Page 7 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1992
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A Qualidade e a Produtividade
nas Telecomunicações
Douglas de Macedo de Mesquita
(Presidente da Telesc e diretor da Telebrasil)
Programa Brasileiro de Qualida sumidor cada vez mais amplo e ávido processos operacionais.
0 por novos produtos. Há alguns anos grande negócio das telecomunicações
de e Produtividade-PBQP, lan
Havia uma expectativa de que o
çado em novembro de 1990, é um
as empresas de prestação de serviços
passo importante na busca da mo
telefônicos estão voltadas a novas tec
fonia celular. Nos dias que correm, a
dernidade que tenta orientar o cami nologias com o intuito de melhora até o final do século XX seria a tele
nho da economia brasileira nos ru rem a sua eficácia e eficiência, mas GIR passou a ser também considera
mos do primeiro mundo. Apesar das muitos dos benefícios esperados não da como um grande agente da otimi
guerras, dos conflitos sociais, dos pro têm se concretizado: a introdução de zação dos diversos serviços ofereci
blemas ambientais e das crises econô novas tecnologias não tem sido acom dos pelas operadoras.
micas, o mundo progride e se desen panhada pelas preocupações com a Nos Estados Unidos, por exemplo,
volve cada vez mais. organização e as consequências hu os sistemas de suporte de operação
A responsabilidade de tudo isso es manas na introdução dessas tecnolo eram manuais até o decênio de seten
tá repousada sobre os ombros do ho gias. ta. No decênio seguinte, foram auto
mem: ele, que é o responsável pela Externamente, a organização deve matizados e, na atualidade, estão sen
existência do sistema econômico e que estar atenta às condições econômicas do integrados. Na Inglaterra, a Bri-
anima e conduz esse mesmo sistema, da região e do país onde operam; às tish Telecom está implantando a ad
vem buscando a sua valorização co decisões governamentais; à expectati ministração da rede como resposta ágil
mo trabalhador e como consumidor. va do consumidor; à possível compe às demandas externas crescentes. O
O avanço da tecnologia vem mudan tição; ao relacionamento com os for esforço de substituição e moderniza
do as relações de produção e, hodicr- necedores e, tudo isso, sob o manto ção da planta de telecomunicações em
namente, a qualidade passou a ter um evolutivo da ciência e da tecnologia. todo o planeta parte do princípio que
valor bem maior do que o simples Internamentc, a atenção deve ser vol qualidade, produtividade, novos ser
incremento da produtividade. tada à gerência de mudanças, que de viços e maior satisfação dos usuários,
Segundo o professor J.M.Duran, ve abranger todo o quadro funcional dependem de uma gerência integrada
“o nível de satisfação alcançado por numa visão clara c objetiva da políti de rede como suporte fundamental.
um determinado produto no atendi ca a ser adotada, envolvendo a todos Considerando que, no Brasil, o con
mento aos objetivos do usuário, du no conjunto das novas diretrizes, pa ceito,(dc gerência integrada está co
rante o seu uso, é chamado de ade ra que as mudanças possam alcançar meçando a ser defendido de uma ma
quação ao uso. Este conceito de ade os benefícios esperados. Prestar mais neira crescente entre as operadoras, é
quação ao uso, popularmente conhe c melhores serviços detona uma cons natural que aquelas que assumirem a
cido por alguns nomes, tal como qua ciência coletiva de que requisitos de vanguarda desse processo de moder
lidade, é um conceito universal apli produtividade e qualidade são funda nização levarão uma considerável van
cável a qualquer tipo de bem ou ser mentais para a sobrevivência das or tagem sobre as outras, não só na ma
viço” . ganizações. As que não mudarem an nutenção de sua concessão, como pa
Sob o prisma histórico, a aborda tecipando situações e nem se desen ra expansões futuras.
gem do controle de qualidade era cor volverem em resposta a mudanças no Fica lançado mais um desafio em
retiva até o final dos anos 50. A par ambiente, tendem ao fracasso. nome da qualidade e da produtivida
tir de então, até o início dos anos 60, No Sistema Telebrás-STB, a expan de: equiparar as pessoas com conhe
0 enfoque passou a ser preventivo. são e a modernização foram, até ago cimento e habilidade necessárias para
Atualmente, o controle de qualidade ra, direcionadas ao aumento de ter trabalhar eficientemente num ambien
total, agregando as visões do passa- minais e à capacidade de escoamento te de mudanças em que o rápido de
up, identifica igualmente a preocupa do tráfego da rede, objetivando eli senvolvimento de softwares traduz o
do com a qualidade do projeto, in minar a procura reprimida pelos ser avanço da tecnologia na direção do
serindo-se aí aspectos inerentes à ge- viços de telefonia. O século XXI está consumidor, cada dia mais exigente
rencia e à motivação do quadro fun- às portas e o futuro leva à preocupa dos serviços de telecomunicações.
cional. Concrctamentc, a qualidade ção do uso e exploração de novas tec É verdade, porém, que introduzir
deve ser planejada, executada com nologias para reduzir custos e melho um sistema de qualidade total numa
acompanhamento sistemático e ava- rar a qualidade dos serviços para os empresa não ocorre repentinamente,
,ada como parte da política e da es- usuários. Neste sentido, as operado apesar de, nacionalmente, se reconhe
,rategia empresarial. ras em todo o mundo estão investin cer hoje que tal assunto é prioritário
As telecomunicações inserem-se no do maciçamente na implantação da - para as empresas, quer sejam produ
robito dos setores de grandes con como está sendo chamada em nosso toras de bens ou de serviços. Por is
quistas tecnológicas. Atuam numa área País - Gerência Integrada de Rede- so, a grandeza do desafio: preparar
e inovações grandiosas e contínuo GIR, por meio do desenvolvimento operacionalmente o setor para o sé
^Perfeiçoamento na prestação de ser- de Sistemas de Suporte à Operação, culo da tecnologia.
iços, atendendo a um mercado con visando a automação e integração dos