Page 57 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1993
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rádio & teví







































                       ois  seminários  técnicos  —  um  da
             D


                       SET-Sociedade  Brasileira  de  En­


                       genharia  de  Televisão  e  outro  da


                       ABERT-Associação  Brasileira  de


            Rádio  e  Televisão  —  reuniram ,  du-



 !         rante  dois  dias  no  hotel  Copacabana


 j         Palace empresas,  técnicos e outros in­



           teressados  para  discutir  o  rádio  e  a


           televisão  no  Brasil.  Em bora  prepara­


           do  para  discutir  tecnicalidades,  o  Se­


           cretário  Sávio  Pinheiro,  do  Ministé­



           rio  das  Comunicações,  não  se  escu­


           sou  de  falar  sobre  um  assunto  essen-



 !         cialmente  político  e  que  está  na  o r­


           dem  do  dia  entre  as  questões  mais


           candentes  da  televisão  no  Brasil:  a


           exploração  comercial  da  TV  a  cabo.


           Abaixo,  sua entrevista.



                  Entre ricos  e pobres,  o  Brasil  é um


          dos  raríssimos  países  do  m undo  que                                                                                                Pessoalmente,  o  Secretário  consi­                                                                                   múltiplas  nuances,  a  tendência  então



          ainda  não  tem  uma  lei  para  a  TV  a                                                                                      dera  que  o  assunto  TV  a  cabo  deve                                                                                        é  a  DisTV  ir  assumindo  o  lugar  da


          cabo.  Existe  apenas  uma  regulamen­                                                                                         ser  tratado  aqui  como  o  é  no  mundo                                                                                       TV  a  cabo,  funcionando  igual  a  uma


          tação,  a  nível  de  portaria,  do  velho                                                                                     inteiro,  ou  seja,  como  um  serviço  à                                                                                       TV a cabo,  mas sem  poder gerar  pro­



          ministério das  Comunicações,  tratan­                                                                                         comunidade,  onde  ela  tem  acesso  ao                                                                                         gramas.  Desse  m odo,  a  comunidade


          do de um serviço cham ado DisTV (dis­                                                                                          sistema,  não  só  para  dele  desfrutar                                                                                        fica sem  poder se expressar pela TV  a


          tribuição de TV  por cabo).  Com  base                                                                                         mas  também  para  utilizá-lo  em  seu                                                                                          cabo,  já  que  isso  implica  na  geração



          nesse  tipo  de  portaria  foram  dadas                                                                                        favor.  Quer dizer,  na  verdade  não  há                                                                                       de  programas.  Para  tanto  é  necessá­


          no  passado  cerca  de  100  permissões                                                                                        nada  de  novo;  a  idéia  é  que  ele  aqui                                                                                    rio  uma  lei  ou,  no  mínimo,  uma  re­


         que  são  as  que  existem  no  Brasil.  A                                                                                      funcione  como  funciona  nos  outros                                                                                           gulamentação  maior,  que  não  existe.



         diferença  básica  entre  a  TV  a  cabo  e                                                                                     países. No momento, o Deputado Jor­                                                                                                     Historicamente, a discussão se con­


         a  DisTV  é  que  esta  última  não  pode                                                                                      ge  Maluly  Neto  (PFL/SP)  está  cui­                                                                                           centra no  tem or da  criação  de  m ono­



         gerar programas. Nesse contexto é que                                                                                          dando  do  assunto  na  Câm ara,  por­                                                                                           pólios.  Privados  ou  estatais,  eles  são


         algumas  empresas  com praram   algu­                                                                                          que  é  assunto  afeto  ao  poder  legisla­                                                                                      considerados danosos.  Enquanto  não


         mas  dessas  permissões,  que  já  exis­                                                                                       tivo  e  não  ao  executivo.                                                                                                     há  uma  lei,  milhares  de  empregos  e



         tiam,  e  eventualmente  partiram   para                                                                                                Segundo Sávio Pinheiro, o  público                                                                                      serviços  deixam  de  ser  criados.  “ O


        o cabeamento de algumas áreas.  “ Eu,                                                                                           brasileiro  espera  pela  TV  a  cabo  há                                                                                        ministério cuida da parte técnica,  po­



        particularmente,  não  sei  se  a  Globo                                                                                        20  anos  e  não  deveria  mais  ser  pena­                                                                                      lítica  e  administrativa,  mas  não  da


        ou  quem  quer  que  seja  já  fez  isso,                                                                                       lizado  com  a  ausência  desse  serviço.                                                                                        comercial,  por  isso  não  temos  como


        porque  essa  não  é  a  minha  área  de                                                                                        “ Espero que o Congresso consiga apro­                                                                                           dimensionar a demanda reprimida que



        atuação  no  M inistério  das  Com uni­                                                                                         var  uma  lei  que  promova  a  competi­                                                                                         o  impasse  gera’’  inform a  o  Secretá­


        cações.  Caso  ela  esteja  cabeando  al­                                                                                      ção  nesse  setor  em  benefício  do  pú­                                                                                         rio.  Investimento muito alto,  que não



        guma  área,  provavelmente  o  faz  as­                                                                                         blico.  A Argentina, o Uruguai, o Chi­                                                                                           se  recupera  em  menos  de  cinco  ou


        sociada a alguma permissionária, usan­                                                                                         le  a  Venezuela  e  todos  os  demais  paí­                                                                                      dez  anos,  seja  em  cabo coaxial  ou  de


       do  a  rede  pública,  isto  é,  alugando                                                                                       ses  da  América  Latina  têm  TV  a  ca­                                                                                         fibra  óptica,  a  TV  a  cabo  no  Brasil,



       meios  da  Telerj.  O  que  sei  é  que  isso                                                                                   bo,  só o  Brasil  não tem,  o  que resulta                                                                                       ainda  enfrentará  muita  discussão  até


       já acontece em  vários  lugares  do  Bra­                                                                                       num grande paradoxo, porque de lon­                                                                                               —  com  perdão  pelo  trocadilho  —  ser



       sil  há  algum  tem po,  não  é  de  hoje’’,                                                                                    ge,  o  Brasil é o maior  mercado de TV                                                                                           levada  a  cabo. v


       disse  o  Secretário  Sávio.                                                                                                    a cabo de toda a América  Latina.  Em                                                                                                                                                                                    (R . N . H              .)



              O  serviço  m undialm ente  conheci­                                                                                     vez  de  exportar  serviços  de  TV  por


       do como  TV  a  cabo,  não  tem  legisla­                                                                                       assinatura,  o  Brasil  im porta,  inclusi­



      ção no  Brasil.  O assunto está no C on­                                                                                         ve  de  países  como  a  A rgentina’’,  de­


      gresso  e,  por  ser  m atéria  de  lei,  não                                                                                   clarou.


      tem  nenhuma  chance  de  ser  conside­                                                                                                  Os entraves são meramente ideoló­



      rado  na  próxima  revisão  constitucio­                                                                                        gicos e,  digamos,  filosóficos.  Corren­


      nal.  Cabe  ao  Congresso  (Câm ara  e                                                                                          tes  de  esquerda  e  direita  fizeram  com                                                                                          ’   A n u n c i e   n <



      Senado)  fazer  uma  lei  sobre  o  assun­                                                                                      que a questão  da TV  a cabo  no  Brasil


      to. “ No ministério das Comunicações,                                                                                           nunca avançasse. Como é um empreen­


      na  medida  em  que  sejamos  solicita­                                                                                         dimento  que  não  se  consegue  fazer                                                                                                                      R e v i s t a


      dos,  como  sempre  o  fizemos  —  já                                                                                           isoladamente, exigindo uma ampla par­



      que somos  o  órgão  que,  digamos,  do                                                                                         ticipação,  fica difícil.  Interessante no­


      ponto de vista da regulam entação mais                                                                                          tar  que  ninguém  é  contra  a  TV  a  ca­



      conhece  o  assunto,  pois  dele  trata­                                                                                        bo,  a  grande  controvérsia  reside  em                                                                                                         T e l e b r a s i l


      mos  no  nosss  dia-a-dia  —  daremos                                                                                           como  fazê-la  no  Brasil.  Com  muita


      nossa  contribuição’’,  garantiu.                                                                                               divergência  envolvendo  o  assunto,  de
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