Page 30 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1994
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P O D E R F A L A R S E M P R E
A revolução das telecomunicações
ainda está por vir. O indivíduo vai
ter seu terminal portátil e vai
poder falar — e mandar dados — de
qualquer lugar que estiver, do subsolo
do edifício do Senado Federal, em
Brasília, aos confins do pico da Ne
blina, na divisa do Brasil com a
Venezuela.
Takakuni Kuki, da NEC, desde 1974
trabalhando em telefonia celular, dis
correu sobre o sistema FPLMTS ou
"sistema futuro para comunicações ter
restres móveis”, objeto de estudo do
grupo 8/1 da União Internacional das
Telecomunicações-UIT. Também con
hecido como IMT 2000 ou “international
mobile telecommunications”, até o ano Carlos Duprat, da Telebrás Takakuni Kuki, da NEC
2000, o conceito do projeto é prover a
comunicação móvel, a qualquer
momento e lugar, definindo um inter
face mundial para o sistema rádio. base de dados distribuídas. tema celular, com quatro pontos de
— "O FPLMTS é muito mais que o — “ Olhando para o futuro, uma transferência de sinalização, incluindo
atual sistema celular. Este tem seu ter plataforma de controle de serviço tele Florianópolis que poderá servir aos
minal mais voltado para telefonia e sua fônico será bem diferente do que ela é países do Mercosul; e comentou que o
capacidade de “roaming” (navegação) hoje. Ela será integrada por um progra sistema Safra ou “sistema de acesso
entre células é limitado. A filosofia do mador, que criará o ambiente computa fixo via rádio” oferece um mercado
novo sistema IMT 2000 é otimizar e cional para o serviço; por um enge ainda melhor que o da mobilidade. “0s
integrar as comunicações rádio que nheiro, que será o arquiteto do serviço países do 3o mundo podem garantir um
porventura existam — como celulares, telefônico; e por um operador, que co nicho mercadológico com o celular fixo
radiochamada, telefones sem fio e out nhecerá todos as manhas da base de e o serviço público avançado de TCs
ras — acrescentando-lhes nova dados", previu Raul Rodrigues. rurais ou Ruralcel”, lançou o planejador.
arquitetura de comando” , frisou o Ama do Coutinho, da Promon e Mas, também, há problemas, quei
palestrante, explicando que o novo sis Hector Salgado, da Northern, enfo xou-se Duprat. O Sistema Telebrás está
tema irá se valer de feqüências na faixa caram o projeto da central brasileira amarrado ao processo licitatório gover
de 2GHz, adotadas com esta finalidade Trópico— hoje fabricada pela Promon, namental, que é lento; a compras com
na conferência mundial de rádio, Sid e Alcatel — com a Promon optando partilhadas que pulverizam o poder de
WARC92. por adapta-la para aplicações rurais. O compra da Telebrás; e a prazos de ma
Raul Rodrigues, da Tandem, centrou projeto da Promon/ Northern contempla turação de projetos que são longos
sua palestra no impacto que megapro- um serviço celular fixo, de célula única demais. Sobre a pressão de fornece
jetos, como o GSM ou sistema celular e sem “hand-off”. Para tanto, a Promon dores e operadoras para digitalizar
pan-europeu, causaram na indústria desenvolveu novos módulos para a nossa rede celular, o técnico da Tele
fornecedora de equipamentos e nas central Trópico, enquanto que a brás afirmou que — salvo um problema
operadoras de sistemas de telecomuni Northern integrou sua estação rádio fora da curva, no Jardim Paulista - o
cações. Ele mostrou que um dos base (ERB), ao sistema. sistema ainda pode permanecer ana
maiores desafios da indústria das tele Arnaldo Coutinho defendeu o uso da lógico e que o custo de sua migração
comunicações será compatibilizar os instalação celular fixa, como solução paa o digital irá, afinal, ser arcado pelo
interesses múltiplos das operadoras economicamente correta para o am usuário final do serviço.
telefônicas, das operadoras de tevê a biente rural. Uma instalação comparti Sobre a pendenga entre as tecnolo
cabo, das redes inteligentes, das comu lhada, com base no sistema celular gias digitais CDMA e TDMA, Duprat foi
nicações pessoais por satélite e dos fixo, conduz a custos de US$2,5 a US$3 categórico ao afirmar que “a posição
sistemas celulares. mil por assinante que é mais barato que firme da Telebrás é a de ter um único
Para tanto, o trabalho dos grupos os USS5 mil de um usuário de telefonia padrão para efeito de escala de pro
de padronização de telecomunicações, fixa utilizando meios rádio conven dução local e de unificar o roaming
da UIT, será cada vez mais importante cionais. Hector Salgado tratou do automático celular” e ambivalente ao
na definição de arquiteturas, com blo enlace de linha local, sem fio, que é dizer que “a estratégia da Telebrás foi
cos e interfaces padronizados e “mais barato e flexível do que levar um propor ao Minicom, a tecnologia
dotadas de elementos inteligentes, par de fios de cobre até o assinante”. CDMA, que não existe e assim tirar a
com base no uso de software. Ele citou, Finalizando o XXIX Painel, Carlos pressão para a digitalização celular.”
a propósito, a rede WIN ou “wireless Duprat, da Telebrás fez uma retrospec O XXIX Painel foi encerrado pelo
intelligent network” como uma rede tiva do celular no Brasil; elogiou o secretário executivo do Minicom, Jorge
para comunicações, sem fio, contendo “"roaming automático" de nosso sis Jardim. (J.C.F.)