Page 17 - Telebrasil - Março/Abril 1993
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tum de energia. É o Princípio da In vidade. Albert Einstein, aos 16 anos Por outro lado, as Leis da Física são
certeza postulando que a resposta é de idade, concluiu que as durações imutáveis, como postulou Einstein, e
necessariamanente alterada pela per temporais e as distâncias espaciais não a velocidade da luz é uma velocidade
gunta. Isto impede que o mundo físi eram grandezas absolutas e que espa limite e absoluta. Para um observa
co seja totalmente conhecido. A rea ço e tempo se relacionavam, ao se dor que viajasse próximo da veloci
lidade é, na verdade, intrinsicamente deslocar o observador em relação ao dade da luz o tempo pareceria mais
incerta. objeto observado. lento se comparado com um observa
— “ No mundo do infinito peque Luiz Alberto de Oiveira disse que dor que permanecesse parado. Um as
no, um átomo pode ser observado quer o cenário da relatividade muda con tronauta que caminha em direção ao
como uma partícula localizada ou en forme a posição do espectador. Espa Sol vê o astro como um disco azul e,
tão como uma onda que caminha. Par ço e tempo são ativos e influenciados ao se afastar, como um disco vermelho.
tícula e onda são equivalentes e é o pela distribuição da matéria em sua Einstein, não satisfeito em estabe
observador que muda sua percepção” , vizinhança. Os personagens — a ma lecer a teoria que tratava da intera
dizem os físicos quânticos. Nesta no téria — pode ser criada ou destruída, ção entre espaço e tempo — a relati
va física, ao saber a posição atual de tal como percebido pelo espectador. vidade restrita — postulou que as mo
um átomo não se sabe, contrariando dificações das propriedades geométri
o paradigma clássico, aonde ele vai cas espaço-tempo são equivalentes a
dar. Sabe-se, apenas, a probabilidade uma força, a gravidade, e generali
que ele tem de alcançar, no futuro, zou sua teoria. O Sol, segundo ele,
determinada posição. Por outro la deveria curvar a dimensão espaço-tem
do, ao conhecermos o movimento de po em torno da terra, o que foi veri
uma onda é possível determinar para ficado posteriormente no eclipse de
onde ela caminha, mas sua origem 1919.
permanece determinada. É o princí — “ Einstein foi o último dos gran
pio da incerteza, visto sob outra for des físicos clássicos. Ele acreditava que
ma. No mundo sub-atômico, é como o mundo tinha um comportamento
se a realidade — por causa da inter determinista e que a teoria quântica
ferência do observador — fosse in era incompleta. Hoje, o pensamento
completa. da física moderna, baseada em expe
rimentos, é que o mundo, de fato, é
Quântico indeterminado, como quer a teoria
quântica” , concluiu Luiz Alberto de
Outras coisas curiosas acontecem Oliveira.»
no cenário quântico. Na física clássi (J.C.F)
ca, um objeto distante não afeta uma
experiência local. Na mecânica quân Formação dos planetas, visto pelo planetário
Hansen, cm Utah,
tica, a medição efetuada num ponto
sempre será afetada pela matéria exis
tente. Uma experiência ilustra o fato:
Um átomo — convenientemente ex
citado — produz dois pacotes dc ener
gia luminosa que saem dele em dire O Universo que não fez Bang
ções diamctralmente opostas. Obscr-
vou-se, experimentalmente, que a po
larização da luz desses feixes, por mais Nosso Universo, perceptível, é or do vazio. Outros Universos podem, as
distantes que fossem os pontos obser ganizado cm torno de 100 milhões de sim ter surgido, no que não seríamos
vados, era, sempre, de sinais opostos galáxias, com 100 milhões dc estrelas únicos.
como se a matéria trocasse informa cada uma. Seu diâmetro está estimado Einstein, um físico determinista e
ção e não apenas ações (energia). em 15 bilhões de anos-luz sendo que não quântico, considerava que o nas
No universo clássico, o vazio é a um ano-luz corresponde a 9 trilhões de cimento de uma vida inteligente, não
região que interrogada pelo observa quilômetros. A totalidade deste mun era obra do acaso. “Deus não joga
dor se mostra destituída de corpos e do organizado, incomensurável, está em dados”, dizia ele. Mas para os físicos
franca expansão, com as galáxias se
quânticos, a vida é um projeto em or
onde não reina nenhuma atividade. afastando rapidamente uma das outras. ganização, num mundo caótico. Para
No universo quântico, o vazio se de Os cosmólogos gostavam de expli Luiz Alberto de Oliveira, a vida é uma
fine como a região que interrogada car o início do Universo pela teoria do membrana que assimila o ambiente e
pela observação responde com um re Big-Bang. Para eles, todo espaço-tem se automodifica. Ela evolui por arran
síduo de incerteza. Luiz Alberto de po do Universo esteve concentrado num cos e a Natureza continua nascendo,
Oliveira expressou-se: “ no vazio quân mesmo ponto inicial. Nesta situação, morrendo e evoluindo.
tico reina uma quase atividade. O va havia um ((lá fora ” sem nenhuma ma Mesmo que a matéria-energia esti
zio quântico é cheio. Entre os inter téria, como postulava o vazio clássico. vesse concentrada num só atomo, isto
valos da troca (quântica) de pacotes Hoje, influenciados pela teoria quân não provaria que houve uma única ex
tica, acham os cientistas que o vazio
de energia, partículas podem quase inicial, o “lá fora ”, está cheio da “qua- plosão inicial, espalhando galáxias pa
ra todo lado. É preferível pensar como
surgir e o vazio quântico é uma re se-existência” da matéria. Dizem eles o escritor Jorge Luís Borges que vê a
gião da mais intensa atividade” . que se a matéria se expressa por paco natureza como se “ela tivesse um esto
A perturbação introduzida por um tes quânticos, um observador não po que de idéias que aos poucos vão sur
observador sobre o objeto observa de saber o que acontece entre a emis gindo”.
do, ensejou o nascimento da mecâni são de tais pacotes, daí o conceito da
ca quântica. A observação de um mes quase-existência. Nosso Universo teria
mo fenômeno por observadores dis surgido do acaso, por uma flutuação
tintos, deu origem à teoria da relati