Page 25 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1992
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dos Estados Unidos. Privatização é o con rá o seu regime: os serviços básico iucai
trole privado de empresas como aconte e interurbano poderão permanecer ou não
ce na Inglaterra e no Japão — ressaltou monopólio estatal.
o palestrante. Straubhaar explicou ainda que compe
Para a maioria dos países, segundo tição no serviço local é o último passo
Straubhaar, os primeiros passos têm si de liberalização, tal qual acontece na In
do mudanças menores denominadas de glaterra. No caso do México, a privatiza
desregulamentação e que têm como pon ção teve como finalidade aumentar o reflu
to principal o agente regulador e o execu xo de capitais para a expansão. Diferente
tor, a exemplo da Comunidade Européia. de outros países, no Brasil as empresas esta
No Brasil, o problema é tornar o papel tais são sociedades anônimas, com capital
do ministério regulador mais independen majoritário da Telebrás e não apenas uma
te. Outro passo tem sido permitir alguma empresa do governo. E explicou:
competição sem afetar a operação bási “ Na América Latina, a crise econômica
ca, como a liberalização dos fornecedores e a falta de capitais trouxeram uma onda
de terminais e equipamentos. de privatização: O Chile vendeu seu PTT pa
O orador acha que outro passo útil “ se Mauro Porto, da Secretaria Nacional de ra a Companhia Telefônica da Espanha; a
ria incentivar maior número de competido Comunicações. Argentina criou duas regiões (Norte e Sul)
res” , bem como a abertura de mercado em consórcios com empresas estrangeiras;
com mudanças na Lei de Informática. Ou o México privatizou a Telmex e permitiu com
tra medida — principalmente nos países A entrada de novas companhias, isto petição na telefonia celular; a Venezuela vai
sem recursos para tal — é entregar no é, a concorrência, como na Alemanha e privatizar suas telecomunicações; e a Colôm
vos serviços de valor acrescido ou de tele no Japão, faz baixar os preços. O próxi bia provavelmente vai entregar seus PTTs
fonia celular para a iniciativa privada. A li mo passo é permitir a competição nos à iniciativa privada. Corporações multinacio
beralização também envolve mudanças serviços de longa distância (no Brasil, ex nais dos EUA, Japão e Europa têm nas TCs
de tarifas com a avaliação do subsídio cru plorados pela Embratel), mas no caso da avançadas (correio eletrônico, videoconferên
zado para prestação do serviço universal. Comunidade Européia, cada país escolhe cia, etc.) um fator de sucesso” .
Machado
O caminho da modernidade
*
O pronunciamento do presidente da Te- nômicas e flexíveis do que suas ante
lebrasil, Luiz de Oliveira Machado,
cessoras analógicas. Novas siglas, pro
abriu os trabalhos do XXIII Painel falando dutos e soluções invadem o nosso dia
dos elementos da corrida para a moderni a dia agressivamente, tratadas pelos fa
dade das telecomunicações, todos farta bricantes como coisas já triviais. As no
mente ilustrados por ocasião da Tele- vas hierarquias síncronas de transmis
com'91, realizada em Genebra, Suiça. “ A são estabelecem as bases para siste
caracterização conceituai e a evidência mas que terão notável impacto na redu
das necessidades de um mercado liberali ção dos custos das telecomunicações.
zado conduzem a uma clara inadequação A implantação desses sistemas poderá
do modelo dos monopólios estatais, ori aumentar significativamente a capacida
ginalmente validados por uma intenção de de transmissão sem adicionar novos
de promover economias de escala, inte cabos ou equipamentos. Por outro la
gração de planejamento e objetivos so do, a comutação de faixa larga e alta
ciais” , observou o executivo. velocidade, via comutadores assíncro
Luiz Machado disse que "o mercado nos, estará apta a viabilizar o tráfego
mundial tem mantido consistentemente de aplicações, como videofones, fac-sí
taxas de expansão de 10 a 15% ao ano, miles coloridos, dados em altíssima ve
impulsionado pelos avanços tecnológicos Luiz de Oliveira Machado, na sua saudação locidade e TVs de alta definição” .
e pela demanda crescente” . O mercado aos Congressistas. — Mesmo as facilidades da RDSI (fai
mundial de serviços de telecomunicações xa estreita) — continuou Machado -,
evoluiu de US$ 175 bilhões, em 1986, pa do importante empresa internacional de que já estão disponíveis comercialmen
ra cerca de US$ 279 bilhões em 1990 e consultoria, houve, em 1988, 11 aquisi te desde 1987, parecem que só se via
aponta para algo em torno de US$ 564 ções de empresas atravessando frontei bilizarão em grande escala com a ado
bilhões em 1995, segundo dados do Cen ras, envolvendo US$ 116 bilhões; em 89 ção da RDSI (faixa larga), hoje ainda
tro de Pesquisa da indústria britânica. En estes números cresceram para 50 aquisi em fase de desenvolvimento.
quanto isso, o mercado global de equipa ções e US$ 2,7 bilhões, enquanto em Por fim, disse o orador que “ o cami
mentos pulou de US$ 88 bilhões, em 86, 1990 atingiram 67 aquisições e US$ 16,5 nho da modernidade passa pela refor
para US$ 127 bilhões, em 1990, e se pre bilhões” . ma das instituições, pela internacionali
vê que atinja US$ 170 bilhões em 1995. zação, pelo uso adequado de novas tec
O presidente da Telebrasil lembrou Tecnologia nologias, pelo aumento da competitivi
que uma avalanche de alianças, investi dade. Temos que direcionar o surto da
mentos e aquisições formam o perfil do Luiz de Oliveira Machado explicou, modernidade para o desenvolvimento
novo setor de TCs dos anos 90. “ Livres mais adiante, que “ a despeito dos cus econômico-social, a melhoria da qualida
de controles e estimuladas pela desregula tos crescentes de desenvolvimento, de de vida e a redução das disparida
mentação, as empresas se expandem glo não ha dúvida que a longo prazo as re des entre os países industrializados e
balmente, derrubando fronteiras. Segun- des digitais serão mais confiáveis, ecc o mundo em desenvolvimento” .