Page 25 - Telebrasil - Maio/Junho 1986
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empresas nacionalizadas — tradicio há 16 anos, da Procom (petróleo) com a
nais fornecedoras do setor. Montreal (engenharia), com o que se
Surge aqui o choque de interesses. formou a Promon Engenharia. Com a
Há planejadores que desejam, por exem saída da Procom (três anos depois) e ou
plo, ver poucas empresas nacionais ex tros remanejamentos, o grupo alcan
plorando a reserva do Trópico , segundo çaria, em 1985, um patrimônio líquido
a linha de raciocínio que estas devem de 15,6 milhões de dólares, faturamento
ter economia de escala, para serem for de 46,6 milhões e 2.600 funcionários
tes e assim levarem a tecnologia nacio (metade de nível superior) sob o co
nal ao segmento livre do mercado. Já mando da Promon Ltda. Entre outras
outros sáo partidários da livre concor atividades no Brasil e no exterior, as
rência, com o segmento reservado empresas Promon se dedicaram a em
aberto a qualquer fornecedor nacional preendimentos de alta tecnologia como
— e que vençam os melhores. a hidrelétrica de Itaipu, o programa nu
Mas o assunto é complexo e o Minis clear, o projeto Carajás e transporte ur
tério está cuidadoso nas suas declara bano de massa.
ções. Benjamim Sankiewicz, secretário Quem conta a história da PHT é Ade
de Planejamento e Tecnologia, vê o pro mar Pereira Gomes, 45 anos, formado
blema condicionado à evolução da polí pelo ITA (69), que fundaria a DK Enge
tica industrial do setor, que poderá le nharia de Sistemas (69), absorvida em
var à atualização da Portaria 622, admi junho de 1972 pela Promon. Dez anos
tindo que "até poderão surgir novos par mais tarde seria também absorvida a
ticipantes no mercado do Trópico R, mas Ademar Pereira Gomes, diretor-executivo. EEPD (Embracom Eng. P&D), que já
só daqui a 3 ou 5 anos”, acrescentando atuava no Trópico, e assim surgia a
"que por ora não há nenhuma preocupa PHT, que hoje ostenta um capital de
ção por parte do Minicom, no sentido de 11,5 milhões de cruzados, faturamento
mudar as regras atuais do jogo”. de 53 milhões e 426 empregados.
Enquanto isto, o Trópico R com um Dentre os principais produtos da
mercado estimado em cerca de 80 a 100 PHT, além do Trópico, destacam-se a Si-
mil terminais/ano, as empresas deten tasu (supervisão de centrais) — cuja
toras da atual reserva de mercado, não fonte da tecnologia é a Telerj —, o sis
só querem ver a manutenção do status tema Salcom (supervisão, alarme e co
quo, mas a ampliação das encomendas mando), o Sisu-RD (supervisão de redes)
deste equipamento, como declarou Ade e o Automic (sistema digital para con
mar Pereira Gomes, principal executivo trole de processos). Em menos de três
da PHT: anos (82-85), não só dobrou o fatura
— O Trópico R constitui um de nossos mento real como a parte de fabricação
principais produtos, que ajudamos a de passou a representar 2/3 deste total.
senvolver, sendo necessário manter um A PHT e o grupo Promon também
mercado restrito a poucas empresas, têm como área de atuação o forneci
para se ter economia de escala. Necessi mento de sistemas de comunicação, via
tamos de uma encomenda mínima de satélite, cogitando empregar não só tec
100 mil terminais por ano. nologia nacional (por exemplo a SCPC
Por outro lado, há os que argumen da Control) e transferência de tecnolo
tam que, sendo um desenvolvimento do gia (a spread spectrum da Adcom ameri
CPqD, trata-se de um patrimônio tec cana).
nológico nacional, a que todos devem ter No laboratório da PHT, técnico opera termi Com uma carteira de 42 centrais Tró
acesso, sem maiores discriminações. nal de software. pico R, fornecimento do Automic para a
Conclui-se, em resumo, que a situação Rhodia, Eletrocoloro, Estireno Nor
para o fornecimento do Trópico R, por deste e S. Marina; do Salcom para a
ora — salvo surpresas de última hora — Telepar; e do Sisatu para diversas
deverá manter-se estável, nada po operadoras, o grupo PHT sentiu a neces
dendo ser afirmado, todavia, quanto ao sidade de partir para nova fábrica de 11
fornecimento de sua versão RA, ocasião mil m2, a ser inaugurada em julho de 87,
em que se espera ampliação dos fornece numa área de 150 mil m2, contígua ao
dores. CPqD de Campinas e à S. Luiz Partici
pações S.A. ¦— o ramo imobiliário da
Tecnologia Promon. Com isto a PHT será a segunda
empresa a ser vizinha do CPqD, junto
O desenvolvimento do Trópico conta com a ABC-Xtal, outra empresa de alta
com uma equipe de 320 profissionais dos tecnologia dedicada a fibra ópticas.
quais metade é pessoal do CPqD e o res Os diretores da PHT, Ademar Perei
tante dividido igualmente entre Elebra ra Gomes, Sebastião Alpha, Carlos
e PHT. Para se chegar ao Trópico RA, Mário Siffert, Fernando Luiz Caricate,
serão necessários mais 100 profissio o superintendente Américo Richieri Fi
nais de diversas especialidades, inclu lho, bem como Raul Del Fiol, diretor da
sive software (o Trópico R usou Assem- área de TCs e de Eletrônica da Promon,
bler ao passo que a RA empregará o perseguem a estratégia de atuar em
Chili). mercados high tec, com produção sob en
A PHT pode ser vista neste contexto comenda para clientes identificados e
como exemplo de empresa beneficiada buscando um compromisso entre verti-
pelo desenvolvimento de tecnologia na calização industrial, custos e qualida
cional. Suas raízes remontam à fusão, Sebastião Alpha, diretor de operações. des CJCF).