Page 5 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1990
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Jayme Mansur
(Presidente da E l ma
e diretor da Telebrasil)
Desde 1876, quando Alexander Graham Bell inventou o
telefone, até cerca de 1980 a Rede Telefônica e, por
conseqüência, as redes físicas destinadas à transmissão de
quaisquer sinais de informação mantiveram inalterada sua
tecnologia fundamental, isto é, a utilização de fios metálicos.
Ao longo desses mais de cem anos houve, tão somente, o
aprimoramento das ligas utilizadas na fabricação de
condutores e seus materiais isolantes, mantido,
sempre, o conceito básico.
Toda a tecnologia que, por suas características, permanece
por longo tempo inalterada, quando substituída
o é quase radicalmente.
A rede é um exemplo típico e a sua substituição está se
processando de maneira radical com a troca do agente de
transmissão /modulação de sinais elétricos por luminosos.
As primeiras redes ópticas experimentais datam do final dos
anos 70 e, já nas experiências de campo, demonstraram
superioridade inquestionável, técnica e economicamente,
sobre a rede tradicional. Decorridos apenas nove anos,
assistimos à mais rápida mudança tecnológica conhecida, o
que é uma verdadeira revolução.
Como toda a tecnologia de produtos correlatos, em toda a sua
amplitude, é afetada por essa revolução, temos a obrigação
de participar efetivamente na absorção, já, da mesma. Para
tal, há que se formar mão-de-obra qualificada e implantar os
Laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento destinados
especificamente a tal absorção.
Ressaltando a premência do tempo, que não é obstáculo para
o empresário brasileiro, reconhecidamente agressivo e
atuante, é mister um trabalho conjunto com as universidades
e governo, este essencialmente no sentido de facilitar a
obtenção dos equipamentos e instrumentos necessários.
Todos os procedimentos burocráticos, que hoje atrasam e
muitas vezes impedem o nosso desenvolvimento tecnológico,
têm que ser radicalmente simplificados. Levando ao extremo,
os equipamentos destinados à pesquisa e desenvolvimento,
laboratórios e garantia de qualidade deveriam ser liberados
pelos órgãos competentes, mediante simples declaração
aduaneira, além dos incentivos previstos na Política
Industrial sem necessidade de recorrer aos Conselhos
Setoriais específicos. Tudo sujeito a uma severa fiscalização,
realizada posteriormente.
Isto é para agora, não temos tempo e nem o direito de
esperar.