Page 22 - Telebrasil - Maio/Junho 1996
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ESPECIAL
João Carlos Pinheiro da Fonseca
Fotos: Flávia Lobo
Uma das preocupações da Telebrás é saber até que ponto o
rádio celular fixo é considerado seriamente pelos operadores mundiais como
um sucedâneo da rede fixa ou se é apenas um “quebra-galho” voltado
para as administrações do terceiro mundo.
E sta questão foi levantada pelo no caso do Brasil as tarifas da telefonia guntou Luiz Carlos Bahiana. Sim, foi
presidente da TELEBRASIL,
fixa estão muito baixas e deveriam ser
a resposta unânime dos fornecedores
Luiz Carlos Bahiana Junto aos
aumentadas.
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de celular radiofixo presentes ao
palestrantes do Encontro sobre Rafael Steinhauser, da Qualcomm, Encontro Telebrasil. |
telefonia urbana celular fixa pro previu que até o ano 2010 metade dos Ludgero Pattaro, da Pirelli, disse que
movido pela entidade. Helder Santos e acessos da rede mundial de tele solução wireless é bem-vinda mas que
Joecir Susin, da Ericsson, disseram comunicações serão do tipo sem fio. ela tem seu nicho de mercado. Ele
que a tecnologia celular fixa, baseada Para ele, o Wirelles Local Loop está lembrou que armários inteligentes, com
no padrão DECT, é um proposta séria longe de ser “quebra galho” e sim é estágios remotos de comutação, inter
de vários fornecedores competindo uma boa alternativa para países do ligados por um anel de fibra óptica
entre si — e já está em uso em países Terceiro Mundo. É preciso optar por oferecem uma boa solução para a rede
escandinavos — e que ele constitui tecnologia que não fique obsoleta e que de acesso. O DECT (Digital Enhanced
uma solução para aumentar nossa seja respaldada por um número sufi Cordless Telephonè) nada mais é do
baixa densidade telefônica. Terminais ciente de provedores. A qualidade do que um simples PABX e não é, em
celulares fixos devem ter a mesma celular fixo deve equivaler ao rede fixa. absoluto, uma panacéia universal,
qualidade e receber o mesmo trata Não deve haver duas categorias de afirmou o executivo. Para Aldemar
mento tarifário, dado aos demais usuários e as tarifas devem ser as Parola, da Zetax, “todas essas solu
terminais fixos. mesmas. ções são, afinal, para levar a comu
Para Javier Romeu, da Motorola, a — “Caso se abra a oportunidade — tação mais perto do usuário”,
tecnologia celular fixa é a solução para respaldada por editais ou outras
países com densidade baixa de usuá formas de licitação — para instala Debates
rios. As freqüências deveriam ser ções em celular fixo, sua empresa se Na fase de debates do Encontro
abertas sem custo para o operador e engajaria nesta concorrência?” per- Telebrasil, discutiu-se a posição do
padrão DECT. Segundo Joecir Susin e
Helder Santos, da Ericsson, o DECT
Luiz Carlos não é uma extensão do conceito de
Bahiana, PABX sem fio e sim um padrão
presidente da destinado a dar certa mobilidade ao
Telebrasil, dirigiu usuário da telefonia pública. A Ericsson
perguntas ganhou, em 1994, contrato para meio
específicas aos milhão de celulares fixos na Malásia.
palestrantes Mário Baumgarten, da Equitel,
durante observou que o padrão DECT nasceu,
o Encontro. em 1988, da incompatibilidade de
telefones residenciais sem fio. O DECT
passou a ser desenvolvido na Europa,
nos moldes coletivos do celular GSM
(Global Special Mobile) e hoje e
suportado pela Alcatel, Ericsson.