Page 32 - Telebrasil - Março/Abril 1988

Com a presença de políticos, do prefei­
to municipal, de autoridades eclesiáticas,
da diretoria da Telemig e com data esco­
lhida para recair no dia do aniversário da
Fundação da Cidade, deu-se a inaugura­
ção oficial das instalações fabris da Ene­
tele Informática e Telecomunicações
Ltda., em Itajubá (MG). As raízes da em­
presa remontam há mais de dez anos,
com a criaçáo, em 1974, pela Northern
Telecom, norte-americana, de uma subsi­
diária denominada Cook Electric Teleco­
municações S/A, no Rio de Janeiro, da
qual nasceria, mais recentemente, a Ene-
tele, empresa 100% nacional.
Blocos
A fabricação de blocos e artefatos
afins, aparentemente poderia parecer
nâo requerer maior tecnologia, mas tra­
ta-se, segundo Flávio Delgado, da Ene-
tele, de produtos que requerem grande
precisão na linha de montagem, bom con­
trole de qual idade dos seus insumose tes­
tes rigorosos do produto final. Para o téc­
nico, o segredo do sucesso da produção dos
blocos e outros equipamentos afins pela
Cook e agora pela Enetcle devem-se à ex­
celência da mão-de-obra existente, na
maioria mulheres, utilizadas para sua
confecção. No Grupo, são cerca de 600
funcionários ao todo, incluindo 250 pes­
soas na Enetcle de Itajubá.
Do ponto de vista acionário, por força
de acordo estabelecido om agosto de 86
com a Northern Telecom, o controle e a
administração da Cook Electric pas­
saram a mãos brasileiras. Criou-se na
ocasião a holding Knetele Empreendi­
mentos e Participações
quem controla a recém-inaugurada Ene
tele Informática e Telecomunicações
Ltda., de Itajubá, que é uma empresa de
capital 100% nacional com a participação
de empregados e dirigentes da atual
Cook Electric. A tecnologia do grupo con­
tinua, porém, a fluir da Northern sem pa­
gamento de roynlties, mas a Cook re­
Pr iiIo Hes hinder Couto, Pli du Telemig, cumprimenta Antonio Martins.da Knetele, em .
Itajubá (MG).
serva grande parte de sua produção para pucaí (com sua faculdade eletrônica).
exportação. Manoel Maximino de Ma­ Distante 310 km do Rio, 240 de Sáo IV
cedo Martins, contador de profissão, em­ lo, 450 de Brasília, dotada dos recurso«
presário com comprovada experiência no humanos indispensáveis, não deve sur­
setor das telecomunicações, é o atual preender que um verdadeiro pólo tecnoló­
diretor-presidente das EEP e Cook Elec­ gico está se estabelecendo na localidade
tric e sócio majoritário. Por sua vez, a de Itajubá, o que inclui a fabricação de
Enetele de Itajubá é comandada pelo ad­ velocímetros, amortecedores, relógiose
ministrador Erich Gonçalves Zager (ex- até de helicópteros. E ainda na região que
DA da Cook) e tem como gerente da pro­ fica a fábrica de armamentos da IMBEL
dução, Márcio Filgueiras, e na direção da
tecnologia, Flávio Delgado. Itajubá
Um aspecto que Martins sempre gosta
de enfatizar é o da socialização do capital Do ponto de vista de telecomunica­
da empresa com a participação direta dos ções, Itajubá é servida pela Telemig, que
próprios empregados. Isto motiva os fun­ opera em 663 municípios do Estado (ou­
cionários, refletindo-se na produtividade tros são operados pela CTBC de Uberlân­
da operação, que é do tipo "mão-de-obra dia) e que também inaugurou, na datada
intensiva”. Creusa Abreu Castro Rodri­ Fundação da Cidade, seu Centro de ma­
gues (setor de comércio exterior), Maria nutenção de Rede-CMR. Esteve presente
Babiski (serviços gerais) e Adilson Gime- em ambos eventos a diretoria da Telemir
nez (contabilidade) foram dos primeiros composta por Paulo Heslander Couto
que se tornaram empregados-acionistas. (PR), Edward Campos Abreu (VP), Júlio
Juntamente com outros, eles estiveram Boechat Braga (DO), Otávio Marques de
presentes à inauguração da Enetele, em Azevedo (DT), Fernando Lúcio Silveira
Itajubá, para ver o que era, também, "um (DH), Nestor Francisco de Oliveira (DA
pouco seu”. O grupo dos 24 acionistas que Bernardo Brasil Quinto Tolentino (DF) e
formaram o núcleo inicial da holding, to­ Márcio Braz (DE), este último natural,
dos com 10 anos de casa e detentores de inclusive, de Itajubá. Sobre a qualidade
ações preferenciais, já cresceu para 49. dos serviços telefónicos da cidade o verea­
"Meu sonho é que este modelo pudesse dor Silvio José da Silva (PDC/MG), pre­
ser copiado por muitas out ras empresas”, sente à recepção no Itajubá Country Club
afirmou sem disfarçara emoção Martins, que seguiu às inaugurações, disse que "as
na inauguração da nova Enetele. telecomunicações não poderiam ser me­
A Enetele, em Itajuba, instalou-se em lhor atendidas, até mesmo porque Ita-
uma area de 8 mil nr. numa bela e antiga jubá graças às suas Escolas goza de mão-
fabrica de calçados de construção clás­ de-obra da melhor qualidade.”
sica, que o grupo adquiriu em 87. Para o E é com base nesta mão-de-obra de
Prefeito Ambrósio Pinto (PMDB/MG), a qualidade que a Enetele pretende cres­
instalação da empresa na cidade veio for­ cer. A fabricação de blocos telefônicos
EEP. Esta e talecer o aumento da oferta de empregos pode chegar a mais de 150 operações dis­
que a região necessita. A cidade de Ita­ tintas e as tolerâncias estabelecidas para
juba, lembrada sempre por sua tradicio­ cada uma das fases precisam ser respei­
nal Escola de Engenharia Elétrica (Au- tadas. E mais, os produtos da Cook e da
reliano Chaves formou-se lá) possui hoje Enetele são inspecionados, periodica­
cerca de 100 mil habitantes, oito faculda­ mente, pelos Underwriters Laboratories
des e fica perto das localidades de Maria íUL), dos Estados Unidos. Na sua uni­
da Fé (terra de origem do diretor da Tele- dade de Itajubá a Enetele investiu cerca
hrás, R. 1 .amoglia) e de Santa Rita do Sa- de 50 milhões de cruzados (a preços de
março 88) para uma produção que será
inicialm ente quase toda destinadaà
Coook Electric e à exportação. A íàsepre-
operacional da fábrica iniciada em fe­
vereiro do ano passado foi seguida de im­
plantação gradual das diversas seçõc-
seleção e treinamento detalhado do pes­
soal. Este pode chegar a 6 meses. 0 Gru­
po Enetele fabrica os blocos C 303(310-
blocos rotativos simples, módulos Prote
tores MP-3 (estes só para o Sistema Bei'
americano) e o MP-4, além de Distribui­
dores Gerais DGs e acessórios. O próximo
passo, de acordo com M. Filgueiras.sera
da produção de centelhadores a gá> E
certo que se o Padre Lourenço da Cost.
Moreira, tido como fundador da local'
dade, em 1891, voltasse à terra, certa-
mente ficaria espantado com as mud.
ças ocorridas na Região de Itajubá. U/(f