Page 70 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 2000
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         Convergência



         e  interoperabilidade


         Salomão  Wajnberg

         A  velocidade  do  desenvoLvimento  tecnológico  da  eletrônica
         vem  aumentando  o  ritmo  de  mudanças  nas  telecomunicações,

          na  televisão  e  nas  indústrias  de  computação  e  de  TI.
           Os telefones celulares estão começan­  Terceira Geração de  Siste­                   disponíveis a um me­
         do a mostrar imagens complexas e, dentro  mas Celulares - o UMTS -                     nor custo.
         em breve, veremos aparelhos celulares ca­  fornecem as possibilidades de                 O ATSC - padrão
         pazes  de  mostrar imagens  de  tevê.  Da  uma faixa larga de serviço em               americano de tevê di­
         mesma forma, a televisão interativa com a  um ambiente interativo sem                  gital -, como proveni­
         rede de telecomunicações, em esquema de  fio, de modo a prover no fu­                  ente de uma tradici­
         interoperabilidade, é neste momento mui­  turo  os  usuários  com  uma                 onal escola na televi­
         to comum. Vídeo na Internet e PCs com  combinação de broadcast puro,                   são, nasceu a partir de
         sintonizadores de tevê digital estão tam­  de multicast e serviços unicast.            um  desejo  regula-
         bém se tornando muito populares.     Ambas as tecnologias já es­                       mentador de se for­
           Atualmente na Europa, com o advento  tão em processo de combina­                     necer televisão  com
         de computadores cada vez mais podero­  ção, e a sua colocação em ser­                  melhor  qualidade
         sos, o display de vídeo full motion passa a  viço, uma meta a ser alcança­             para o telespectador
         ser uma possibilidade real para muitos  da nos próximos anos.                          nos anos 80.
         usuários de computadores pessoais.   A medida em que o novo                              Questões como as
           Quando  cartões  digitais  de  tevê  são  milênio avança, muitos países              especificações do ca­
         adicionados ao PC, este passa a ser uma  estão tomando decisões im­                    nal de retorno,  con­
         set-top-box de alto desempenho, consti­  portantes, com relação a seus                 vergência e interati­
         tuindo  assim uma nova geração de set-  futuros, no campo da televi­                   vidade  com  as  tele­
         top-boxes que será capaz de agir com alto  são digital e das telecomuni­               comunicações,  que
         grau de interatividade, permitindo ao te­  cações.                                     normalmente  for­
         lespectador  um  maior  controle  de   A discussão entre os modelos “televi­ mam o cerne dos serviços de televisão di­
         visualização  nunca antes visto.    são free-to-air versus pay-TV” está se tor­ gital modernos, estão ainda em um está­
           A convergência tecnológica e a intero­  nando mais complexa; e as questões re-  gio  preliminar;  e,  nesta fase  atual,  até
         perabilidade entre a televisão digital e as  gulatórias levantadas pela convergência  agora não  estão aptas para um sistema
         telecomunicações têm conduzido ambos  destes dois  serviços  e destes com os de  de televisão que perdure por todo o sé­
         os setores a efetivarem grandes mudan­  telecomunicações  se  tornam  cada vez  culo XXL
         ças tecnológicas no mesmo sentido.  mais complexas.                      O Japão tem uma longa história em
           Esta convergência, no caso da telefonia   Neste ambiente, a indústria de televi­ inovação  na  área de  televisão.  Seu pa­
         móvel, tem chegado a surpreendentes pa­  são e a de  telecomunicações  e  seus  re­ drão digital de tevê -  o ISDB -, tem por
         tamares em vários países, particularmente  guladores  nos  diversos  países  devem,  base a tecnologia do padrão DVB e pro­
         naqueles que escolheram o padrão GSM.  hoje,  tomar decisões  importantíssimas  cura emular algumas  das  suas  caracte-
           Os altos níveis de penetração e o crescen­  sobre seus futuros.      rísticas-chaves.
         te apetite por interatividade por parte da   O DVB -  consórcio em nível mundial   Entretanto, a filosofia básica do padrão
         indústria de televisão levaram os europeus a  integrado  por  cerca  de  250  emissoras  DVB, que visou um sistema de televisão
         adotar e incorporar padrões existentes nas  broadcasters, indústria de tevê e de teleco­ com completa interoperabilidade e inte­
         telecomunicações para seus sistemas.  municações e órgãos reguladores de vári­  ratividade, não existe no sistema japonês,
           Um dos maiores pioneiros entre os for­  os países -  projetou um sistema de televi­ visto que, até o momento, o País ainda não
         necedores de equipamentos, a Nokia pro­  são que visa facilitar a convergência e a  padronizou sistemas de tevê a cabo e nem
         duziu um conceito de aparelho conhecido  interoperabilidade e assegurar uma abor­ sistemas de telecomunicações móveis de
         como o MediaScreen, que incorporou a con­  dagem com conteúdos em camadas, usan­ terceira geração; somente sistemas a saté­
         vergência entre as três indústrias: de com­  do um máximo de elementos em comum  lite e terrestre.
         putadores, telecomunicações e televisão.  com as telecomunicações.
           Tanto o padrão de tevê digital utilizado   Assim, esses serviços que fazem uso de   Salomão  Wajnberg  é  membro  do  Conselho
         na Europa - o DVB - como o padrão de  infra-estrutura de telecomunicações estão  Editorial  da  Telebrasil  e  presidente  da  Telecom.

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