Page 14 - Telebrasil - Maio/Junho 1985
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dústrias eletromecânicas tende agora a Tecnologia dier, presidente e fundador da CBV Ind
se reverter numa retomada econômica Mec. S/A: *
do setor. Opinando sobre o tema, o presi O tema tecnologia foi intensamente — Sem encomendas não há trabalho *
dente demissionário da Light, Luiz Os- debatido durante o Painel. Arlindo Ro e nem empresa. E para se ter encomen
waldo Norris Aranha, comentou que é cha, do Finep, mostrou dados a seu ver das é preciso chegar ao cliente com pro
do consenso geral "ser hoje melhor colo preocupantes: — O País investe apenas dutos de melhor tecnologia a preços
car dinheiro no open do que investir na 0.06% da receita operacional do setor de competitivos, o que significa possuir
indústria” , acrescentando porém que máquinas elétricas em P&D, o que é também a melhor tecnologia também
um dos problemas do Estado do Rio de muito pouco se comparado com o Japão na área de produção. E acrescenta o em
Janeiro é o temperamento carioca que, (3.6%), Estados Unidos (0,1%) ou Repú presário:
pela sua tradicional ausência de bair blica Federal da Alemanha (6,7%). — Tecnologia é um fator de produção
rismo, prejudica a fixação de indústrias Por sua vez, Flávio Grynszpan, do que tanto pode ser desenvolvida inter
no âmbito de seu Estado. Núcleo de Inovação Tecnológica da namente na empresa quanto comprada
Sobre o tema das perspectivas para a UFRJ, citou que o Brasil com 10 a 20 mil de terceiros e o Governo deve deixar o
indústria elétrica nacional, Henrique pesquisadores apresenta a taxa de 1 empresário livre para optar pelo cami
Costa Mello, da Eletrobrás, disse que, pesquisador para cada 10 mil habitan nho que julgar mais conveniente.
por imposições contratuais, de 78 a 84, tes, "que é muito baixa mesmo se com A CBV, uma empresa que iniciou em
foram adquiridos do exterior 1.4 bilhões parada com outros países em desenvol 1956, com dois operários, hoje possui
de dólares, equivalentes a 15 mega vimento”. Quanto a uma solução para a 2.500 trabalhadores, 10 fábricas e pro
watts de energia "mas que serão neces tecnologia nacional, disse o técnico que duz desde brocas e "árvores de natal'
sários ainda 80 trilhões de cruzeiros em esta reside em três pontos: 1 ) — fazer para a indústria petrolífera até canhões’
obras diversas para instalar e colocar bom uso da capacidade existente atra e produtos de borracha moldada. Dentn
em operação estes equipamentos impor vés de uma política unificada; 2 ) — in outras, a CBV opera com tecnologia da
tados”. centivar a transferência universida Abex (m ancais), Demco (gaseifica-
de-indústria; 3) usar o poder de com dores), FMC, Smith (brocas) e Adams
pra do Estado para o fortalecimento da (válvulas) — importadas.
tecnologia interna.
Já do lado da indústria a opinião é de Conjuntura
que a geração e a importação de tecnolo
gia devem ser atividades combinadas. A
propósito, assim se expressou Paulo Di A indústria eletromecânica é de cu
nho estratégico porque ela é que equipa
o crescimento do resto da indústria. Dai
ser importante observar seu comporta •
mento que constitui uma avant-pre-
m iè re do comportamento do resto da in
dústria. Um passeio pela Feira e uma
conversa com os empresários, fossem
eles do setor de ferramentas, máquinas
operatrizes, engrenagens, plásticos, cal-
deraria, energia elétrica e outros, re
velou um sentimento comum — o mer
cado está se reativando — mas a maio
ria não sabe se é o caso de um simples
"verânico” ou se estamos diante de um
fenômeno de maior sustentação.
Como explica Newton de Mello, dire- ,
tor vice-presidente da Mello (retifica-
doras): — A partir de 79, a venda dos
bens de capital do tipo seriado começou
a cair, alcançando-se o auge da crise, em
83. A partir de agosto do ano passado o
mercado passou a reagir e procura vol
tar ao patamar que ostentava na década
de 70. O mesmo ponto de vista é espo
sado por Aldo Egídio, da Sul Mecânica,
ao observar que, em 84, o mercado de re-
tificadoras alcançou 72% do volume
existente em 1980.
Quanto às causas desse reaqueci-
mento as opiniões se dividem. A maioria
crê que o esforço exportador exigiu dos
fabricantes uma reposição do parque
produtivo "para poder competir com al
guma chance no mercado internacio
nal” . A prioridade do Governo para a
agricultura também é outro fator invo
cado pela necessidade da construção em
massa de máquinas agrícolas. E até
mesmo o fator psicológico do alvorecer
da Nova República é aventado como
causa do reaquecimento do setor eletro-
mecânico.