Page 5 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1992
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editorial
A estratégia da
Sobrevivência
Ao final do século passado a estra Em outras palavras, a integração
tégia do capitalismo industrial era o do hardw are nos equipamentos de
controle das matérias-primas, dado comunicações digitais tende a ser fei
o seu peso no custo dos produtos. ta cada vez mais e mais com circuitos
Esse controle expressava-se através integrados complexos proprietários,
do domínio das fontes desses recur substituindo cartões e unidades com
sos disponíveis no mundo. pletas.
Salomáo Wajnberg Como o advento da segunda Revolu Como conseqüência o fabricante
Diretor da Telebrasil ção Industrial, a estratégia capitalis passa a conhecer m enos, depender
ta deslocou o seu eixo para a consti mais do fornecedor da tecnologia, e
tuição de unidades capital intensivas, ganhar cada vez menos com o equipa
onde as economias de escala e o con mento “fabricado”. Da m esm a forma,
trole de mercados passaram a deter o software vai se tornando cada vez
minar o poder competitivo dos grupos mais complexo e mais proprietário
industriais. tendendo a dominar todos os aspec
O sucesso da estratégia brasileira tos da manufatura e aplicação, co
de substituição de importação se ex mo projeto de sistem as, equipam en
plica pela abundância interna de ma tos e componentes, operação de siste
térias-primas c mão-de-obra, pela am mas, administração, m anutenção,
plitude dos mercados e a relativamcn- monitoramento, etc.
te boa disponibilidade de capitais, tec O domínio dessas tecnologias é dra
nologias c bens de produção, facilitan maticamente importante para que
do um processo integrado verücalinen- cm futuro próximo a indústria nacio
tc e com escalas suficientes em qua- nal de equipamentos de comunicação
todos os segmentos industriais. e do complexo eletrônico não se trans
A terceira Revolução Industrial, formem em escritórios de importação
em curso, está mudando mais uma para atender a demanda do mercado
vez o cenário. O custo das matérias- interno, que deverá superar 40 bilhões
primas, nos segmentos industriais de dólares nesta década.
de tecnologia de ponta não chega a Isto requer não som ente vontade
ultrapassar 5% do total. A mão-de- política, mas principalmente decisão
obra direta ou especializada tem tam e competência dos condutores destas
bém um peso pouco expressivo. É a políticas específicas um a vez que
tecnologia no que diz respeito aos pro atualmente as barreiras técnico-eco-
jetos dos equipamentos e dos proces nômicas e de escala podem ser relati
sos produtivos, e a densidade tecnoló vamente superadas com os modernos
gica dos equipamentos e sua instala métodos de projeto e produção m odu
ção que determina a estrutura de cu s lares nas áreas de microeletrônica e
tos, e, portanto, a competitividade software.
nos diversos segmentos de mercado. Uma ação coordenada e rápida do
A composição capitalista mudou, Governo é de sum a importância. O
assim, o seu eixo e tornou obsoletas MINFRA já tomou a iniciativa; o
as estratégias tradicionais com ênfa CPqD/TELEBRÁS está implem entan
se em baixos custos de mão-de-obra do uma biblioteca de células microele-
e insumos em geral, grandes instala trônicas com livre acesso e dando ên
ções industriais e mercados cativos. fase ao desenvolvimento de software.
No segmento industrial das com u Apesar dos esforços da SAE e da SCT
nicações as tendências tecnológicas falta ainda uma ação mais decisiva
indicam grandes desvios de valor adi do Ministério da Economia, envolvi
cionado, do fabricante do equipamen do como está em inúmeros assuntos
to para o fabricante dos componentes de vital importância, no sentido de
microeletrônicos mais complexos e priorizar a questão e dar o suporte
do hardw are para o software. imediato aue o assunto merppp