Page 64 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1986
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exercida pelo mercado dos microcompu uma indústria de microcomputadores
tadores chegasse ao Brasil. Contagiados no Brasil.
pelo sucesso dos computadores pessoais No início de 1981, a Dismac apre
nos Estados Unidos, durante o XIII Con senta ao consumidor brasileiro o pri
gresso Nacional de Informática, em meiro computador pessoal, durante a
1980, associações de classe como a Abi- F eira de U tilidades Domésticas. O
(programa residente feito para oferecer comp e Sucesu, e todo o incipiente em D-8000 tinha 64 Kbytes de memória e
facilidades no uso de recursos do micro, presariado de informática, acompanha operava com fitas K-7. Em entrevista
ou seja, possui rotinas prontas para exe vam com atenção a libertação, por parte publicada pela RNT, na época, José Os
cutar funções, como criar arquivos, ler e da SEI, da fabricação no País dos micros car Alegre, gerente de marketing da
gravar registros, procurar arquivos em HP85A pela Hewlett Packard. Na expo Dismac, dizia que, a curto prazo, a em
disquetes e etc...) provocou o surgi sição realizada paralela ao Congresso, presa não esperava transform ar seu
equipamento em um home Computer,
mento de dois novos padrões de micro numa área dedicada à pesquisa em de
computadores. Os CP/M, sistema opera senvolvimento, a PUC fazia demonstra porque na sua opinião o mercado bra
cional desenvolvido pela Gary Kindall ção de um protótipo de microcomputa sileiro ainda não estava preparado para
para a Intel, em 1973, para operar com dor, chamado MCPUC-80 (com disco fle máquinas deste tipo, e não estaria tão
chips 8080 ou Z80 — incorporados em xível, compatível com CP/M, voltado cedo. O D-8000 custava cerca de Cr$ 200
1981 nas máquinas IBM, Hewlett Pac- para comunicação com IBM 370). Era a mil. A Dismac esperava ter lançado um
kard e Xerox. E os MSX, sistema nas universidade chamando a atenção dos produto tão revolucionário quanto foi a
cido da uniáo da Microsoft Corporation homens de decisão na informática bra chegada do Volkswagen no Brasil. E
com a editora japonesa ASCII, reunindo sileira para o possível surgimento de conseguiu.
em uma só máquina características de Em outubro de 81, o Brasil realizava
software e hardware já consagradas. Os paralela ao XIV Congresso Nacional de
dois padrões apresentam característi Informática, sua I Feira Internacional.
cas especiais de hardware. Na ocasião, um expositor comentou: ”0
que está acontecendo é um boom na
área, principalmente com a entrada em
No Brasil
cena dos microcomputadores”. O nú
mero de micros expostos foi calculado
A história da microinformática bra
sileira não deixa de ser igualmente entre 15 e 20. Já ingressavam neste seg
emocionante. Em 1975 o governo bra mento, além da Dismac, Edisa, Labo,
sileiro tomava a decisão de dividir o Sisco, HP, Cobra, Novadata, Polymax,
mercado de equipamentos de informá Prológica, Quartzil, Scopus, Sid, Bras-
tica, reservando uma pequena parcela com e Embracomp. Todas com projetos
para a indústria nacional. Em 1979, a aprovados pela SEI. Até então, o Brasil
política do setor gerava seus primeiros era o 10.° mercado mundial em proces
frutos: a Cobra (Computadores Brasilei samento de dados, mas pouco familiari
ros S.A.) e a SEI (Secretaria Especial de zado com a informática. Comentava-se
Informática). Durante estes quatro a gravidade de todos os fabricantes de
anos chegou ao país a revolução dos mi micros reunidos sò produzirem algumas
croprocessadores, e com ela o nasci centenas de máquinas por mês, invia
mento da indústria de minicomputa bilizando a criação de uma indústria de
dores. Além da Cobra, primeira a lançar componentes. "A falta de economia de
um equipamento totalmente nacional ü primeiro equipamento a usar tecnologia escala — dizia Luiz Henrique Pedroso,
(Cobra 500), foram pioneiras nessa luta genuinam ente nacional, foi o m ini-com da Engemática — faz com que o Brasil
Edisa, Sid, Labo e Sisco. putador Cobra 500, concebido por engenheiros não produza nem curcuitos integrados,
Não custou muito para que a atração brasileiros nos laboratórios da estatal. nem periféricos.”
Durante este período, era grande a
expectativa em torno dos projetos de fa
bricação de circuitos integrados pelos
grupos Itaú e Docas (Elebra). E o resul
tado da atual política passava para o
consumidor no preço dos micros nacio
nais, três vezes superiores aos do mer
cado exterior. Mesmo assim, de 4.666
máquinas instaladas no Brasil pela in
dústria nacional, em 81, 61% foram de
micros. Um número ainda pouco expres
sivo se considerarmos que a SEI, no
mesmo ano, classificou o parque ins
talado em 14.249 computadores de 6 ca
tegorias: micros, minis, pequenos (su-
perm ínis), médios, grandes e muito
grandes. Apenas 34% desse número cor
respondia a equipamentos de fabricação
nacional. (Ver Revista Telebrasil, págs.
50 e 51, Jul./Ago. 83.)
Em dezembro, um computador batia
recorde na listas dos mais vendidos: o
pioneiro D-8000, da Dismac, produzido
então na Zona Franca de Manaus. Os
microcomputadores tinham encontrado
b áb ri ca d( circuitos impressos da Itautec, em 1984
e conquistado defmitivamente seu es-