Page 30 - Telebrasil - Março/Abril 1987

O telefone vai à roça mim é coisa para norte-amencano e não
Marcello Barros revelou que quando o
Ministro Antonio Carlos M agalhães es­
teve em Alagoas prometeu que faria da
Telasa uma empresa modelo em telefo­
nia rural. E de fato vem cumprindo.
Na programação da Telasa consta a
ativação de postos telefónicos em 250 co­
munidades rurais, num prazo máximo de
dois anos. Essa nova investida da em pre­
sa, de cunho social, já foi iniciada em ou­
Pajussara, "onde o mar beija as areias com
mais alma e mais amor'\já dizia o poeta ala­ tubro do ano passado, com a inauguração
goano Aldemar Paiva desse serviço em mais de 20 povoados das
mais diferentes regiões do Estado. Em
apenas um dia, a diretoria da empresa
meu m elhor técnico (não disse o nome) inaugurou nove postos telefónicos nos
porque um a em presa privada ofereceu municípios de Arapiraca, Igaci e Palm ei­
duas vezes o salário que ele percebia na ra dos índios
Telasa. Então, estamos sem arm as para Este ano, a Télasa inaugura PTs em
enfrentar tal situação Se as diretorias vilas e povoados das zonas da Mata, Ser­
das operadoras do Sistem a Telebrás ti­ tão, Agreste, Litoral Sul e Norte do Es­
vessem maior flexibilidade, se atuassem tado.
como uma diretoria de uma empresa pri­ Alagoas também está com demanda
vada, que tem uma certa autonomia, os reprim ida de telefones públicos ("ore­
resultados seriam outros. Mas, há certos lhões”).
casos que nem a Telebrás nem o Minicom Quanto aos chamados serviços verti­
têm condições de autorizar. E por isso fi­ cais, a Telasa está oferecendo todos, ex­
camos am arrados na burocracia estatal e ceto o "Disque-Amizade”, criado em Bra­
realm ente num a competição desvanta­ sília, pelo jornalista Luiz Carlos Bravo, e
josa. Eu acho que dava para continuar­ exportado até para os Estados Unidos,
mos como empresa estatal, mas com uma com o qual o presidente da empresa não
certa liberdade Se a empresa tem recur­ concorda.
sos, ela deve investir, e não ficar depen­ — Sempre fui contra esse tipo de ser­
dendo de autorização da Sest viço— declarou Marcello Barros—. Para
Tuma: testemunho ocular do código de TCs
Em depoimento exclusivo á Revista são de T ransporte e Comunicações da
Telebrasil, Nicolau Tuma. um dos parti­ C âm ara, presidida por Nelson M enha,
cipantes da feitura do Código Brasileiro que o incumbiu de relatar os projetos do
das Telecom unicações, deu seu teste­ Código Nacional de Telecomunicações
munho de como as coisas aconteceram e (que vinha se arrastando há 13 anos) e
qual foi sua participação neste marco do Código Nacional de Trânsito. Na oca­
im portante na vida do setor. sião, corriam outra proposições como as
P a u lista , de origem libanesa, N i­ de Berto Conde e Prado Kelly versando
colau Tum a íé prim o do delegado Ro­ sobre o mesmo assunto. As com unica­
meu Tuma), 76, tem longa carreira pro­ ções no País eram caracterizadas, na
fissional e política sem pre influenciada época, por uma radiodifusão de grande
pelas comunicações Tudo começou m ui­ relevância, visto ser um a área essencial
to cedo: para os políticos, Correios ineficientes e
— Apenas com 13 anos, no bairro do comunicações, basicam ente, nas mãos
Paraíso (SP), um irmão m ais velho che­ de concessionárias estran g eiras. Não
gava dos Estados Unidos e me ensinava existiam M inicom, E m bratel e m uito
como fazer rádio receptor a galena Fi­ menos a Telebrás.
quei logo entusiasm ado e junto com Ni­ — Recebi uma pilha enorme de docu­
colau Nelson Real formamos um a firma mentos e assim procurei alinhavar uma
para vender rádios galena, que foi um espinha dorsal que se assem elhasse a
grande sucesso — rememorou Tuma. um Código, distinguindo um a área de
M ais ta rd e , já advogado form ado difusão de informações ou rádio e outro
pela USP, ele seria radialista, ocasião de comunicações ponto-a-ponto (sigilo­
em que "lançou a moda rápida de falar, sa) — disse Tuma.
que vigora até hoje na locuçáo espor­ Elaborado o Código foi o mesmo sub­
tiva”. Sem pre lem brando com precisão metido, segundo Tuma, a uma comissão
dados e fatos, explicou o entrevistado de assessoram ento constituída de m ili­
que foi vereador de São Paulo (capital) tares: Cel. Vallim (A eronáutica); Cel.
por 12 an o s e D ire to r de S erviço de Borges e M ajor F ilgueiras (Correios);
T rânsito, fato que m arcaria m uito sua M ajor C haves (en g en h eiro de TCs).
vida. Pouco depois se ria co n stitu íd a um a
Eleito Deputado Federal, pela antiga g ran d e Com issão In te rp a rtid á ria
UDN, Tum a integraria, em 58, a Comis­ T eleco m u n icaçõ es da q u a l p a rtic i­
passa de um a brincadeira que alguns
usuários de outros Estados que o pos­
suem já apelidaram de ’Disque-Pomó".
Dai, chega-se à conclusão de que não se
pode levar a séno tal serviço.
A últim a ampliação de terminais tele­
fônicos em M aceió ocorreu em 1982,
quando foram implantados 5 200 termi­
nais. Naquela época esse numero atendia
m uito bem o sistema, mas com o cresci­
mento da cidade e a suspensão dos inves­
tim entos por parte do Governador Fe­
deral, a situação tomou-se quase caótica
A partir do primeiro semestre deste ano,
o serviço telefônico da capital alagoana
tende a se normalizar, com a entrada em
operação de novos terminais. *
O hotel "Las Brisas' <chalés) e um dos mais
típicos e aconchegantes do litoral norte da ci­
dade. Situa-se a 6 km do centro de Maceió
pariam personalidades como Barbos
Lima Sobrinho, Santiago Dantas, Ulys-
ses G uim arães, Celso Brandt, Maurício
Joppert.
O C ó d ig o de Telecom unicações,
agora batizado de "Brasileiro” ao invés i
de "N acional”, sofreu 52 vetos de Joáo
G oulart, todos rejeitados pelo legisla­
tivo A su a aprovação, por unanimi­
dade, ocorreu no Plenário, num clima de
g ran d e em oção, apesar de terem sido
apresentados 8 inconstitucionalidades.
Nomeou-se, então, um a Comissão cora
Nicolau Tum a, Barbosa Lima Sobrinho,
Fernando Santos, Jarb as Maranhão e
outros, para defender o Codigo.
O Código Brasileiro de Telecomuni­
cações, como se sabe, estruturou as tele­
comunicações que hoje existem no País
algo então visto como um sonho difícil
de ser alcançado. Curiosamente, o Co-
digo m antém um a lembrança do 'jeiti-
nho brasileiro", daquela época.
No capítulo das Disposições Transi­
tórias perm aneceram as concessões de
serviços outorgadas, 99 anos a empresas
estrangeiras. Convinha não irritar, na
ocasião, tais concessionárias e os gover­
nantes de seus respectivos países de ori­
gem, deixando para o futuro a briga da
renovação ou não de suas concessões 0
de desfecho como é do domínio público iàê
história. (JCF). *
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