o crescim ento do países (a Universidade de Chicago veio ao cenário futuro, entre os quais: comunicações
Brasil oferecer cursos de pós-graduação em 3G, telefonia IP, e-business, trabalho, estudos
setor das convênio com as melhores escolas brasileiras). e entretenimento on-line e outros.
Diversas empresas, nesse momento, oferecem Sabemos que a agenda de seminários, con­
telecom unicações, no entretenimento (filmes, jogos, música) à dis­ ferências, exposições e feiras está sobrecarre­
tância on demand. Isto é, por escolha do inte­ gada e que todos sentem esse peso. Mas nun­
Brasil, ultrapassou tudo o ressado - em vez de vermos filmes na televi­ ca é demais lembrar o diferencial entre os en­
são por um programa desenhado pelas emis­ contros da TELEBRASIL e os outros even­
que poderia ser esperado, soras, nós poderemos fazer nossa própria pro­ tos - o Painel é o único em que os participan­
gramação de filmes, vendo o que desejamos, tes se encontram em ambiente descontraído,
ch e ga n d o a superar o quando quisermos. onde encontramos altos executivos, autorida­
Se acrescentarmos a isto a possibilidade de des e profissionais, sem o peso de um
desenvolvim ento em q uase trabalho à distância (conheço diversas pessoas formalismo “de conferência”, com significa­
que já executam seus trabalhos em casa, em tiva densidade de escalões decisórios, o que
todos os países do m undo. grande parte do tempo), iremos vislumbrar permite o exercício do networking em alto es­
um mundo bastante diferente do atual: o trans­ tilo. A convivência durante três dias, com even­
reflexo desse crescimento - tam­ porte pessoal talvez perca muito de sua neces­ tos sociais e profissionais, se torna um
O sidade; poderemos habitar longe do local de motivador da participação de gente do setor,
bém bastante mencionado - merece
trabalho e - por que não? - longe dos locais
em particular na era pós-privatização - em
ser analisado sob a ótica social e
habituais de entretenimento e de compras (que
humanista, talvez mais até do que sob a ótica
serão
tecnológica e empresarial. Ninguém pode ne­ obtidos via rede); e, como já menciona­ que os contatos, mais do que tudo, podem
facilitar a geração e a ampliação dos negócios.
gar o significativo acréscimo da quantidade mos, longe do local de ensino. Os Painéis Femininos, por sua vez, acres­
de postos de trabalho ocorrido após a privati­ As cidades poderão sofrer uma grande centaram uma nova dimensão aos encontros
zação do Sistema Telebrás e da abertura de metamorfose, diminuindo de densidade, se — agora as acompanhantes também se reú­
novas concessões para serviços concorrentes descongestionando e, de certa forma, vol­ nem para discutir assuntos de interesse co­
com os das antigas estatais. E mais postos de tando ao que eram há alguns séculos, quan­ mum, dando mais incentivo aos participan­
trabalho significa maior giro na economia, do comportavam uma minoria da popula­ tes dos painéis.
mais gente usando produtos e serviços, maior ção dos países. Esta é a chave dos Painéis TELEBRASIL
produção nas diversas fábricas e empresas de Um outro aspecto que me deixa pensativo é - a congregação do pessoal da área, através da
serviços, que, por sua vez, demandam mais a questão do emprego, tal como veio a ser discussão de temas de interesse comum e do
mão de obra, a qual solicita mais telecomuni­ conhecido após o início da era industrial (lem­ encontro informal dos participantes.
cações, gerando assim maior demanda de pos­ bro que antes disso não havia grandes contin­ E essa chave se tornará cada vez mais im­
tos de trabalho em nosso setor. E por aí afora. gentes de “funcionários” de uma entidade, salvo portante, na medida em que a sociedade evo­
Ora, este ciclo virtuoso, da mesma forma os empregados em serviços domésticos e os luir para a desconcentração, para o distancia­
comentado em vários foros, só é aqui lembra­ servos das cortes). Estaremos voltando à épo­ mento das pessoas, para o fechamento em
do como pano de fundo para outras conside­ ca do artesanato? Se cada um de nós for for­ círculos menores (cada vez saímos menos de
rações a serem feitas sobre os impactos da ex­ necedor de serviços à distância (o que, em tese, casa) e menos contatos pessoais (se é que vai
plosão de “comunicabilidade” que o planeta permitiria que cada um trabalhasse para várias ser assim).
experimenta hoje. organizações), o que seremos se não artesãos? O setor se moderniza e se amplia e a nossa
Um dos aspectos que mais me impressio­ E pensar que tudo isso é resultado da evo­ Associação acompanha essa modernização,
naram, nesses últimos poucos anos, é a possi­ lução do setor em que trabalhamos, setor que adaptando-se ao novo cenário e oferecendo
bilidade da “informação global”. Ou seja, exa­ ajudamos a desenvolver e crescer. Chega a um espaço aos associados: com confraterni­
gerando um pouco, o fato de todo o conheci­ ser emocionante! zação, desenvolvimento técnico e cultural e
mento humano estar disponível para toda a E a Associação Brasileira de Telecomuni­ ampliação de relações.
sociedade, de uma forma jamais vista ou até cações, onde ela se coloca nesse ambiente?
sonhada antes. E até difícil de imaginar que A TELEBRASIL se propõe a catalisar o Roberto Kresch é diretor de Operações da
qualquer coisa que eu deseje saber está dispo­ debate dos assuntos de interesse do setor, in­ Associação Brasileira de Telecomunicações e
nível em alguma parte do mundo, bastando clusive os relacionados com o cenário acima coordenador do Conselho Editorial da Revista
chegar lá eletronicamente. citado, como ocorrerá em G uarujá-X LI Pai­ Telebrasil.
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