Page 7 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1981
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Hervé Pedrosa não vê razões para esperar-se, como se aprimoramento estimulada pela competição ainda é ã
diz, até oito anos para a concretização do Projeto solução mais adequada”.
Trópico, compartilhando a opinião de Luís de Oliveira \
Machado, de que é possível acelerá-lo com a "Desde 73 se considerava a tecnologia temporal a
participação da indústria. Sob este aspecto, é "plataforma de lançamento" rumo ao futuro, e os
favorável à participação das indústrias que tomaram técnicos se empenharam em acelerar o
parte na concorrência cancelada, já que estas têm uma desenvolvimento da comutação digital. Essa aceleração
tradição de brasilidade já firmada; por isto, não vê tornou a tecnologia analógica obsoleta no prazo em que
necessidade de pedir-se ajuda a empresas as diversas fases da concorrência da Telebrás se
estrangeiras. desenvolviam. Como a tecnologia temporal requer a
digitalização do sistema, não havia maior sentido
Quanto ao índice de nacionalização dos componentes, técnico ou econômico em manter as duas técnicas".
Pedrosa afirma que "o setor de telecomunicações não é
o que mais pesa, pois representa apenas uns 10°/o do Assim o presidente da SESA, José L. Mafra,
uso de componentes. O restante é consumido por outros interpreta o cancelamento da concorrência das CPA
setores industriais. A escala é, por isso, ditada por espaciais, a qual, segundo ele, não está exatamente
esses outros setores, notadamente na área dos anulada, mas "diferida". Quanto aos gastos já feitos
produtos ditos domésticos. Devemos considerar ainda pelas empresas participantes, Mafra considera que
que, enquanto o custo dos componentes "eles fazem parte do risco. As grande empresas não se
eletromecânicos sobe, o dos microeletrônicos baixa. tornaram grandes por aceitarem somente retornos a
curto prazo. Esta é a regra normal do empresário.
Quanto à aceleração que demos com a implantação de
equipamento eletromecânico, e até mesmo CPA
analógico, vai acarretar dificuldades, mas o problema
de compatibilizaçáo de tecnologias está sendo
enfrentado em muitos países que nos precederam no
atendimento da demanda. Os pioneiros sempre pagam
mais caro...”
Hervé Pedrosa considera acertada, a esse estágio da técnica, a
decisão de cancelar a concorrência.
Além disso, a participação do software, que deve ser
nacional, se avulta. Lembro que países altamente
industrializados, e até mesmo grandes empresas,
preferem comprar certos componentes a produzi-los.
Padronizar e produzir tudo não costuma ser a melhor
solução. O Sistema Trópico tem razão de ser, precisa Mafra: enquanto a concorrência se desenvolvia, a tecnologia
ser estimulado e implementado, mas não analógica tornou-se obsoleta.
necessariamente como o sistema padrão, até mesmo
pelo prazo de espera, se outras razões não pudessem Para Mafra, o Projeto Trópico não irá inverter as
existir.” perspectivas de nacionalização já alcançadas em outros
tipos de equipamentos, já que "o grosso, no temporal,
Ao argumento de que a NTT padroniza seus não está no hardware, e, por isso, se computarmos o
equipamentos, Pedrosa contrapõe que "muito software, que representa em torno de BO°/o do valor
raramente (a NTT) chega a esse detalhe; o que a NTT total, e que não precisa ser importado a cada caso,
faz é definir parâmetros que viabilizem com maior veremos que o percentual importado não será alto
propriedade a operação e a industrialização. como parece à primeira vista. A espera tem,
Diferentemente da padronização, a busca do obviamente, seu aspecto desfavorável, mas contempla