Page 45 - Telebrasil - Maio/Junho 1996

Imaginemos um esquema pelo qual O diagrama passa a ser, então, o seguinte, de modo simplificado:

seja dada concessão a entidades parti­

culares para explorarem o serviço de
Feixes de alta
Provimento de Acesso de Telecomuni­ velocidade

cações. As próprias empresas de TV

Feixes de alta
a Cabo poderiam instalar, nos seus
velocidade

centros de distribuição, equipamentos

e software semelhantes aos que hoje

equipam os Provedores de Acesso

Internet. Vamos mais longe, imagi­

nando que a concessão seja dada a

mais de um Provedor Telecom, dentro

de um mesmo bairro.

Isso não é nada de mais, já que está Central de

havendo concorrência entre empresas trânsito

de TV a Cabo (ou, pelo menos, pode­

rá haver essa concorrência), em bus­
Operadoras de telecomunicações
ca dos mesmos clientes. Sabemos que

a essência da competição está centrada

na possibilidade de escolha pelo usu­

ário. E essa competição irá ocorrer, backbone particulares, em con- assinante pagará, então, um valor

mais cedo ou mais tarde. Os assinan­ corrência com as atuais estatais. composto dos valores acima.

tes de TV a Cabo poderão ter, em sua

residência, a possibilidade de ligação Esquema tarifário Para que se possa Conclusão Vemos que é possível

a uma ou outra empresa distribuidora mudar de esquema estrutural, ê neces­ conceber uma organização diferente da

(a menos que o Estado queira conti­ sário, também, que se mude a filosofia atual, mediante a desvinculação das

nuar na política de "reserva de mer­ tarifária, sem o que nenhum novo redes de acesso dos grandes operadores

cado", “distribuição de mercado" ou modelo será viável (aliás, o esquema de backbones* introduzindo, inclusive,

outras “esdruxuliccs" econômicas). atual também não é viável). a concorrência no serviço telefônico

Evidentemente pode-se alegar que não Inicialmente deverá sei revisto o local, o que era, até agora, considerado

será econômico cabear novamente todos conceito de subsídio cruzado. Não é mais tabu, pelos analistas do setor.

os usuários a diversos pontos, em um possível tentar, em uma economia As operadoras de backbones pas­

mesmo bairro. Mas a verdade é que se mundial, com total interpenetração das sarão a \ ender tráfego e não serviços,

houver provimento de todos os serviços redes dc telecomunicações, manter altos o que se justifica em virtude da

de telecomunicações através desses preços dc comunicações de longa distan­ multiplicidade de novas tecnologias e

cabos - e, por que não, incluindo TV a cia, para segurar um nível ridículo de novos tipos de serviços, que ficarão

Cabo - poderá ser atingida um escala tarifas de comunicações locais. muito mais adequados às necessiades

econômica bem atraente. As tarifas, ou melhor, os preços, devem dos assinantes em regime dc concor­

Estamos, então, na situação em que aderir cada vez mais aos custos, o que rência, no âmbito privado. A mo­

os assinantes podem ser ligados a um significa dizer que as comunicações dernização e a evolução se fazem mais

ou mais Provedores de Acesso Tele­ locais não poderão ser subsidiadas. Dessa rapidamente nessa área do que na de

com, que atendem a áreas mais ou forma, se garantirá, de um lado, a backbones (em especial em relação às

menos reduzidas, ( omo se faz o rentabilidade da exploração do backbone características funcionais dos ser­

transporte das ligações desses assi­ (sem repasses como os atuais) c a viços), e a agilidade das empresas de

nantes entre sí e com o mundo? viabilidade da exploração das redes de menor porte, privadas, é mais com­

acesso (Provedores de Acesso). patível com essa atualização.

Interligação dos provedores Aí A nova estrutura será a seguinte: E necessário enfrentar os novos

é que entra o papel das operadoras de Os Provedores de Acesso cobrarão tempos com coragem e imaginação,

telecomunicações. Essas empresas se um valor que remunere a implantação não esquecendo que o advento da

encarregarão de efetuar o transporte das redes de acesso (valores que telefonia celular, hoje, e dos sistemas

de mensagens entre os Provedores, poderão ser diluídos, no caso de PCS e das redes de satélites de baixa

vendendo tráfego , o que poderá ter utilização múltipla - p. ex.: em conjunto órbita, amanhã, já estão subvertendo a

uma relação custo-benefício muito com TV a Cabo) e dos equipamentos velhas teorias, do tempo do “monopólio

melhor do que os sistemas de hoje. Os de acesso. Os valores serão função do natural". Isso. antes que sejamos atro­

troncos de alta velocidade, as centrais tempo de utilização, independen­ pelados pelos acontecimentos, sem

de trânsito e tudo aquilo que é voltado temente da distância em que se en­ preparo prévio. TT

para o transporte de comunicação por contrar o assinante B.

atacado, serão a área de excelência das Os operadores de backbones co­ Roberto Kresch - Engenham cie Teleco­

empresas de telecomunicações. Esse brarão um valor que remunere seus municações. com pós-graduaçào em

é o reino dos ATM, SDH c outras investimentos em equipamentos e Análise ele Sistemas Exerceu os cargos

tecnologias relacionadas com grandes dispositivos, em função da banda de Secretário de Planejamento do

feixes e grandes tráfegos. passante e do tempo de utilização. MINI COM, chefe do depto de Engenharia

A privatização do sistema de tele­ Poderá haver, em ambos os casos, de Comutação da antiga CTB. Diretor

comunicações poderia, inclusive, um valor de franquia, isto é, um valor Técnico da Coemisa Comunicações,

começar por aí. Os acessos seriam mínimo a ser cobrado, com direito a Diretor Executivo da Standard Elettónica

liberados para entidades privadas, um certo número dc minutos (ou S.A. e é. atualmente Consultor nas áreas

permitindo-se a construção de redes horas) dc utilização mensal. O de telecomunicações e informática

Ma» /Jur '96 Teíebto? 45