Page 94 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1982
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Instituto de Atividades Espaciais


















         Em entrevista concedida a Telebra-
       sil, o Major-Brigadeiro Hugo de Olivei­
       ra Piva, vice-diretor do Centro Técnico
       Aeroespacial, demonstra um tranquilo
       entusiasmo com o programa espacial
       brasileiro.  Afinal, desde que se formou
       em engenharia de aeronaves no Ita, em
       1958,  vem estudando e se dedicando a
       pesquisa de  foguetes. Criador, anima­
       dor e trabalhador do IAE, apoiado por
       sua  longa experiência,  acredita  "que
       náo se  pode ter medo de  sonhar”,  mas
       depois é  preciso  muita  transpiração
       para tornar o sonho uma realidade. Tem
       por princípio,  também, nunca estar sa­
       tisfeito com os resultados e acreditar fir­                        ?
       memente  que,  com  engenheiros  re­
       cém-formados do próprio Ita, com recur­
       sos financeiros e algum tempo, não há o
       que temer em  termos de desenvolvi­
       mento de tecnologia de lançadores.
         Para o Major-Brigadeiro Piva, a ne­
       cessidade de desenvolvimento de  tec­            7T
       nologia própria é  imprescindível, pois
       as informações sobre foguetes são clas­
       sificadas.  No entanto, os recursos  hu­
       manos brasileiros devem receber uma
       formação básica no exterior.
         Os foguetes, com todas as suas partes       _Ldih)
       com ponentes,  após  seu  desenvolvi­
       mento e aprovação, são entregues à in­
       dústria  nacional  para  fabricação.  E,
       ainda segundo o Major-Brigadeiro Piva,
       a indústria tem mais do que correspon­  Na foto acima, Major-Brigadeiro Hugo de Oliveira Piva,
       dido,  orgulhando-se  em  participar do   vice-diretor do Centro Técnico Aeroespacial, da Barreira do
       programa e muitas vezes aprimorando o   Inferno (RN). Em baixo,  uma sequência da série de foguetes
                                           brasileiros do tipo Sonda.  O Sonda II, com mais de 50
       projeto inicial.  A série de foguetes de­  lançamentos nos últimos 5 anos, envia 20 kg a  120 km e é
       senvolvida é a dos Sonda: I, II, III e IV, e   utilizado como 2 ° estágio (S-20) do Sonda III. Este, apresentando
       que culminará com o veículo lançador   15 vôos realizados, coloca 60 kg a 600 km de altitude, e o motor
       de satélite (VLSI,  que vai receber qua­  de seu 1° estágio (S-30) se constitui no motor do 2.° estágio do
       tro foguetes do tipo Sonda IV. será lan­  Sonda IV  O Sonda IV, com lançamento previsto para dezembro
       çado ainda nesta década.            de 1983, tem seu 1  ° estágio pilotado nos três eixos e se
         O Campo de lançamento dos foguetes   constituirá no motor básico (S-40) para o desenvolvimento do
       é o  de Barreira do  Inferno,  próximo  a   veículo lançador do primeiro satélite fabricado com tecnologia
                                         brasileira, cujo lançamento está previsto para 1989.  O veículo
       Natal, no Rio Grande do Norte.  Mas o   lançador de 40 toneladas terá 4 estágios empregando propelente
       maior centro espacial da América  La­  sólido  'composite”. O primeiro estágio será constituído de um
       tina  será  instalado em  Alcântara,  no   coiyunto de 4 motores S-40 — colocando 200 kg numa órbita
       Maranhão,  numa  área de  520 milhões      circular de 600 km de altura.
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