Page 60 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1980
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T e l e s p O p e r a C e n t r a i s
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A partir de 1982, a Telesp começará a operar, deve ser cuidadosamente selecionado e pre Essa é a razão pela qual os técnicos terão um
em São Paulo, com as primeiras centrais eletrô parado para poder lidar com o novo tipo de treinamento especializado, no qual aprenderão
nicas de comutação telefônica — CP A. Uma equipamento” . álgebra, lógica, circuitos eletrônicos, e progra
delas já se encontra em funcionamento, ainda mação dos computadores das Centrais. “ No
em caráter experimental, na Central de Vila Enquanto na Central Eletromecânica conven começo” — acrescenta Lúcio Pires Sana —
Mariana e atende a 5.000 assinantes. cional os técnicos trabalham com ferro de sol “ ex istiu , em todos os lugares, medo de
dar, chave de parafusos c alicate, para instalar ‘enfrentar’ uma Central Eletrônica, porque não
Três tipos diferentes de Centrais Telefônicas ou modificar componentes, na CPA o trabalho c existe nela aquela atividade de ‘mão na massa',
operam em São Paulo. As mais antigas, do sis feito por meio dc um ‘ ‘diálogo' * com a Central, comum nas Centrais Eletromecânicas”
tema passo a passo, são eletromecânicas e da escrevendo clara e precisamente as instruções
tam da primeira metade do século. Operam com que a Central deverá cumprir. Contudo, a sensação de completo domínio e
comando direto, ou seja, as ligações vão sendo controle da CPA vem depois de algum tempo
estabelecidas à medida em que os números são “ Essas instruções” — explica Ary Nisenbaum de aprendizado e prática. A máquina responde a
discados. Atualmente, a cidade de São Paulo — “ são escritas através dc um teclado dc todas as ordens e instruções. Ativar um termi
conta com cerca de 160.000 terminais passo a teleimpressores ou terminais de vídeo e. na nal, bloquear um telefone, mudar um número,
passo. turalmente, precisam estar cm linguagem espe colocar um novo tronco cm serviço e muitas ou
cial para o computador. A máquina também tras atividades serão feitas nestas Centrais atra
O segundo tipo de Central, crossbar, foi inv dialoga. Ela responde, escrevendo uma serie dc vés da programação.
plantado há cerca de 20 anos. Seu sistema, tam informações relatórios, tudo na sua linguagem,
bém elctromecánico, opera com comando in que é entendida por técnicos".
direto, armazenando os algarismos discados em
registradoras. O ( PA é o terceiro tipo de central
existente, controlada por programas armazena
dos, e totalmentc eletrônica. Esse é um sistema
mais complexo, formado por memór ias nas
quais são colocados os programas (software)
( ’ada vez que a memória de uma ( entrai Netró
nica recebe um programa, cia está “ ensinada*1
a agir de acordo com cada caso líssa e a r azão • () pats que nao se preocupa com o domí
da expressão “ programa armazenado” . A ma nio dos recursos estratégicos da informação
neira de lidar com as ( ’entrais Eletrônicas c que utiliza corre o risco de tomar-se insupor
completamente diferente do modo do lidar com tavelmente controlado” . A afirmação é do
as Centrais Eletromecânicas. secretário-executivo da SEI, Joubert dc Oli
veira Brizida, que destacou que “esse con
trole é exercido através das telecomunica
Na CPA o trabalho é feito ções pelos interesses de grupos políticos e
econômicos, em países distantes das frontei
por um “diálogo ” com a Cen ras dos seus, e quase sempre alheios aos le
gítimos anseios e necessidades dos povos.''
tral atra vés de um teclado...
Observou que a preservação da identidade
cultural dos povos está ameaçada pelo pro
N um a C P A , o p ro g ra m a arm azen ad o cesso dc informatização: “ A informática
“ en sino u” previam ente à Central como sc não é neutra, isto é, traz impregnada em si a
comportar diante de todas as situações previsí cultura de quem a originou. O idioma, em
veis, e o computador da Central tem que tomar, seus aspectos sintáticos e semânticos, sofre
durante a realização das chamadas, grande rá extraordinária influência dos sistemas au
quantidade de decisões. Por isso, a Central d tomáticos de recuperação e serviços de in
chamada de “ inteligente” , pois sabe se com- formática. Tal efeito será uma das conse-
portar dentro daquilo ensinado. No entanto, qüências da produção da informação por es
qualquer condição que surja, diferente daquelas truturas de pensamento estranhas à cultura
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previstas, pode levar a situações em que a Cen que dela se utilizará.
tral se “ auto-bloqucia” , como se dissesse:
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“ isso você não me ensinou a fazer” . vida declarou que, em conseqiiencia, ‘ e
idainental que cada país e x e r ç a crítica so-
Nos Hstados l ínidos, as Centrais ( PA foram in : as informações — e, portanto, asdoutri
troduzidas há 15 anos, no Japão e Canadá há 10 i — que atravessam as fronteiras” , já que
anos. “ Nos primeiros anos de operação**, diz vsos hábitos, mesmo os mais corriquei-
lochio Imanishi, da Telesp, “ em todos os três i, podem e serão certamente m o d if ic a d o s
países houve problemas que foram soluciona o uso e acesso universal aos computa*
dos ao longo do tempo c hoje estão perf eita-
mente dominados. Um dos aspectos mais im
portantes foi o dc treinamento dc pessoal, que