Page 72 - Telebrasil - Março/Abril 1986
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Embora o Ministro da Ciência e Tec algumas empresas brasileiras já come seja por parte do governo, entidades de
nologia, Renato Archer, reitere ser a Lei çaram a se mexer no sentido de assi classe, fabricantes ou SEI, a preocupa-
7.232 "intocável”, ao menos no que diz narem contratos de transferência de ção com uma análise séria para apurar o
respeito aos rumos traçados para a polí tecnologia com empresas estrangeiras, que aconteceu após alguns anos de re
tica nacional de fomento à informática, visando se tornarem mais competitivas serva.” — completa o presidente re
os fantasmas da extinçáo da reserva de quando o fim da reserva chegar. E o caso cém-eleito da Abinee — Associação Bra
mercado volta e meia tornam a ator da Moddata com a Control Data e a Ep sileira da Indústria Eletro-Eletrônica,
mentar os setores por ela comprometi son do Brasil. Aldo Lorenzetti. Ele defende, ainda, a
dos. Recentemente, a visita do Presi elaboração da pesquisa pelas universi
dente da Câmara dos Deputados dos Es Microeletrônica dades e empresas, com a finalidade de,
tados Unidos, Thomas Tip O’Neill, trou apurar até que ponto a reserva é posi
xe a baila as discussões sobre o provável Segundo Luiz Bueno Vidigal Filho, tiva para a indústria nacional e repre-1
fim da reserva, antes de expirarem os presidente da Fiesp, a entidade defende senta a procura efetiva da autonomiaJi
sete anos de protecionismo previstos por a formação de joint-ventures para per tecnológica na fabricação de circuitos
lei. Isso tudo, logo após o governo bra m itir a participação de empresas es eletro-eletrônicos.
sileiro ter tido trabalho dobrado para trangeiras no mercado nacional. "O que
apagar a inflamação provocada pelo M i se discute no momento com a SEI não é a Planin
nistro das Relações Exteriores, Abreu lei, mas sua aplicação” , completa. A
Sodré, a respeito da possível rendição afirmativa remete ao já tão conhecido No meio de toda esta confusão, na
brasileira às pressões norte-americanas atrito com a microeletrônica no tocante noite de 3 de abril, o Planin conseguiu
para alterar a lei como forma de não pre as dificuldades para importação de com ser aprovado pelo Senado Federal, ape
judicar as exportações brasileiras para ponentes considerados produtos infor sar dos esforços do Senador Roberto
os EUA. matizados. Campos para impedir o feito. A passa
Se a "diplomacia com liberdade” — "Quando se trata de microeletrônica, gem pelo Legislativo só fez aumentar a
lema da nova política externa brasileira portanto de informática, não vi até hoje, força de todos aqueles favoráveis à polí
— foi mal interpretada, onde há fumaça tica de reserva de mercado, e regula-,
há fogo e, nas rodas informais formadas mentou definitivamente as concessões
por empresários da área de informática de incentivos, dando amplas condições
no coquetel realizado dia 19 de março, para a indústria de bens de produção se
em comemoração dos 10 anos de ativida desenvolver.
des do jornal "Data News” , já havia
Renato Archer anuncia para breve a
quem não desse mais de um ano para o
próxima reunião do Conin, "uma vez
fim da reserva. Entre eles estariam al
acabado o jogo regimental do Planin no
guns membros da Fiesp — Federação
Congresso”. E salientou que, em hipó
Nacional da Indústria do Estado de Sâp
tese alguma, se permitirá emendas no
Paulo, com particular interesse na mu
Planin prejudiciais à política nacional
dança da política atual.
de informática.
Na opinião do Ministro Archer, se a "Pelo peso do mercado de informá
Fiesp realmcnte enviar um documento tica, existe hoje, tanto da parte do go
ao ministério, solicitando a revisão da verno, como do legislativo e da própria
reserva, esbarrará na dificuldade de comunidade, uma vigilância em defesa
convencer, tanto o Presidente José Sar- dos interesses nacionais, que dificil
ney, como os ocupantes da Câmara e do mente, como pensam, estaria adorme
Senado, de que mudanças nesse sentido cida quando fossem tentadas mudanças
são importantes e proveitosas para a in prejudiciais a esses interesses.” — enfa
dústria nacional. Por via das dúvidas, Archer: "Não vamos abrandara reserva”. tizou o Ministro. (CDL)
IBM se associa dores de insumos e exportação de produtos. e impressoras), pensa em incentivar o poten
Dentro do espírito de abertura para novos
cial de seus fornecedores (400 cadastrados;
negócios, a IBM associou-se com o tradicio 280 operando), na exportação de insumos -
nal Grupo Gerdau, formando uma empresa
à Gerdau brasileira (70% do capital é brasileiro) para a qualidade e especificações IBM - para outras
filiais da multinacional, em 130 países. A
exploração de serviços de informática, que idéia em si, é boa: traz divisas para o País;
obedece aos ditames da Lei de Informática e fortalece o mercado interno dentro do modelo
O surgimento da empresa Gerdau Servi que (por coincidência) passou a contar com exportador; e - the last but not the least -
ços de Informática é resultante da nova es existência jurídica no dia do lançamento do procura trazer dividendos políticos, de modo
tratégia adotada pela IBM, para o Brasil, de pacote econômico pelo Governo. a todos ficarem satisfeitos, a médio prazo.
corrente de uma avaliação conjuntural efe O mesmo tipo de comportamento está en Em relação à Associação Gerdau-IBM. as
tuada em torno de 1977, sobre as perspecti contrando guarida junto à IBM, referente à reações foram diversas. Benito Paret, presi
vas a longo prazo dos rumos da informática associação com grupos brasileiros para a fa dente da Rio Programas, acha que foi apro
brasileira. bricação de fitas magnéticas (grupo Con- veitada uma brecha, pela falta de legislação
O modelo da IBM, implantado através de part), impressoras e máquinas de escrever adequada de software. Alexandre Lello Ma
sua Diretoria de Tecnologia, move-se ao eletrônicas. chado, presidente da Assespro, considera que
longo de três direções: desenvolvimento de Noutro campo, o pessoal da fábrica da o novo grupo por sua importância, dificultará
novos negócios; relacionamento com fornece IBM, em Sumaré, SP (grandes computadores o desenvolvimento de software brasileiro.