Page 32 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1980
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empresas geradoras, os laboratórios de pesqui
sa e de desenvolvim ento, o mercado e o go
verno, a engenharia de sistemas e a indústria, Ao se decidir sobre tecnologia
aplicando-o para os casos do Japão, Estados
Unidos e Suécia. deve-se levar em conta a tec
nologia atual e a futura.
• O modelo brasileiro teria o planejamento, a
coordenação e o financiamento com a Tclebrás, (Cte. Luís Carlos Bahiana)
a operação e manutenção do sistema com as em
presas operadoras, c a política geral com o go
verno. Esses elementos, através da avaliação de
• Há que se dintinguir entre o desenvolvimento
oportunidades e de necessidades, fazem a enge
empresarial, estimulado pelo mercado, cujas
nharia de sistem as a nível da Telebrás e de
características são a flexibilidade técnica para
CPqD. As informações científicas c tecnológi
competir internacionalmente, e o desenvolvi
cas se transformam em pesquisa aplicada nas
mento estratégico estimulado pelo estado, que
universidades, e em desenvolvimentos explora
pode ter outras motivações além do mercado.
tórios no CPqD, traduzindo-se em desenvolvi
mento de equipamentos específicos, repassados Bahiana: para o B r a s i l , um modelo brasileiro
• Ao decidir sobre tecnologia, deve-se levar
à indústria, que fornece novos produtos aperfei
em conta a tecnologia existente e a futura, isto • Os modelos de desenvolvimento podem ser
çoados ao sistema das operadoras.
é, todo o ciclo de vida tecnológica. Observa-se desde o desenvolvimento empresarial com re
• Enquanto o CPqD não puder suprir o desen com frcqüência que quanto mais subdesenvol cursos próprios, até o desenvolvimento estraté
volvimento de equipamentos específicos, o que vido é um país, mais deseja utilizara última tec gico. com a participação da administração e das
deveria fazer com a participação de toda indús nologia. indústrias nacional e estrangeira.
tria radicada no Brasil, parte da engenharia dc
sistemas e de programas de pesquisas virão do Desenvolver tecnologia requer muitos rc- • O conferencista vê o comércio brasileiro
exterior, diretamente para as suas indústrias, curos humanos c financeiros, c. também, como um país emergente, com garantia dc um
com o conseqüente “ by-pass'' do desenvolvi tempo. Na Inglaterra, desde 1973, a Plesscy, mercado futuro, com poucas empresas interna
mento genuinamente, nacional. GTE, STC e GPO constituíram um grupo para o cionais de grande porte e pequenas e médias in
desenvolvimento do sistema X, cuja plena im dústrias nacionais, todas com seu parque indus
Deve-se discriminar a invenção, que é um plementação se fará sentira partir de 1985. Em trial. com capacidade ociosa. Constata a exis
processo criativo e individual, da inovação, que 1979, havia mais de mil engenheiros engajados tência de um CPqD e a inexistência de compo
visa, basicamente, converter idéias cm bens e no projeto, além do problema técnico e econô nentes eletrônicos. Julga que o CPqD é essen
produtos. É preciso, portanto, ter uma estrutura mico do que lazer com o novo investimento cial ao desenvolvimento do país, até por ser ca
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t
de conversão dc ciência em tecnologia e, ainda acc aos equipamentos existentes. paz de julgar a indústria e seus produtos e poder
mais importante, de obtenção de tecnologia a realizar pesquisa.
• Na França, o C NET levou quase dez anos
partir de própria tecnologia, que é a maneira
para inaugurar, em 1970, o sistema E-10 com ló
mais prática c económica dc se chegar a ino • O desenvolvimento estratégico deve ser efe
gica cabeada c agora esta desenvolvendo aCPA
vação. tuado no CPqD. mantendo-se o controle total
digital. A Thompson - CSF apresentou como
do modelo, que deve ser simples. O tempo não
herança da II I o sistema Metaconta, que ainda
O Brasil ainda c pobre cm inovação, que re éum fator essencial, visto que a tecnologia digi
não é uma CPA temporal. Na Suíça, em 1976,
quer um esforço cm grupo, sem ser pobre cm tal é a última de que se tem perspectiva. A in
foi conseguido um protótipo de 50 linhas de um
invenção. A falta deste esforço coletivo faz com dústria de componentes, esta sim, é essencial.
sistema temporal, esperando se, porém, que
que as invenções, aqui geradas, não alcancem o O problema, no entanto, não c ter ou não CPA.
somente no ano 2015 terá sido eliminada a úl
mercado. O mercado interno, apesar de cres mas sim prover o serviço de telecomunicações
tima central eletromccánica.
cente, ainda é restrito c para o mercado externo ao usuário.
não há tecnologia competitiva, gerando-se um ?
• Na Áustria, a Siemens, a H T e a Philips estão
círculo vicioso o qual é necessário quebrar, atra 8. Pesquisa e Desenvolvimento na Mini-
competindo para fornecer um sistema á prova
vés da montagem de uma estrutura de inovação Indústria
do futuro, ao passo que na Itália, funciona, com
que, agora, está sendo obtida com a criação do
ajuda do governo, o modelo Proteu, com uma
CPqD. • O cng." M. Rabello. diretor das Antenas Sta.
central em teste, em M i l ã o . Espera-se que o
Rita, disse que as indefinições e contradições
Finalizando, Oliveira Machado disse que as Proteu II, totalmente digital, esteja implantado do mercado pesam sobre a pequena indústria
perspectivas brasileiras são boas, tendo em até 1990. No Japão, a NTT, NEC, Hitashi c Fu- nacional e em face do governo controlar o mer
vista a existência de um modelo: o fortaleci jitsi estão desenvolvendo um grande esforço no cado e o financiamento deve assumir também o
mento dc empresa de capital nacional, a capaci sentido dc obter uma central digital. ônus de suas decisões.
tação adequada dos recursos humanos e o mer
cado em potencial. No entanto, é necessário que, • Cada país tem, portanto, o seu modelo pró • A indústria nacional de pequeno porte só faz
a seu ver, haja maior participação da indústria prio, tendo sido identificados 25 sistemas di alguma pesquisa e desenvolvimento por idea
na engenharia dc sistemas c nos contatos com o ferentes de comutação digital ou semi-digital, lismo, visto a escassez dc recursos e as dificul
CPqD, a fim de se criar mais realimentação in cm operação ou sendo desenvolvido. dades a enfrentar. O desenvolvimento de um
terna c externa no modelo existente. A manu simples módulo para microondas pode custar da
tenção da continuidade de política industrial foi ordem dc 200 mil dólares.
também ressaltada como elemento essencial de • O desenvolvimento dc tecnologia CPA é uma
A universidade, a indústria, os órgãos de fi
sucesso a médio prazo. tarefa complexa, sendo que um dos problemas
nanciamento e os centros de pesquisa do go
existentes é o do desenvolvimento do seu soft
verno constituem os principais elementos para
7. Desenvolvimento da Tecnologia - Possi ware. Só nos Estados Unidos existem 60 mil
realizar a pesquisa básica, a pesquisa aplicadae
bilidades e Limitações engenheiros de software. O número de instru
os desenvolvimentos experimentais c de enge
ções em uma CPA pode chegar a um milhão.
nharia.
• O modelo dc desenvolvimento tecnológico
para o Brasil deve ser brasileiro, afirmou o Ctc. • É evidente, pela observação do que acontece • A universidade tem recebido recursos inferi
Bahiana, ao iniciar sua exposição, visto que em outros países, que o desenvolvim ento de ores ao mínimo recomendado, com uma carga
nem todos os m odelos são bem -sucedidos, centrais CPA's requer tempo, recursos, gerên horária de ensino muito alta. mas com o total
mesmo nos países dc origem. cia e tecnologia. • desestimulo de pesquisa básica.