Page 31 - Telebrasil - Maio/Junho 1984
P. 31
Intrigado com a aparente complica
ção do sistema, o imperador perguntou
porque utilizar tantos samurais, ao in
vés de em pregar apenas um simples
mensageiro. Respondeu o sábio: "Cada
samurai ao fazer uma função que lhe é
própria, a fará de maneira muito mais
eficiente.” E, além do mais, como a cada
samurai do palácio corresponde outro de
igual função na mansão, uma alteração
Conceitos sim ilares com eçaram a que vier a ser proposta no futuro para
preocupar, na década de 60, os que se de determinado par de samurais não afe
dicaram ao estudo das redes para pro tará o resto da hierarquia e assim o sis
cessamento de dados. Essas redes de tema permanecerá flexível o aberto a
veriam ser transparentes para compu todo tipo de modificações e de melhora
tadores e suas aplicações. Uma das pri mentos.
meiras dificuldades a contornar foi tor No ano de 1978, a Organização Mun é o que assegura a ligação e controla o
nar compatíveis os diversos tipos de co dial de Padrões (ISO) adotava um mo fluxo dos dados e o nível de rede é onde
dificação existentes, então empregados delo de referência para a Interconexáo se transforma um enlace em vários ca
para tran sm itir-se dados e que iam de Sistemas Abertos (OSI) conhecido nais lógicos ern pacotes independentes.
desde o código Morse ao Baudot de cinco no jargão do meio por "m odelo OSI/ Dessa maneira se tem assegurada a pa
impulsos e aos Códigos Binários Sín ISO". Este modelo é estruturado em sete dronização dos níveis 1, 2 e 3.
cronos. níveis, sendo o mais alto o da aplicação Em termos de padronização dos ní
Por volta de 1974, a IBM lançou nos do usuário — o nível que "conversa com veis.superiores, a ISO já apresentou pro
Estados Unidos a Arquitetura de Siste o imperador”. posta para o nível quatro — transporte
mas (SNA), que organizava o funciona Os demais níveis subsequentes são — e também para os níveis mais altos
mento das redes de processamento de denominados: apresentação, sessão, encontrando-se o assunto em discussão.
dados, segundo uma hierarquia de di transporte, rede, enlace e físico. Os três "Redes fechadas, redes abertas, pa
versos níveis ou patam ares padroni primeiros níveis básicos são típicos da dronizações e interfaces universais”, o
zados. área de telecomunicações: o físico, o en assunto parece teórico e distante, porém
O funcionamento de uma rede com lace e o da rede, ao passo que os três últi afeta de maneira significativa o cami
sua lógica subdividida em níveis distin mos níveis — sessão, apresentação e nhar das telecomunicações. Existem
tos, pode ser m elhor apreendido pela aplicação — são mais voltados para área vários pontos sendo debatidos. Um deles
analogia com o denominado conto dos de processamento de dados. O nível qua reside, por exemplo, na adoção do mo
sete samurais. tro — transporte — pode ser considera delo centralizado — quem dispõe do
"Um imperador queria m anter um do como uma interface, entre o am mercado do computador central é que
serviço de mensagens confidenciais com biente das telecomunicações e o da in comanda o jogo e que conforme o caso
um nobre senhor situado nos confins de formática. pode até relegar a parte de comunica
sua ilha. Para tanto, chamou um sábio Voltando à importância da padroni ções e de terminais a um papel secun
para que instituisse um sistem a ade zação, ressalta em primeiro lugar sua dário.
quado. Este então requisitou um con aplicação nas ligações internacionais, Outro se refere à padronização dos
junto de sete samurais no palácio e ou seguindo-se as de longa distância e nas interfaces. A padronização do estágio de
tros tantos na mansão distante. locais. O CCITT — órgão da U IT — , den linha de uma central de comutação tem
O mais sofisticado samurai do palá tro da concepção do modelo OSI/ISO, poral, do tipo C PA, pode por exemplo
cio, disse ele, receberia a mensagem da adotou uma série de recomendações, en abrir o mercado para uma maior gama
mão do imperador, a fecharia num in tre as quais destaca-se a X.25 destinada de fornecedores e constitui um ponto de
vólucro acrescentando-lhe as instruções à rede de comunicação de dados por pa perene discussão.
necessárias e passaria o conjunto ao sa cotes. A X.25 é complementada por ou Independentemente dos interesses
murai subseqüente, que agiria de modo tras recomendações como a X.3, X.28 e em causa, é indiscutível a vantagem, a
similar até chegar ao samurai-cavaleiro X.29 que tratam da utilização deste tipo médio prazo, da padronização das redes
que depositaria o precioso fardo às por de rede por terminais que operam por digitais e de se dar preferência aos pa
tas da mansão distante. Lá chegando, modo "caracter a caracter” , como por drões da CCITT — uma entidade que,
outros sete samurais, operando em sen exemplo uma máquina telex. por bem ou por mal, reflete de certo
tido inverso, leriam as instruções que Permanecendo ainda no exemplo da modo a média dos interesses mundiais.
lhes eram destinadas, e rompendo os rede de pacotes, o nível físico está rela T T
selos e usando chaves próprias a seu ní cionado com as condições para a trans
vel de responsabilidade, chegariam até missão física de um sinal digital e é re
a mensagem a ser en tregu e pelo sa gido pelas recomendações X.21, X.24, *No caso do serviço telefônico o nó é a central do
murai mais graduado a seu senhor. X.26 e X.27 do CCITT. O nível de enlace bairro ou da localidade em apreço.
