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J. C. Vallim
No setor eletrônico a palavra de or sarial; 5) estímulo e assistência à forma
dem tem sido nacionalizar. Como náo ção de cooperativas; 6) orientação e am
--mos tecnologia própria, suficiente, paro à exportação; 7) defesa da pequena
lãcionalizamos o capital. empresa quer por leis antitruste, ou por
0 capital, no entanto, deixou de ser o assistência nas subcontratações; 8) estí
?meda política da empresa. Pelo menos mulo ao aprendizado de menores e cur
j que se conclui, com base nas opiniões sos profissionalizantes; 9) fornecimento
, de W. E. Demig, PhD, e Christopher S. de informações e orientação para o mer
Gray, também PhD, segundo artigo pu- cado; 10) formação e adaptação de
ilicado pela Revista News Week. Diz o gerentes especializados.
artigo: "Desde 1950 os acionistas têm O governo japonês está combatendo o
tido muito pouca voz ativa em determi miasma da estagnação com tratamento
nar a política na maioria das empre intensivo de "pequenas empresas”.
gas;..." já que "a direçáo é determinada Na Alemanha também as pequenas e
:elo presidente destas. Ênfase, por- médias empresas sáo estimuladas pelo
anto, é dada ao que é bom para a empre- governo e mesmo pelas grandes empre
:.e náo aquilo que torna os acionistas sas. Estas preferem subcontratar (zuli-
felizes”. erferung) a produção de componentes e
Este é um ângulo do problema. Veja subsistemas, por terem as pequenas em
mos outro: presas maior agilidade de adaptação à
Da publicação Tradescope (fev. e evolução técnica e à demanda. Éssas
abril 83) tiramos alguns dados sugesti modificações, quando efetivadas nas
vos. Dos 6,23 milhões de empresas exis grandes empresas, requerem de 3 a 5
tentes no Japão, 99,4% são pequenas e anos para proporcionarem lucros. Além
médias, que absorvem 81,4% da força de deste lado meramente econômico, as
trabalho e produzem 52% de todos os subcontratações somam experiência e
manufaturados, proporcionando 79% do conhecimentos técnicos, e dividem ris
comércio retalista. cos, o que as tornam grandemente atra
Sáo, portanto, as pequenas e médias tivas até mesmo porque são as pequenas
empresas que empregam a grande mai as que mais absorvem mão-de-obra
oria do trabalhador japonês e produzem (60% do todo).
a maior parte da economia daquele país. A participação governamental se faz
E da pequena e média empresa que as presente, notadamente na área de fi
grandes indústrias dependem pelos sub nanciamentos destinados à pesquisa,
contratos que necessitam. marketing e capitalização, através pro
Se as pequenas empresas forem afas gramas conhecidos pelas siglas ÉRP
tadas do mercado pelas grandes, rom (European Recovery Program) e KfW
per-se-iam as condições vitais para o pe (K reditanstalf für Wiederafbau), este
queno empreendimento, com sérios re mais conhecido como programa MI/MII,
flexos para a economia como um todo. destinado, principalmente, à adaptação
Pelas razões acima, a política japo das indústrias à crise energética. São
nesa tem amparado e estimulado a vi financiam entos de longo prazo (20
talidade e a competitividade da peque anos), com 10 anos de carência, a juros
na empresa. Não pelo espírito de prote baixos.
ção aos fracos, mas pela importância Outro auxílio governam ental —
que tais empreendimentos têm na com- RDA — se destina a reduzir custos em
plementação e suporte às grandes em pesquisas e desenvolvimento, e a assis
presas e no desenvolvimento do país. tência empresarial, notadamente na
Para apoio e estímulo à pequena em área de gerenciamento.
presa, o Governo do Japão proporciona: Se olharmos para o que acontece em
1) empréstimos a longo prazo; 2) incen nosso caso, podemos dizer que se asse
tivos fiscais e simplificações burocráti melha ao que ocorre na Gruta do Cão, na
cas; 3) arrendamento e/ou financia Itália, onde a atmosfera é imprópria aos
mento de novos equipamentos e moder pequenos que não recebem "oxigênio”
nização das técnicas de produção; 4) as do exterior e sedutora aos grandes, que
sistência e orientação técnica e empre passam incólumes.
'elebrasil. Julho/Agosto 83