Page 35 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1981
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Solon Benayon da Silva
Engenheiro
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Uma nova técnica para observar células vivas, lança mão da microscopia tistas da I.B.M. em Hamburgo, Ale
eletrônica e de Raios-X “moderados”. A mesma técnica pode ser empre manha, desenvolveram uma experiên
gada na fabricação de microcircuitos. cia pioneira na área da microscopia in
dustrial. Nesta experiência foram,
pela primeira vez, utilizados Raios X
para a varredura da amostra, gerados
por um Sincrotom eletrônico de 6 bi
lhões de volts, o que possibilitou al
cançar uma resolução da ordem de 100
Angstrons. Continuando na mesma li
nha de pesquisas, o dr. Richard A.
McCorkle, do laboratório da I.B.M.
em Yorktown Heighs, Nova York, in
ventou um novo tubo de raios X com
características interessantes.
Este tubo, que produz os chamados
Raios X “ moderados” , permitiu a ob
servação de detalhes da ordem de 300
Angstroms, sendo este valor limite im
posto somente pela qualidade dos ma
teriais sensíveis, hoje disponíveis. A
sua vantagem em relação ao uso do
Sincrotom está no pouco tempo de ex
posição durante o qual se precisa sub
meter a amostra, para uma completa
varredura. Enquanto para o Sincrotom
este tempo é de mais ou menos um mi
nuto, para o novo dispositivo ele passa
a ser de 100 nanosegundos.
Freqüentemente uma tecnologia, de O desenvolvimento e a fabricação de mi Este curto tempo de exposição ao qual
senvolvida com vistas a ser utilizada crocircuitos necessitam operações em a amostra é submetida, chamou a aten
em determinada área, encontra aplica campos visuais de mínimas dimensões, ção de pesquisadores da área de biolo
ção em outra área de natureza comple dimensões estas da ordem de 500 Angs- gia, interessados na microscopia de
tamente diferente daquela para a qual trons (1 Angstron = 1/10.000.000 do células vivas. Nesta área, os microscó
foi inicialmente concebida. Este fato milímetro). Por esta razão, as atividades pios eletrônicos vêm sendo largamente
tomou-se bem visível quando da im desenvolvidas nestes processos são im utilizados, permitindo inclusive uma
plementação do programa espacial possíveis de ser realizadas com o auxílio capacidade de análise mais alta do que
americano. Durante o program a, dos métodos comuns de observação. aquela obtida pelos Raios X. No en
várias tecnologias, criadas com a fi Para se ter uma idéia desta limitação, tanto, a necessidade de preparação das
nalidade específica de resolver proble basta considerar que um microscópio amostras e o longo tempo de exposi
mas diretamente a ele relacionados, ótico de ótima qualidade tem alcance su ção, durante o qual elas são mantidas
encontraram aplicações imediatas em ficiente para observar dimensões de até em líquidos apropriados, acabam por
outras áreas do conhecimento humano 5.000 Angstrons. Mesmo com a aplica matar suas células componentes, que,
que, “ a priori” , não se apresentaram ção de métodos especiais de microscopia mortas, apresentam uma estrutura to
como candidatas diretas aos seus bene ótica, como aqueles que utilizam a luz ul talmente alterada. Já com o novo tubo
fícios. Há poucos dias, este fenômeno travioleta para a varredura da amostra, do dr. McCorkle, devido ao curto
voltou a ocorrer, relacionando duas não se consegue uma definição adequada tempo de exposição necessário, isto
áreas de natureza bastante diferentes: a que permita uma observação razoável não mais ocorre, o que permite obser
microeletrônica e a biologia. desses diminutos campos. var as células vivas e em seu ambiente
natural.
O problema vem sendo pesquisado já
Este trabalho foi baseado em uma
Comunicação Técnica do Laboratório da IBM de há bastante tempo em várias entidades A técnica desenvolvida para observar
Yorktown Heighs, U.S.A. espalhadas por diversos países. Cien as células vivas resulta de uma compo-