Page 31 - Telebrasil - Março/Abril 1992

Telefonia rural e o
novo alvo do mercado
As imensas distâncias conferem ao
Brasil um potencial ilimitado pa­
ra as telecomunicações. Na cidade
e no campo, a demanda por tele­
fonia rural, telefonia móvel e rá-
diocomunicação tem o tamanho
continental do País.
A partir deste mês de março, a Te-
lesc-Telecomunicações de Santa
Catarina S.A. está pondo em opera­
ção o sistema de Telefonia Celular
Rural, com previsão de instalar até o
final deste ano cerca de 3.600 termi­
nais em três regiões do Estado e 10
mil nos próximos três anos. Com a
implantação destes terminais, a T e­
lesc passa a ser a terceira empresa
estatal a investir no mercado rural de
telefonia “A demanda reprimida atual
neste segmento é de 750 mil termi­
nais”, afirma Avelino Rocha Neto, di­
retor comercial da ACS S/A Eletrô­
nica e Comunicações, empresa catari­
nense que há 12 anos opera no setor
e tem mais de 10 mil clientes distri­
buídos por todo o País.
A implantação do sistema conven­
cional de telefonia têm-se tornado in­
viável economicamente para os pro­
prietários rurais por motivos que vão
desde a extensão de cabos e postea-
ção de madeira até roubos de cabos
de cobre, queimadas e altos custos de
manutenção. Segundo Rocha Neto, a
linha de produtos da ACS consolida
a presença da empresa na área de
telefonia móvel e rural, equipamen­
tos de radiocomunicação fixos, mó­
veis e portáteis, telemensagem (pa-
ging), receptores de satélites, mono-
canais, sistemas
(VHF/UHF) e acessórios mecânicos.
Principais produtos
Desenvolvido desde 1979, o princi­
pal produto da ACS é o TC R (Telefo­
ne Compartilhado Rural), com capa­
cidade de até 10 canais. O TCR fun­
ciona através de ondas VHF/UHF e
pode ser ligado em qualquer tipo de
energia elétrica. Destinado a atender
pequenos grupos de usuários, permi­
te o acesso a ligações urbanas, inte-
rurbanas e até internacionais, com to­
tal sigilo interno nas conversações. Pa­
ra ligações entre telefones do mesmo
grupo a tarifa não é cobrada.
O executivo da ACS acredita
na potencialidade do mercado
de telecomunicações; por
isso, investe 20% dos seus
recursos em pesquisa e
desenvolvimento de
novos produtos.
O mais recente lança­
mento é o Sicom L ______
(Sistema de Comunicação Móvel) pa­ Douglas Aí. de Mesquita, presidente da Telesc.
pla área de cobertura por ser melecu- no Brasil ocorre o contrário: 75% das
ra uso em veículos.O Sicom tem am­
lar, e a operação é automática e com propriedades rurais são distantes en­
sigilo interno. tre si e dos centros urbanos. No Ca­
Já o monocanal, operando em nadá, por exemplo, o sistema celular
VHF/UHF, é um canal de voz full- não se mostrou viável na área rural” .
duplex com todas as características Segundo Rocha Neto, a telefonia com­
do terminal telefônico urbano, poden­ partilhada rural foi criada justamente
do ser alimentado em vários níveis a partir da imposição do mercado, do
de tensão (12/48 VCC ou 110/220 VCA). perfil fundiário e topográfico.
Para Rocha Neto, porém, não basta
atuar em todos os segmentos das TCs
apenas com equipamentos. A ACS des­ Telesc é a terceira
taca-se também na área de prestação
de serviços, realizando projetos, efe­ Apesar do domínio do mercado, a
tuando implantações e garantindo su­ ACS começa a enfrentar a concorrên­
porte técnico. cia oficial da Telesc. A meta da esta­
O diretor comercial da ACS lem­ tal é implantar, em Santa Catarina,
bra que apenas na Europa a telefonia entre 900 a 1000 terminais de telefo­
celular rural deu bons resultados, já nia celular rural em postos de servi­
que lá as propriedades são próximas ços e localidades da região oeste do
entre si e de perímetros urbanos. “Mas Estado e os restantes 2.600 em pro­
priedades particulares.
- O custo deste sistema é caro -
admite Douglas de Macedo de Mes­
quita, presidente da Telesc -. Mas os
US$ 8 mil por terminal têm compen­
sações extraordinárias, como a quase
inexistência de custo de manutenção
e operação, além da alta performan­
ce, numa média inferior a 0,5 defeito
por terminal.
Santa Catarina será o terceiro Es­
irradiantes tado a investir neste segmento, de­
pois de Mato Grosso do Sul (Telems)
e Paraná (Telepar), onde a telefonia
celular rural (ou fixa) não se desen­
volveu em larga escala. “A topogra­
fia, a distribuição fundiária e o perfil
do usuário facilitarão a implantação
e a ampliação do sistema em Santa
Catarina”, acredita Mesquita. O pre­
sidente da Telesc espera diminuir a
incidência de alguns componentes do
custo final do sistema, como o impos­
to de importação, para reduzir de US$
8 mil para US$ 6 mil e com isso au­
SicoinSistcm a de Comunicação M óvel da mentar a demanda.
A C S / S C .