Page 18 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1986
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Quandt: *
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" E h o r a d e l i b e r a l i z a r a
p o l í t i c a i n d u s t r i a l d o M i n i c o m . ”
Presidente do Conselho de Admi aprim oram ento da qualidade do pro melhor do que se utilizarmos um pro
nistração do Grupo Splice e vice-pre duto. Pela atual política, há casos em duto que vem de fora.
sidente da Splice do Brasil, Euclides que uma única empresa produz um de
Quandt de Oliveira tem uma longa terminado equipamento, há anos, e ne TB — Informática e telecomunicações.
folha de serviços prestados às teleco nhuma outra é autorizada a fabricá-lo. Como o Sr. vê esta união?
municações brasileiras. Ex-ministro Se uma empresa teve custos altos no de EQ — Os sistemas digitais estão hoje
das Comunicações, ex-presidente da senvolvimento de um equipamento, de presentes em todas as áreas, porque sáo
veria haver uma reserva, mas curta, no
Telebrás, ex-presidente do Contei, ele máximo cinco anos e sem exclusividade. extrem am ente vantajosos, não só do
deu os primeiros passos em comuni Quando o desenvolvimento for custeado ponto de vista da operação, mas também
no que diz respeito aos custos: se levar
cações ainda no início de sua carreira pelo Grupo Telebrás, tal reserva não se mos em conta as facilidades que esses
na Marinha, onde começou servindo justificará. Depois de encerrado o prazo, sistemas oferecem, verificamos que são
no Serviço de Comunicações do Co todas as em presas interessadas de sempre mais baratos que os analógicos.
mando da Força Naval do Nordeste, veriam ser autorizadas a fabricar aque Mas existe, em minha opinião, uma dis
no Recife, durante a II Guerra Mun le equipamento, em livre concorrência. torção muito forte no sistema brasileiro
dial. Ex-presidente da Telebrasil, de informática. A lei foi feita tomando
Quandt de Oliveira é atualmente como base a fabricação de computa
vice-presidente do Conselho de Ad dores. Se exam inarm os bem o docu
ministração da entidade. mento, veremos que o que não diz res
peito à indústria de computadores tem
tratam ento secundário, por extensão.
Telebrasil — O Sr. está otimista em re No entanto, a lei considera informática,
lação às perspecti vas do setor das teleco de uma m aneira generalizada, toda a
municações tanto no que diz respeito ao eletrônica digital que está em todas as
Sistem a Telebrás como também à áreas. Há excessos na aplicação da lei,
indústria? provocados por interpretações que, na
E uclides Q uandt de O liveira — Pas minha opinião, não se coadunam com
samos por um período relativam ente seu texto. Há altos interesses, contrá
longo de restrições aos investimentos, o rios à aplicação literal da lei, por moti
que afetou profundam ente as opera vos opostos, que levam a disputa para
doras do Sistema Telebrás e, em conse- dois campos: o emocional e o de interes
qüência, a indústria, que ficou com o ses próprios. E fica em segundo plano o
mercado reduzido. A situação da Rede interesse maior — o nacional. Além dis
Nacional de Telecomunicações chegou a so, há uma certa confusão com o termo
um ponto em que não se pode mais re informática. Por simples extensão le
tardar grandes expansões, o que já está gal, a palavra é confundida com outros
sendo im plem entado pelo M inistério A té ser atendida conceitos, inclusive com o de microele-
das Comunicações. As empresas de tele trônica. Na microeletrônica temos os in-
comunicações não estão em situação fi toda a população, a sumos indispensáveis para a produção
nanceira difícil, nem endividadas. As solução é o monopólio de equipamentos, não só de computação
sim, os planos a serem lançados deverão como de vários outros setores.
ser consideráveis, o que significa enco
mendas à indústria dentro dos próximos TB — Como poderiam então ser corrigi
três a quatro anos. Em resumo, estou das tais distorções?
bastante otimista. TB — O Sr. acha que esta liberalização EQ — A lei deveria ser aplicada, inicial
poderia significar melhor qualidade do mente, em microeletrônica e na produ
TB — Qual sua opinião sobre a política produto e maior satisfação do cliente? ção de computadores, seus periféricos e
i n d u s t r i a l d o M i n i s t é r i o d a s fíQ Q ualidade m ais aprim orada, acessórios. A microeletrônica deveria
Comunicações? mais cuidada e com melhor preço e me ser objeto de maior atenção do que a in
EQ — A política industrial do Minis lhor técnica. O que se nota é que um fa d ú stria de com putadores. Vemos o
tério está im p lan tad a há b astan te bricante que tem um produto reservado exemplo do Japão, que se preocupa mai-
tempo e é muito restritiva, utilizando há seis ou sete anos não tem incentivo com a microeletrônica e está em posição
um sistema de reserva de mercado mui para introduzir um aprim oram ento cada vez mais importante, inclusive ern
to severo. Acho que chegou a hora de li maior durante esse tempo. E por que relação à indústria norte-americana e
beralizar esta política. Em outras pala seria diferente? Ele não tem concorrên computadores. A partir daí, a lei iria su
vras, permitir uma maior concorrência, cia. Mas se tivermos um produto bra cessivamente se ampliando, entran
visando uma redução de custos e um sileiro, de boa qualidade, então não ha na área de software, vendo, não o ^
verá necessidade de importar. E mais: teresse do fabricante do computador_o
Entrevista concedida n jornalista Maria quando se produz com qualidade e efi do produtor de software, mas sim 0 ^
Cristina Brasil. ciência, o resultado final para o País é teresse do consum idor e, princip1