Page 64 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1998

( ú l t i m a p á g i n a )
T e l e c o m u n i c a ç õ e s e e n e r g i a :
u m c a s a m e n t o s i d e r a l
A té poucos anos atrás, não pas­
saria pola cabeça do m ais
visionário dos físicos a idé­
ia de que energia elétrica e
telecomunicações pudessem compar­
tilhar os mesmos meios tecnológicos e
a mesma fonte emissora. Ainda não
encerramos o século X X e este milagre
tecnológico já começa a tomar corpo.
Aqueles que tiveram a oportu­
nidade de 1er a edição de outubro da
Technolqgical Review", editada pelo
M a s s a c h u s s e t t s I n s t i t u t e
Technology MIT. foram informados
C le o fa s U ch ò a
desta espetacular simbiose tecnoló­
gica - telecomunicações e energia.
Como tem acontecido em todos os fi­
nais do século, por alguma sinero-
nicidado enigmática, estamos diante
de um novo estalo criativo resultante
da convergência o sinergia do conhe­
cimento.
() anunciado casamento das
telecomunicações e da energia tor­
nou-se viável pela ocorrência de dois
acontecimentos. 0 primeiro, muito
recente, consiste na implantação do
Cleofas Uchòa
primeiro sistema global de comuni­
cações móveis, utilizando-se de cons­ semeia. No ano 2050 já se­ f
remos 1 0 bilhões de cria­
turas necessitando de
telação de satélites de órbita baixa, o
delas morando nos países
chamado Projeto Iridium. O segundo energia para viver. 85no
consiste no desenvolvimento, inicia­
do em 1963, de tecnologia capaz em desenvolvimento. Atu­
de transmitir energia por feixes de almente a energia elétri­
microondas. O que têm estes aconte­ ca de que dispomos é ge­
cimentos em comum? rada por: 1) hidroelétri­
Antes do final de 1998 estará cas dispendiosas que afe­
em operação a primeira rede telefô­ tam o sistema ecológico
nica espacial, constituída por 66 sa­ e ocupam grandes exten­
o f télites de órbita baixa, situada a 780 sões de terra; 2) termo-
km de altitude e independente das elétricas utilizando com­
redes terrestres. Neste momento po­ bustíveis fósseis (carvão,
deremos começar a pensar em jogar petróleo e gás natural),
no lixo, juntamente com as chifrudas que se tornaráo escassos
torres dos celulares, lodos os postes, ainda na primeira meta­
cabos, dutos. prédios e equipamen­ de do próximo século e
tos pesados que hoje poluem a crosta que estão saturando de
terrestre. Não existirá um só ponto gás carbônico nossa at­
desta Terra, por mais longínquo e mosfera. contribuindo para o efeito
inóspito, que fique sem cobertura te­ estufa: 3) usinas atômicas, que dei­
lefônica. As comunicações estarão xam terrível espólio de lixo nuclear,
assim universalizadas. Você terá um de alto risco.
aparelho telefônico que - a partir dos Para suprira fantástica deman­
oceanos, dos desertos ou da selva ama­ da que se prevê para o futuro, quan­
zônica - falará com qualquer lugar, do não somente seremos mais nume­
podendo ainda enviar fax e realizar rosos, mas também com maior taxa
transmissão de dados a baixa veloci­ individual de consumo, buscam-se
dade. Chegou o telefone portátil mun­ tecnologias que possam utilizar fon­
dial. Com ele no bolso, você jamais tes inexauríveis e ilimitadas, que não
estará sozinho! Iridium é o maior provoquem destruição ecológica nem
projeto de telecomunicações da atua- apresentem riscos à sobrevivência das
Iidade. Financiado por um consór­ espécies. Imprescindível também que
cio mundial, que tem participação sejam produzidas a preços módicos.
privada brasileira, investe 5.4 bilhões A Academia Nacional de Ciên­
de dólares para colocarem operação cia dos EUA e várias instituições ci­
este sistema - que complementará entíficas mundiais analisam outras
as redes terrestres de com unica­ estratégias, visando a diminuir os ris­
ções. A sede sul-am ericana fio cos e as im perfeições das técnicas
projeto está no Rio de Janeiro. mencionadas, valendo-se de proces­
O problema da energia é mais sos geotérm icos, de células foto-
importante do que o das comunica­ voltaicas, de energia solar, de ener­
ções, pois ninguém pode sobreviver gia eólica, da biomassa e da fusão nu-