Page 9 - Telebrasil - Março/Abril 1982
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O computador utilizado a serviço da de dados já entrou na rotina diária,
Medicina não é mais um conto de ficção auxiliando o corpo médico de um hospital
científica, nem privilégio de uns poucos ou mesmo de clínica privada, no
centros de pesquisas em países mais diagnóstico de muitas moléstias em casos
evoluídos. Na realidade, o uso de técnicas difíceis ou mesmo impossíveis de
de processamento diagnosticar por outros meios.
O ramo da Medicina que prova bém pode ser registrada em um filme em muitos casos ela não é suficiente
para uma grande variedade de exames,
velmente mais tem se benefi
tipo raios-X (chapa radiográfica) ou em
ciado da versatilidade e poten uma tela de televisão. para discriminar alguma eventual al
cial de cálculo do computador é o da teração da normalidade. Além dessa li
Medicina Nuclear, através da análise É rotina diária em uma clínica de Medi mitação, as imagens obtidas pela câ
das imagens obtidas pela câmara de cina Nuclear efetuar cintigrafias de mara são como fotografias estáticas do
cintilação ou gama-câmara. O Hospital cérebro, fígado, rins, pulmões, ossos, órgão, ou seja, contêm somente infor
Universitário da Pontifícia Universi coração e outros órgãos, elândulas e te mação qualitativa e instantânea.
dade Católica de Porto Aleere acaba de cidos. Baseado no tamanho, na forma e
adquirir, para sua clínica de Medicina na posição da imagem do órgão, junta Em poucas palavras, o computador
Nuclear, um sistema constituído por mente com outros dados clínicos do pa acoplado à gama-câmara tem por obje
uma câmara de cintilação e um compu ciente, o médico tem condições de tivos básicos: 1) aprimorar as imagens
tador PDS (Processing an d Display diagnosticar tumores, cistos e uma fornecidas por esta, realçando detalhes
System), fabricados pela Philips. série de outras moléstias. de modo a discriminar alterações míni
mas da normalidade; 2) prover infor
Os radiofármacos Uso do computador mação não somente qualitativa, mas
também quantitativa, acerca da distri
Determinadas substâncias, quando in Embora a qualidade das imagens obti buição do radiofármaco no órgão sob
troduzidas no organismo humano, se das com a gama-câmara seja adequada exame; 3) prover informação dinâmica^
concentram preferencialmente em cer
tos órgãos ou tecidos, de acordo com
sua constituição química. A tais subs
tâncias, chamadas fármacos, podem-se
incorporar átomos radioativos, ou seja,
elementos químicos cujo núcleo emite
raios gama, idênticos aos raios-X. Ob
tém-se, desta forma, os radiofármacos.
A Medicina Nuclear se utiliza das ra
diações gama emitidas por esses nú
cleos para obter informações acerca da
estrutura e do estado funcional dos di
versos órgãos e tecidos do corpo hu
mano, administrando ao paciente uma
dose do radiofármaco, geralmente por
via endovenosa, suficientemente pe
quena para ser totalmente inofensiva.
A forma mais moderna de se obter tais
informações é através de um equipa
mento relativamente complexo, a ga
ma-câmara. Pode-se dizer, de maneira
simplista, que a gama-câmara é o equi
valente sofisticado da câmara fotográ
fica, que, ao invés de se utilizar da luz,
capta os raios gama provenientes do ór
gão que contém o radiofármaco e for
nece uma imagem fotográfica desse ór
gão em um filme tipo polaróide. Essa
imagem é chamada cintigrafia, e tam