Page 31 - Telebrasil - Julho/Agosto 1983

• Iv a n L e ã o J o rn a lis ta e C onsultor de E m p re s a s no Rio de Janeiro

Ao final da primeira quinzena de ju­

E C O N O M IA B R A S ILE IR A
nho o Governo Federal havia decidido

cortar Cr$ 2 trilhões dos orçamentos das
1983 1984
empresas estatais, medida adotada jun­

tamente com um pacote econômico de PIB — Geral (2.5) % 2,5%

corte de subsídios cujo principal objetivo Agricultura com c a fé .............................. 7,1 3,0

é conter o déficit público. No âmago da Agricultura sem c a fé .............................. 2,6 1.9

questão está uma complicada negocia­ Indústria — g e ra l .................................................. (2,8) 2,5

ção com o Fundo Monetário Internacio­ Indústria — m anufatura .............. (3.7) 1.9

nal (FMI), entidade para a qual o Go­ Serviços — qeral .................................................. (3.7) 2.3

Exportações ............................................................................ $21,4b. 23,5b.
verno havia prometido conter o déficit

Importações ............................................................................ 9 . 17,4 19,1
público em 8% do Produto Interno Bru­ 4,0 4.4

Balança comercial ...........................................
to. mas. já no final do primeiro quadri- Conta co rre n te ............................................................... (8.5) (8,3)

mestre do ano, ficava patente que este

déficit poderia alcançar Cr$ 10 trilhões FONTE: Wharton Econometric

ou até CrS 12 trilhões, representando

respectivamente 10% e 12% do PIB. O \ Wharton Econometrias prevê uni desempenho negativo du PWpura vstem we um superávit

náo cumprimento desta meta com o FMI comercial dcapcmts l 'S$ \ hilhôes, quando a meta e US$6 bilhões. As projeções também esta­
belecem um desempenho negativo do setor industrial.
representa o não recebimento das par­

celas de empréstimo combinadas em de­

zembro, estando previsto o recebimento

de US$ 411 milhões agora em julho. O

problema não é restrito a esta parcela de O R Ç A M E N T O S E S T P A R A 1 9 8 3 (0)

empréstimo, por si só mão muito expres­ (em Cr$ bilhões)

siva. mas, sem o aval do FMI, atestando

que a economia brasileira vai no rumo GASTO GASTO

EMPRESA INVESTIMENTO INVESTIMENTO GLOBAL GLOBAL
considerado correto, os bancos interna­ INICIAL AGORA INICIAL AGORA

cionais não se animam a discutir a rene-

gociaçcáo da dívida externa brasileira. Siderbrás 302,8 301,4 2.041,4 2.486,4

0 pacote econômico de junho decidiu Telebrás 494,5 475,0 1 180,5 1.316,2

cortar subsídios do crédito agrícola, da CVRD 442,0 388,4 1.052,2 1.114,0

compra de trigo e da conta petróleo, pro­ Eletrobrás 615,2 708,5 2.138,9 2.530,0

gramando um a eliminação gradual. Nuclebrás 172,9 147,7 295,0 328,1

Além dessa medida, de maior peso para Petrobrás 1.320,4 1.218,6 7.320,1 8.341,4

a economia, foram adotadas outras, en­ Itaipu 336,1 356,8 478,2 566,6
Portobrás 94,9 80,9 268,6 323,1

tre as quais podem ser destacadas: o au­ Rede F.F. 188,1 202,2 770,0 899,1

mento do imposto na rentabilidade das DNER 172,0 222,0 473,8 456,4

aplicações financeiras; a antecipação do

Imposto de Renda dos bancos e a suspen­ (*) Essas dez empresas da tabela representam 92% do orçamento de investimentos.

são do controle quantitativo do crédito à

Fonte: SEST
iniciativa privada. O fim dos subsídios

significaram de imediato o aumento dos Com os cortes anunciados as empresas estatais apresentam diminuição no investimento já

derivados do petróleo, demonstrando que, com a maxidesvalorizaçào do cruzeiro, os gastos com juros e amortizações de dividas au­

que o temido efeito inflacionário da me­ mentaram muito.

dida seria inevitável. No Rio de Janeiro,

a equipe de economistas que edita a re­

vista de análise Suma Econômica pre­ apenas nos índices dos salários e anun­ preços industriais passariam a ser tri­

via a inflação de 135% sem o pacote eco­ cia o estudo de novas fórmulas de evitar mestrais e náo mensais e que o teto do

nômico. Com o pacote a previsáo é de a inflação realim entada pelo próprio aumento passaria a ser de 80% da corre­

que a inflação poderá atingir os 200%. O sistema de correção. O assessor econô­ ção monetária e náo de 90% como vinha

economista Julian Chacel, presidente mico da Secretaria de Planejamento, Sr. sendo feito. Existia também a hipótese

do Instituto Brasileiro de Econohiia, in­ Akihiro Ikeda, informou de Brasília que do teto do aumento de preços ser consi­

formava à Gazeta Mercantil que a infla­ estava sendo considerado um expurgo, derado em funçáo do INPC.

ção de junho poderia perfeitamente ul­ aplicado de uma só vez, abrangendo to­

trapassar os 10,1% de março. dos os índices de preços. O assessor da

Diante dessa perspectiva o debate so­ Seplan informou também que este ex­ Déficit e desindexaçáo

bre a desindexação da economia ganhou purgo seria inferior a 5%. Ao lado desta

corpo. O Governo, através de porta-vo­ medida, o Conselho Interministerial de No debate sobre a desindexação exis­

zes da área política, mostrava a invia­ Preços (CIP) deveria baixar uma por­ tem os que pregam expurgo bem maior

bilidade de se promover desindexaçáo taria determinando que os reajustes dos que o anunciado pelo assessor da Se-